sábado, 13 de dezembro de 2008

Colorado pelo futebol

Das muitas entrevistas que o escritor Luis Fernando Verissimo já deu, em poucas ele fala tanto sobre futebol como agora. A paixão pelo Internacional (que vem desde criança até sua primeira experiência como avô), sua passionalidade com a Seleção e a difícil tarefa de falar sobre o arqui-rival Grêmio estão presentes nesse bate-papo de quem - e pra quem - gosta de futebol.

(charge: Baptistão)

FUTEBOL RACIONAL - Você tem tanto prazer em acompanhar futebol hoje como na época de Zico e Pelé? Na sua opinião, quais as principais diferenças daquela época para hoje, no futebol globalizado?

VERISSIMO - Eu era torcedor de arquibancada, hoje sou torcedor de televisão, e isso muda muita coisa. Da arquibancada do Maracanã vi o auge da época Pelé, mas na época Zico eu já não estava mais no Rio. Só tenho visto futebol ao vivo nas Copas. O jogo mudou, claro, mas não no essencial: continua sendo o esporte mais plasticamente bonito que existe, e isto se deve aos zicos e aos pelés, que continuam aparecendo. Ou pelo menos similares razoáveis.

FR - O que muda, na sua percepção do jogo, quando você deixa de ser um torcedor de arquibancada pra ser um torcedor de TV?

V - Em primeiro lugar, o óbvio: na televisão você vê muito mais o jogo do que estando lá, né? Nos estádios você sente mais o ambiente do jogo, mas em casa você vê o detalhe da câmera. Além de ser uma maneira mais cômoda de se ver futebol, também é uma maneira de se ver melhor um jogo. Não estou defendendo que as pessoas fiquem em casa vendo TV, sem ir ao estádio e participar da festa. Mas acho que a gente vê melhor na TV. Acho até que quando a gente vai ao estádio fica esperando a repetição do lance...

FR - Há pouco tempo houve uma polêmica com um juiz gaúcho, num jogo contra o Flamengo, de um pênalti que ele teria errado ao não dar. E só foi esclarecido que ele acertou quando foi mostrado um ângulo de uma câmera específica, por trás do lance. Como você vê essa relação da tecnologia com o futebol? Há quem diga que a FIFA é muito conservadora ao não aceitar isso. Até que ponto você acha que a tecnologia pode alterar o futebol?

V - É, lá nos Estados Unidos, nos jogos de futebol americano, usa-se muito a tecnologia. Eles param o jogo, um dos juízes vê o lance repetido, que pode mudar ou manter a decisão dele. Mas é claro que o futebol americano, entre outras coisas, é um esporte que tem muita bola parada, não é uma ação contínua como é o nosso futebol. Eu acho que só atrapalharia o jogo, então nesse caso eu sou conservador: não acho que o juiz deva assistir à repetição do lance. E o erro do juiz faz parte do futebol, faz parte do espetáculo.

FR - Qual jogador te leva a assistir a um jogo hoje? E por quê? Não vale dizer qualquer jogador do Internacional...

V - É sempre um prazer assistir na TV a um jogo do Manchester United ou qualquer outro da liga inglesa. Gosto muito daquele Seedorf, do Milan.

FR - O que te levou a gostar de futebol? E o que te levou a torcer pelo Inter, e não pelo Grêmio?

V - Gosto de futebol desde garoto, quando acompanhava pelo rádio. Na época o Inter era o super-campeão e o Grêmio tinha aquela coisa elitista de não aceitar jogador negro, etc. Hoje não tem mais isso. Como eu acabara de voltar dos Estados Unidos, onde tinha passado a Segunda Guerra Mundial e ajudado a derrotar os inimigos da democracia em batalhas imaginárias, não iria chegar em Porto Alegre e torcer pelo time dos alemães.

FR - E quando criança qual era o seu ídolo no futebol?

V - Tesourinha, ponta-direita do Internacional. Naquele tempo existia ponta-direita... Era um ótimo jogador, chegou a jogar na Seleção Brasileira. Depois foi pro Vasco e, na volta ao Rio Grande do Sul, jogou no Grêmio. Foi o primeiro negro a jogar lá.

FR - E mesmo ele tendo ido pro Grêmio você continuou gostando dele...
V - Sim, sim... Diz a lenda que ele nunca fez um gol no Internacional enquanto jogava no Grêmio.

FR - Qual o seu jogo inesquecível? E gol inesquecível?

V - O jogo Brasil e França na Copa de 86, que nós perdemos nos pênaltis. O gol do Figueroa no Cruzeiro, quando o Inter foi campeão brasileiro pela primeira vez (em 1975).

FR - O que você sentiu quando sua neta nasceu no dia do aniversário do Inter?

V - Pois é. Nasceu predestinada.

FR - Defina o Inter.

V - Melhor do mundo.

FR - Defina o Grêmio.

V - Bem. Sim. Não. Quer dizer...

FR - Teve um gostinho especial ser campeão do mundo em cima do Ronaldinho Gaúcho, ex-gremista? Por quê? Aliás, o que você acha de Ronaldinho Gaúcho?

V - Foi bom, foi bom. O Ronaldinho Gaucho foi um dos que naufragaram na Copa da Alemanha e só agora está, aos poucos, conseguindo chegar na praia.

FR - E agora, que o Inter ganhou todos os títulos possíveis? Como está a expectativa do torcedor?

V - É, eu até escrevi uma crônica que agora só nos resta ganharmos o campeonato do sistema solar, já que aqui na Terra ganhou tudo...

FR - O Internacional como clube, como instituição, tem alguma relação contigo, já te procuraram para alguma coisa promocional? Você escreveu um livro sobre a história dele...

V - Bom, o livro não foi iniciativa do clube, mas para o ano que vem, que é o centenário, já me convidaram para escrever. Vão editar um livro grande, com fotos antigas e novas, e me chamaram pra fazer o texto.

FR - Você, como gaúcho, gostou da escolha do ex-colorado Dunga para técnico da seleção? O que tem achado do trabalho dele?

V - Sou um dunguista de longa data. Acho que ele está indo mais ou menos, mais mais do que menos, tem errado e acertado. O grande problema é essa relação dos jogadores que jogam no exterior com a Seleção. Eles são estrelas milionárias e a torcida espera que eles se empenhem como um estreante que precisa provar seu valor. E isso atrapalha bastante a Seleção. Você vê o que jogadores como Kaká e Robinho fazem lá fora e a torcida espera que eles façam sempre isso. E eles estão muito preocupados com as próprias canelas, com a carreira, não se entregam ao jogo com o patriotismo que a torcida espera deles.

FR - Mas há quem diga que os jogadores que se empenham em campo o fazem para garantir lugar na vitrine que é a Seleção Brasileira. Você acha que o que a torcida espera deles é patriotismo, mesmo?

V - Acho que sim, porque a relação da torcida com a Seleção é passional, e a do jogador profissional não necessariamente é.

FR - O Inter hoje tem o Guiñazu, o Grêmio já teve o Dinho. Por que os times gaúchos sempre possuem um jogador especialista em ser violento que recebe grande admiração da torcida? E por que a torcida gosta?

V - Essa seria uma característica gaúcha mas os dois exemplos que você citou não são gaúchos. A torcida gosta porque o futebol se decide nas batalhas do meio-campo e ali tem que ser guerreiro. O futebol carioca tem andado por baixo, com algumas exceções, nestes anos todos porque não aceita isto muito bem.

FR - Mas você não acha que há uma confusão entre o jogador “guerreiro” e o jogador violento?

V -É, também é um pouco difícil de definir quando é que termina o jogo duro e começa a violência. Há aqueles jogadores que dizem “sou viril, mas não sou desleal”. Eu acho que ali no meio-campo o importante é ter a posse da bola, tirá-la do adversário, precisa ter um jogador preocupado com isso. Que, entre ser um jogador violento e tirar a bola do adversário, ele prefira tirar a bola do adversário.

FR - Qual a tua opinião sobre a realização da Copa 2014 no Brasil?

V - Acho que quem é apaixonado por futebol, como eu, tem que julgar mais pelo lado da paixão do que da razão, a gente quer ver uma Copa do Mundo aqui. Se formos pelo lado da razão, a última coisa que queremos é uma Copa do Mundo aqui, com todos os problemas que o país tem. Mas falando como torcedor, eu sou a favor, que venha a Copa.

FR - O que você indica na literatura futebolística?

V - Tudo do Mário Filho. E o livro do José Miguel Wisnik, "Remédio veneno". Ou é "Veneno remédio”? Enfim, é excelente.

Veja também Verissimo falando sobre cultura geral

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Tudo pela imagem

Ronaldo é mesmo um fenômeno. Por seus lances e gols na carreira, fenômeno do talento. Por sua volta triunfal na Copa 2002 após grave lesão, fenômeno da superação. Por sua coleção de mulheres (?), fenômeno conquistador. E agora, sem jogar, sem ter a pretensão de voltar a ser o melhor, sem nenhuma certeza à vista, fenômeno de marketing.

O Corinthians contratou nada menos que a onipresença midiática de Ronaldo e o fascínio que ele ainda exerce em boa parte da torcida brasileira (por que outro motivo a camisa 9 do Timão com o nome do jogador já se esgotou nas lojas?). Faz lembrar Garrincha, cheio de problemas no joelho e já decadente, que chegou a jogar no Parque São Jorge alguns jogos.

Os tempos eram outros, o Corinthians daquela época ainda pensava em contar com o futebol de Mané. Agora, não. Ronaldo pode andar em campo, ou fazer gols entregues por seus companheiros de mão beijada que já estará de bom tamanho. O mundo olha para o campeão da Série B e as cifras da exposição da marca acompanham.

Como pontuou um colega de trabalho, se houve algo que colaborou para a volta do Corinthians à elite, contando com o máximo apoio da torcida, foi a estratégia de marketing. Camisa roxa, camisa com a foto da torcida e tudo o mais para chamar a atenção e fazer o corintiano se sentir parte de tudo aquilo.

Logo, Ronaldo não está em time melhor para retornar aos gramados - porque dos holofotes ele nunca saiu. Resta saber onde termina a estratégia de comunicação e começa o futebol propriamente dito, que traz os títulos.

domingo, 7 de dezembro de 2008

O futebol também é justo

(Foto: Tom Dib - Lance!)

Normalmente o futebol, ao ser comparado com outros esportes, é classificado como um esporte que nem sempre é justo, onde o pior pode vencer o melhor. Mas ele também pode fazer justiça com quem trabalha direito. Não é por outro motivo que o São Paulo é hexacampeão brasileiro.

Enquanto todos os outros times aguardavam o tropeço dos adversários, ou ficavam na expectativa do que fariam em 2009 SE alcançassem seus objetivos, o São Paulo só olhava para si mesmo. Focava nos seus próprios esforços para chegar a seus objetivos. Ficou boa parte do tempo fora do G-4 e nunca contou com vacilos de seus rivais diretos - mas pensava em vencê-los sempre que tivesse oportunidade.

Portanto, sem alarde e sem dar nenhum tipo de vexame, o tricolor paulista chegou ao título, com justiça.

Quanto às vagas para a Libertadores, o Grêmio também fez por merecer. Só não levou o título porque, se formos analisar, tem um elenco e um técnico mais limitados que os do São Paulo. No entanto, a gauchada tricolor pode se orgulhar do time que praticamente não ficou abaixo do terceiro lugar por 38 rodadas.

Cruzeiro e Palmeiras devem dar graças a Deus, ou ao Flamengo, por estar na principal competição sul-americana de 2009. Os três times nunca demonstraram firmeza na busca pelo título, e a vaga na Libertadores parecia uma brincadeira de "batata quente" entre eles (se o rubro-negro carioca tivesse entrado no lugar de um dos outros dois, a avaliação seria a mesma).

Com a conquista da Copa Sul-Americana 2008 pelo Internacional, a competição ficou mais atraente para os times brasileiros. Goiás, Vitória e Coritiba merecem tal vaga. Os Atléticos (MG e PR) conseguiram um feito, já que tinham tudo pra seguir rumo à Série B. Botafogo (por tudo o que passou fora de campo) e Fluminense (graças a Renê Simões), também saíram no lucro.

A zona do rebaixamento também não teve ocupantes fora do normal (embora o Náutico também merecesse estar lá). Ipatinga, sem comentários; a Portuguesa contratou os jogadores necessários tarde demais; o Figueirense flerta com a Série B faz tempo; e o Vasco...

O que podemos dizer do cruzmaltino? Passou por uma brusca mudança de comando que mexeu com as estruturas do clube (inclusive as financeiras), não conseguiu montar um elenco com a mínima qualidade, e não foi feliz na escolha dos técnicos. Acho injusto culpar Roberto Dinamite, cujo trabalho (e de sua inexperiente diretoria) só poderá ser avaliado a partir de 2009.

Assim se encerra o Brasileirão 2008, um dos mais equilibrados que já houve. É hora dos dirigentes (e da torcida) olharem criticamente para os resultados finais do campeonato e não cometerem os mesmos erros. Mas isso não é nada garantido...

domingo, 30 de novembro de 2008

O campeonato da irregularidade generalizada


Só assim pra definirmos o Brasileirão 2008, que nem na penúltima rodada perde tal característica. E a tal da irregularidade é uma faca de dois gumes para o torcedor: se por um lado ela renova esperanças até então sepultadas, por outro é uma inesperada pontada no coração.

Veja o caso de Cruzeiro e Flamengo: qual das torcidas está mais irritada com a gangorra que seus times proporcionam em momentos decisivos? O rubro-negro vencia por 3 x 0 ainda no primeiro tempo, e permitiu o empate ao desinteressado Goiás. A Raposa, após superar o embalado Fla domingo passado, consegue a proeza de perder para os reservas do Internacional.

E o Palmeiras? Só um chocho 0 x 0 contra o Vitória. E olha que estamos falando de times que estão disputando centímetro a centímetro a vaga para a Libertadores. O que acontece com tais elencos? Será que o espírito da seriedade não é levado tão a sério? Ou o superdimensionamento do desempenho dessas equipes (quando vencem e quando perdem) é maior do que se pensava?

O Fluminense não facilitou para o São Paulo, e a torcida tricolor (paulista) fica "de orelha em pé" para a última rodada. Vai pegar o Goiás fora de casa e o Grêmio, que está a 3 pontos e com o mesmo número de vitórias, joga em casa com o imponderável Atlético-MG. Depois da euforia da semana (até permitiram festa dos torcedores no treino! E aí, Muricy?), resta saber se a experiência do elenco vai dar a tranqüilidade necessária na hora H.

Saudações ao Vasco, que venceu o Coritiba fora de casa, o que não é fácil. Pena que Figueirense e Náutico também venceram, e o cruzmaltino precisa garantir os 3 pontos em São Januário e ainda aguardar uma combinação de resultados pra se livrar do rebaixamento. Por Roberto Dinamite e pelo momento de renovação vascaína, é para o bem do futebol que o time permaneça na elite.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Inter só precisa de futebol


No jogo em que o Internacional derrubou uma invencibilidade de 43 jogos do Estudiantes no seu próprio campo, ficou nítido que o que faz falta ao futebol é o talento, não a violência. O carniceiro Guiñazu conseguiu a proeza de tomar 2 cartões amarelos em 24 minutos de jogo, e foi corretamente expulso. E o volante fez falta ao Colorado? Que nada!

Claro que o técnico Tite teve que reposicionar jogadores em função do que tinha armado antes da partida - sacrificando D'Alessandro, por exemplo, na lateral-direita. Mas mesmo sacrificado o argentino deu belo passe pra Nilmar, que sofreu o pênalti decisivo. Alex cobrou 2 vezes com maestria.

O Inter jogou com consciência e tranqüilidade, mas dependendo sempre da segurança do goleiro Lauro, da boa marcação de Álvaro e Marcão, e da qualidade dos passes e colocação de D'Alessandro e Nilmar. Alex nem precisou jogar o que sabe pro Estudiantes se desesperar.

Repito: que falta fez o futebol de Guiñazu ao Colorado? Nenhuma, pois ali não existe futebol, só pancadaria. Por que os times gaúchos têm essa necessidade de um açogueiro no meio-campo? Dinho é ídolo por lá.

***
A ESPN Brasil conseguiu um novo ângulo do lance entre Diego Tardelli e Léo Fortunato. Veja e tente chegar a uma conclusão. Eu agora acho que NÃO FOI PÊNALTI. Kleber Leite, o Cesar Maia do Fla, vê seu factóide contra Simon desmoronar. Tanto é que nem fala mais sobre o assunto.

Simon perdeu pontos para Portuguesa, Atlético-MG e Vitória em casa? Simon vendeu Marcinho, que caminhava pra ser o craque do campeonato? Pensam que os torcedores são idiotas. Talvez alguns sejam, pra caírem nessa esparrela...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A Braga o que é de Simon

No último post ressaltei que se o lance com Diego Tardelli fosse no meio de campo, o árbitro Carlos Eugenio Simon teria dado falta. Continuo com essa impressão.

No entanto, para que seja feita justiça e dar aos leitores deste blog a experiência jornalística de ouvir o outro lado, recomendo a lúcida entrevista de Simon ao GloboEsporte.com.

Percebam que Simon não fala com a empáfia dos arrogantes e responde um a um os questionamentos apresentados. Afirma que fez o dever de casa de rever o lance - o que, a seu ver, só confirmou a decisão tomada.

É muito mais fácil para nós (e para os comentaristas televisivos de arbitragem) afirmar, após um milhão de replays em câmera lenta, que o árbitro errou. Simon, de cara pro lance e se colocando contra a maior torcida do Brasil, não titubeou. Veja como ele na mesma hora já toma a decisão, categoricamente, de não marcar a penalidade. Foi uma escolha numa fração de segundo.

Sim, Tardelli pode ter pisado na bola; não sei se Léo Fortunato não encostou (as imagens não deixam claro, mas o braço do zagueiro pode ter deslocado o atacante); não penso que devemos imaginar o lance sem um dos jogadores envolvidos, como coloca Simon. Mas também não penso, após a entrevista, que o juiz estivesse mal-intencionado ou sem técnica. Vi na entrevista de Simon humildade e segurança. É a minha opinião.

Os dirigentes de futebol (como bem colocou Alex Escobar, do SporTV) só devem ser levados a sério após episódios como esse se admitirem quando forem beneficiados por erros do juiz. Kleber Leite pode fazer e acontecer (marqueteiramente, como é do seu feitio), mas também deve ser enquadrado nessa condição.


Enquanto Simon não foge das polêmicas (nem da possibilidade inerente de falhar), veja o caso de Marcio Braga, presidente do time prejudicado da vez. Em outra entrevista, também ao GloboEsporte.com, ele diz que o Flamengo precisa de estrutura e valorizar os talentos da casa. Segundo ele, o São Paulo é um exemplo, inclusive, por ter o seu próprio Centro de Treinamento (CT).

Agora eu me pergunto: em sua terceira passagem na presidência do clube, por que até hoje o Flamengo não tem nada disso? Quem contratou os jogadores na janela de transferências (cuja maioria está no time reserva)? Como o clube de maior torcida, maior bilheteria, maior exposição na TV, maior patrocínio e maiores cotas de transmissão não tem sequer um CT?

E é incrível a capacidade do presidente em falar como se ele não tivesse nada a ver com o assunto. Braga, em nenhum momento, tem a mesma postura de Simon em relação às suas responsabilidades.

De maneira que a nação rubro-negra está muito bem arranjada... E quanto a isso (a falta de um comando decente), não adianta culpar o juiz.

domingo, 23 de novembro de 2008

E o coração, vai bem?

Apenas me responda: se o lance entre Diego Tardelli e o zagueiro cruzeirense tivesse acontecido no meio de campo, o juiz teria deixado o jogo correr?

Comecei logo pelo lance mais polêmico da rodada, quando Carlos Eugenio Simon colecionou mais um erro que deixará uma torcida furiosa. Mas o Flamengo perdeu o jogo por causa desse erro? Claro que não.

A saída de Airton (o marcador mais lúcido do time) ainda no primeiro tempo bagunçou o sistema defensivo. Leo Moura, em mais uma atuação terrível, deixou todos os espaços possíveis nas suas costas (por lá saíram dois gols do Cruzeiro). Kléberson reclama que é injustiçado, mas não consegue repetir boas atuações - hoje, sumiu em campo.

O time mineiro não é lá essas coisas, principalmente sem Guilherme e Wagner: a quantidade de contra-ataques desperdiçados na finalização foi de doer. Mas tinha Ramires, um volante modelo para o futebol: marca, cria e faz gol. Ele fez a diferença num jogo que parecia final de campeonato.

Tardelli, apesar do longo tempo fora, foi uma boa opção no fim das contas. Se Fábio não defende aquela bola... Defendeu, e o esquentado atacante ainda deu um jeito de ser expulso ridiculamente. É o André Luís do Flamengo.

Depois do embate no Mineirão, era só o Palmeiras fazer o óbvio para voltar ao G-4: derrotar o último colocado do campeonato em casa. Feito. Pode ter carimbado sua vaga na Libertadores.

Outro jogo com cara de final (por motivos opostos entre os times) foi Vasco x São Paulo. A torcida lotou São Januário, o time jogou com raça mas o tricolor paulista é osso duro de roer. Venceu sem piedade, a começar pelo milagreiro Rogério Ceni. E a postura de Muricy Ramalho é um dos pilares dessa frieza são-paulina.

Hugo, o homem que faz gol em todos os jogos, não fugiu da responsabilidade. Edmundo perdeu um gol que poderia ter mudado o jogo. Mas a verdade é que o resultado final não foi surpresa. Ambos os times podem ter selado seus destinos a duas rodadas do fim do Brasileirão.

Mas a torcida que deve estar furiosa mesmo é a do Grêmio. Um candidato ao título não pode perder de 4 a essa altura. Ainda mais para o Vitória, que não tem mais ambições no campeonato. O rubro-negro baiano parece ter comprado a briga do técnico Vagner Mancini, demitido invicto do tricolor gaúcho no começo do ano.

O Fluminense também fez a sua parte: venceu o time reserva do Internacional, fora de casa. Se Renê Simões tivesse chegado antes... Mas será que o tricolor carioca vai ser o arroz de festa do tricolor paulista, domingo que vem?

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Loucos do futebol

Em coletivo do Flamengo hoje à tarde, Ibson fez o gol da vitória e Diego Tardelli treinou entre os reservas. O atacante-sem-cabeça pode ser relacionado para o banco de reservas.

Não inventa, Caio Júnior... Faltam só 3 jogos, você pode ter encontrado a formação ideal para o Fla e quer colocar um sujeito completamente sem ritmo (de jogo e de momento do campeonato) para ser opção? É por essas que a torcida não leva fé para 2009.

Enquanto isso, Fluminense e Flamengo, times que sofrem para pagar salários atrasados (quando não têm suas receitas penhoradas na Justiça) anunciam "conversas" com Adriano, atacante da Inter de Milão. Se você, torcedor, acredita nessas falsas esperanças, me desculpe: você é um imbecil.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Agoniza, mas não morre


Ainda existe vida no futebol brasileiro! Vida inteligente e talentosa. Os 6 x 2 não foram contra a Venezuela, o Qatar ou qualquer adversário-Nike da ocasião. Foi contra Portugal, em noite nada inspirada de Cristiano Ronaldo.

Sim, a seleção portuguesa ainda não se firmou com seu novo treinador; sim, o favorito a melhor do mundo não jogou nada; sim, era um amistoso. Mas a gente está tão acostumado a falar mal da Seleção Brasileira (com razão), que precisamos comemorar quando vemos um banquete. Principalmente pelo fato de que o futebol nacional, apesar de tudo, ainda consegue produzir banquetes.

Robinho estava, como se dizia antigamente, "encapetado". Luís Fabiano segue mostrando que a Seleção tem centroavante sim, e se Adriano levar a sério sua carreira, tem vaga garantida no elenco também. Elano parece o jogador que Dunga sonhava ser: defensor e atacante quando preciso, sem comprometer o esquema tático. E ainda temos Kaká.

Não é pra achar que os problemas da Seleção acabaram devido a um bom resultado. Ainda acho Dunga limitado para mudar o jogo quando as coisas não vão bem. Mas temos talento, e uma conquista (ainda que pequena) foi conseguida: Josué foi barrado.

Fico pensando no dilema da CBF: quando tudo está "no papo" para demitirem Dunga, algo acontece que interrompe o clima de "fritadeira": a vitória contra o Chile, fora de casa, após as Olimpíadas; a vitória de ontem, após o jejum de gols.

E outra: bem ou mal, Dunga já tem uma base formada, que vai se conhecendo melhor a cada reencontro. Será que um novo treinador vai recomeçar tudo? Fala-se em Luxemburgo e Muricy. Só que ambos são bons treinadores porque, cada um a seu modo, investe no treinamento diário da equipe, coisa que um treinador de Seleção não tem condições de fazer.

Mas a verdade é que o Brasil está praticamente classificado para a Copa 2010, pela fraqueza de seus adversários. Mesmo que Paraguai e Argentina cheguem na frente, são cinco vagas. Qualquer técnico classificaria a Seleção, mas será que confiam em Dunga para uma preparação para a Copa, e sua disputa? Ele se mostra tranqüilo quanto ao cargo. A imprensa excita-se com um novo nome, e inflama a torcida quando esta se esquece de hostilizar Dunga. A conferir...

domingo, 16 de novembro de 2008

Esperanças justificadas?

Rodada quente no Brasileirão! Este blogueiro pôde assistir ao vivo Flamengo 5 x 2 Palmeiras e pode dizer, de cadeira, que foi a melhor apresentação do rubro-negro no campeonato, considerando que jogou contra um forte adversário direto.

Caio Júnior pode ter encontrado a formação ideal para o Fla: além da defesa de sempre (Bruno, Leo Moura, Fabio Luciano, Angelim e Juan), ele colocou Airton e Jailton pra serem os "cães de guarda" e liberou Kléberson e Ibson para atacar, embora ambos tenham noção de diminuir espaços para o adversário. Com Obina de pivô e Marcelinho Paraíba completando o ataque, o time jogou como um conjunto, pela primeira vez.

E o contra-ataque é, de longe, o ponto mais forte do Fla, que mesmo na correria conseguiu tocar a bola com a paciência devida para golear o Palmeiras. Não sei se Luxemburgo esperava essa arrumação toda do time da Gávea, e só Kléber produzia alguma coisa de útil no Verdão. O resultado não foi absurdo.

Só que o São Paulo não dorme em serviço e venceu de novo, dessa vez o Figueirense. Todos os outros adversários diretos serão vascaínos domingo que vem, pois se há um jogo que seria perfeitamente normal o tricolor perder, seria este. Lá vem o Vasco, em casa, precisando da vitória que, conforme fontes paulistas, já está botando medo na torcida do Morumbi...

O Grêmio também não quer mais perder viagem e tratou de fazer o dever de casa contra o Coritiba. Decepcionante foi o Cruzeiro, que não dá confiança a seu torcedor. A essa altura, perder do Náutico de goleada? Parece que falta concentração ao time de Adilson Batista quando ele mais precisa.

O Fluminense respira mais uma vez, com Washington voltando a marcar. Após o fracasso na Libertadores e a ida de Thiago Neves para o futebol alemão, é ele quem encarna o espírito tricolor da reação. Com o Coração Valente de bem com a vida o Flu se livra.

O Botafogo coleciona mais uma derrota, mais episódios de descontrole... A nova diretoria precisa tirar essa fama do elenco alvinegro, e isso passa por... renovar o elenco! Jogadores desgastados com a torcida e/ou desmotivados não vão levar o time à disputa de títulos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Quem esperava por essa?

Na véspera do jogo um atleticano me disse: "O Atlético está engasgado porque o jogo contra o Vasco rebaixou o time para Série B do Brasileirão, há 3 anos" (as torcidas são aliadas). Em dado momento da goleada ouvia-se do Mineirão o samba "Você pagou com traição/A quem sempre te deu a mão".

Pra quem pensava que o Atlético-MG ia cumprir tabela, enganou-se. Pra quem pensava que o Vasco ia confirmar sua ascensão vencendo fora de casa outro bom adversário, pior ainda. A bola não chegava a Edmundo, Leandro Amaral foi desastroso e a defesa (de novo a mais vazada) cometeu um pênalti infantil. O Galo, com contra-ataques fulminantes, não deu chance.

E o Flamengo quer levar Renato Gaúcho, após mais uma "aula de ignorância" sobre armar um time?

Outra notícia que deve ter pego muita gente no Botafogo de surpresa foi Carlos Alberto resolver entrar na justiça contra o clube. Bebeto de Freitas, que de fato reestruturou o clube (mas não afastou Montenegro), pode se explicar à vontade. Mas foi mais um episódio que revela a miséria em que os demais clubes brasileiros se encontram.

Se os jogadores, de uma vez por todas, resolvessem se unir e fazer greve diante de tais absurdos (falta de pagamento por 3 meses, não depositar FGTS e benefícios etc), como seria a reação? A torcida ficaria contra os "mercenários"?

Isso nada mais é do que o desejo insano dos dirigentes de viver num mundo surreal, em que jogadores medíocres recebem salários astronômicos (da casa dos 100 mil reais pra cima) e os clubes não se estruturam no profissionalismo.

Quer outro exemplo? Gamarra, zagueiro paraguaio que nem ficou uma temporada inteira no Fla, entrou na justiça contra o clube. Como a dívida era em dólar, o valor já passa dos US$ 5 milhões...

domingo, 9 de novembro de 2008

Despreparo, desinteresse, desobediência

Como este blog não foge da raia, entro logo de sola: só vi dois lances de Botafogo 0 x 1 Flamengo. O pênalti não marcado em cima de Jorge Henrique e o pênalti marcado em cima de Ibson, convertido em gol por Kléberson (que bateu mal).

Tudo começou errado a partir da escalação do árbitro da polêmica final da Taça Guanabara, Marcelo de Lima Henrique. O imaginário coletivo da torcida e dos jogadores já estava "pilhado" antes da partida, na dúvida sobre qual seria a polêmica da vez. Não dá pra entrar com o clima assim.

Pois aos 30 segundos Bruno deu um "rapa" em Jorge Henrique, encostando de leve na bola. O juiz não marcou. Além de todo o histórico, o fato de Jorge Henrique ser um "cai-cai" contumaz (como era Sávio, no Fla dos anos 90) não ajudou.

Mas se os alvinegros quiserem reclamar mesmo de alguém, deve ser com o goleiro Renan. Preservem o garoto cobrando na medida certa, como bem colocou meu amigo André, no comentário do jogo contra o Estudiantes. Pênalti mirim que deu a vitória ao Fla, cuja inabilidade em fazer gols é cada vez maior.

Cruzeiro e Fluminense fizeram um jogo chaaaaaato, desinteressante. Nem parecia que a Raposa lutava pela liderança e o tricolor, contra o rebaixamento. Ninguém corria em campo, era desanimador assistir 22 cadáveres ambulantes.

No fim, o castigo para o Flu, que não pode se dar ao luxo de jogar sem gana de vencer. O empate do Náutico deixa o time fora da zona de rebaixamento, além do Vasco - embora só cruzmaltino mereça esse alívio, por ter feito (e desejado fazer) sua parte nessa rodada.

E o Palmeiras, hein? Bateu o desespero geral depois do gol do Grêmio, a ponto do experiente Marcos desobedecer descaradamente Luxemburgo (e o bom senso) ao se lançar ao ataque a cada bola parada.

Sei não, há algo de estranho nessa história, o clima não deve estar dos melhores no Palestra Itália. O tricolor gaúcho consegue mais 3 pontos jogando aquele mesmo futebol sem graça.

Olha o título ali!


Como sempre, a Portuguesa deu trabalho ao visitante da vez, mas o São Paulo saiu do Canindé com 3 pontos a mais. O que se destaca no time tricolor é a coletividade acima de tudo, parece um "esquadrão socialista". Não existe "o" craque, "a" referência, sem a qual o modo de jogar desanda. Antes de qualquer coisa, o São Paulo possui um time de operários dos pontos corridos, e isso é reforçado pelo "chefe" Muricy.

Não foi à toa que André Dias explicou assim o sucesso são-paulino: "Aqui não temos estrelas". Para o bem e para o mal, a afirmação está correta. Faço minhas as palavras do ranzinza, porém vital Fernando Calazans: o São Paulo é um time competente que não dá vexame, ao contrário de todos os outros 19 concorrentes. A taça já dobra a esquina do Morumbi.

O Vasco vai construindo uma história à parte nessa reta final do Brasileirão. Os vascaínos, os que torcem contra e os curiosos que querem saber onde essa reação vai dar acompanham o time da colina, que não disputa o título nem apresenta um futebol de chamar holofotes.

Edmundo sobe novos degraus no panteão dos deuses de São Januário, pois até do banco consegue salvar o time. E botem na conta do jovem Rafael boa parte dessa reação, pois finalmente o Vasco tem um bom goleiro que não se afoba na primeira dificuldade.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

É assim que tem que ser

Não estava nos meus planos assistir a Boca Juniors x Internacional ontem, pela Copa Sul-Americana. A falta de opções na TV me levou à transmissão, e não me arrependi. Os dois times fizeram um ótimo jogo, com tudo que uma partida de futebol deve ter pra valer o ingresso.

Primeiro, porque não houve catimba: os argentinos estavam atrás no placar e não podiam perder tempo. E mesmo sendo o time de garotos do Boca, a atitude era a mesma dos veteranos: técnica (principalmente nos passes), raça e muita disposição.

O Inter não ficou atrás, pois em nenhum momento abdicou de tentar o gol. Destaque para o goleiro Lauro, que estava iluminado e também armou vários contra-ataques na reposição de bola. Além de Alex, D'Alessandro e Nilmar, que não descansaram em infernizar o Boca. Não dá pra entender como um time desses não deslanchou no Brasileirão.

2 x 1 pro Colorado, em plena Bombonera, num jogo de muita correria em busca do resultado, sem enrolação. E Alex ainda protagonizou o lance mais sonhado por quem vai jogar qualquer pelada: "canetou", isto é, colocou a bola entre as pernas do argentino Figueroa, que caiu sentado. O Inter tem tudo pra ser campeão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

São tantas emoções...

De novo o Botafogo dá adeus à Copa Sul-Americana. Os 2 x 0 na Argentina foram decisivos para a partida do Rio, mas não se pode negar que o time lutou muito, mesmo após levar o primeiro gol logo aos 3 minutos de jogo.

No entanto, mais uma vez o desquilíbrio emocional surgiu, mesmo que dessa vez não tenha sido o responsável pela eliminação. E de onde vem esse histórico de imaturidade do Botafogo? Pode-se achar várias causas, mas o exemplo (e a direção) sempre vem de cima, de quem dirige o clube.

Carlos Augusto Montenegro, que dá as cartas há muito em General Severiano, é conhecidamente destemperado. Depois do primeiro jogo contra o Estudiantes já disse que o ano tinha acabado para o time - mesmo com a possibilidade da vaga na Libertadores e de reverter o resultado da Sul-Americana.

Carlos Alberto, com todos os defeitos que pode ter, relatou um fato que Montenegro adoraria ter despistado em meio a seus faniquitos: os salários do clube estão atrasados há três meses. Logo, quem estava sendo mais profissional: os atletas, que faziam boa campanha mesmo com o bolso vazio; ou o dirigente, que não consegue cumprir a mais básica das suas obrigações?

Portanto, xingar o elenco de mercenário, como foi feito ontem pela torcida, não corresponde à realidade. E por que Montenegro, que é diretor do Ibope, não encomenda uma pesquisa junto aos botafoguenses para saber se ainda é desejado por lá?

***

Ainda falando sobre equilíbrio emocional, não dá pra deixar de citar o São Paulo. O time só chegou à liderança do Brasileirão faltando cinco rodadas para o final. E nada indica que sairá de tal posto.

Méritos, muitos méritos para Muricy Ramalho, que nunca deixou a peteca da seriedade cair. O espírito do oba-oba nunca pousou no Morumbi, e cada jogador do time entende isso muito bem. Mesmo no momento em que vira líder, trabalham como se estivessem lutando contra o rebaixamento.

E os demais torcedores têm que ouvir, quietinhos, a frase emblemática de Rogério Ceni: "Não dá, para um time que disputou Libertadores cinco anos seguidos, voltar a jogar a Copa do Brasil".

domingo, 19 de outubro de 2008

Uma rodada agitada


Os times resolveram atacar e jogar tudo nessa rodada. Quem está lá em cima, quem está na "masmorra"... O que se viu nesse domingo foram partidas emocionantes e com muitos gols - tudo o que a torcida quer.

O Fluminense não se intimidou diante do Vitória e virou o jogo com maturidade. Mas muitos erros nas finalizações prejudicaram, além de 2 pênaltis não marcados pelo fraco juiz. Renê Simões falou certinho: não adianta reclamar, o negócio é acertar quando tem a oportunidade.

Com Arouca mais liberado, o tricolor ganha mais ofensividade. Mesmo tendo voltado à zona de rebaixamento, parece que começa a se reerguer para terminar o ano na primeira divisão. O que não se pode dizer da Portuguesa, que fez a alegria da galera ao vencer o líder Grêmio. Regularidade não é o forte da Lusa.

O São Paulo tanto reclamou do juiz antes da partida e, ao final, quem saiu beneficiado foi o tricolor. Alex Mineiro cabeceou e a bola bateu dentro do gol de Rogério Ceni, mas não foi assinalado. Depois de estar perdendo por 2 x 0, o Palmeiras foi na raça e no talento: o drible de Denílson no primeiro gol, deixando o zagueiro são-paulino deitado, valeu o ingresso.

Quem gostou do empate paulista foi o Flamengo - que penou, mas venceu o lanterna Vasco da Gama. Conforme assinalado no último post, Obina conta com o imponderável, e só com ele naquela bola o zagueiro vascaíno faria contra.

Mesmo sendo um jogo cheio de emoção, foi impressionante a quantidade de passes errados das duas equipes (a única jogada com passes certos resultou em gol). E Fábio Luciano, nas duas faltas de cartão, confirmou o que disse Alex Teixeira: a zaga do Fla é lenta. Aírton é muito mais sereno do que boa parte do time, e não merece sair. E tomara que Wagner Diniz tenha voltado pra ficar, o Vasco precisa dele.

O Goiás beliscou a sexta posição, mas deixou o Coritiba empatar. O Cruzeiro fez a parte dele e permanece em segundo, a um ponto do Grêmio (assim como o Palmeiras).

O equilíbrio do campeonato é a alma do negócio. Não duvido que seja esse fôlego suspenso até o final. Mas vai terminar na frente quem tiver os nervos no lugar para jogar de acordo com a rodada e o espírito da partida. Nesse ponto, Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e São Paulo têm tudo pra seguir no G-4 até o fim.

sábado, 18 de outubro de 2008

As esperanças vão morrendo...

O Botafogo tinha a esperança de sonhar brigar pelo título se ganhasse em casa do Santos (que tinha o sério desfalque de Kléber Pereira). Mas resolveu seguir os passos do Flamengo e perdeu, num jogo em que o goleiro Renan só não fez chover - e não merece as vaias pela falha no gol do Peixe.

O São Paulo agradece, mas tem pela frente o rival Palmeiras, em disputa mais que direta dentro do G-4. Um empate não desagradaria aos dois, mas a sede de chegar perto do Grêmio vai falar alto. Tem tudo pra ser um dos melhores jogos do Campeonato.

O empate também animaria a dupla paulista diante da crise de confiança que se abalou sobre o Flamengo, quinto colocado. Atacantes que não são municiados devidamente pelo meio-campo não podem ser execrados. Mas assim faz Caio Júnior, ao propor a volta do folclórico (e irritante) Obina ao time titular. Talvez Josiel e Vandinho não contem com o imponderável, ao contrário do "deficiente" baiano...

O Vasco, que poderia entrar por baixo, agora se anima com as provocações vindas de uma entrevista de Márcio Braga e da aparente superioridade do rival ter ido, emocionalmente, por água abaixo. Como todo clássico, não há favoritos e o resultado será decisivo para as pretensões de cada um. (Comentariozinho óbvio esse, porém é a mais fiel verdade!)

Os demais times vão se digladiando por uma esperança (tardia?) de vaga na Libertadores ou na Sul-americana. E o Fluminense? Prossegue no "master mind" de Renê Simões?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Não dá pra exigir muito

A torcida pega no pé de Dunga e pede sua saída, após o terceiro 0 x 0 seguido dentro de casa, e sem apresentar um futebol que encha os olhos. Agora, acredito que o pedido venha mais por uma constatação do que por revolta.

Porque fica claro para quem acompanha a Seleção que Dunga é um técnico muito limitado, no sentido de não conseguir criar nada de novo (ou que fuja do seu script) para mudar os rumos de um jogo. Ontem isso ficou explícito, mais uma vez.

Se a Colômbia estava com duas linhas de quatro defensores, por que insistir no burocrático Kléber na lateral-esquerda? Colocando Juan, que muitas vezes atua como um ponta no Flamengo, ia abrir espaços, podendo tabelar com Robinho, cruzar da linha de fundo para Jô...

Ou tirar Gilberto Silva, cujo nome só foi ouvido pelo telespectador no 2º tempo, devido a um passe errado, e colocar o arisco Lucas...

Ou não fazer substituição nenhuma, mas rearrumar o posicionamento dos jogadores brasileiros para confundir a marcação colombiana...

Nada. A Seleção de Dunga só consegue jogar bem quando enfrenta um adversário escancarado e quando tudo funciona como planejado nos treinos.

Agora eu te pergunto: dá pra ganhar uma Copa assim?

***

Obina é a arma do Flamengo para enfrentar o Vasco? De que ano é essa notícia?

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O cara

Antes de qualquer coisa: como cai bem a camisa 10 no Kaká. Não tem jeito: toda Seleção Brasileira tem que ter um camisa 10 de respeito. Quando não tem, só pode vencer como em 94: feio, chato, com o 10 no banco (Raí, barrado) e nos pênaltis. Mas pra impor respeito e empolgar a torcida, tem que ter o camisa 10.

E Kaká é um camisa 10. Assim como Zico, ele começou com a 8, humildemente, mostrando no pé que seu espírito é de ser cérebro do time, referência, e, por que não?, liderança.

Não estou falando tudo isso por causa do jogo contra a fraca Venezuela. Mas que deu gosto ver Kaká de volta, ah isso deu. O resto é conversa fiada com categoria: o golaço de Robinho, a bela jogada para o gol de Adriano, a segurança de Júlio César...

"Ah, não fez mais que a obrigação!" Ótimo! Ao menos isso. Só falta jogar assim em casa. Com Kaká e Robinho, tudo vai muito melhor. E sem Ronaldinho Gaúcho. Que me desculpem os admiradores do malabarista, mas ele não emplacou na Seleção. Jogar com um a menos não dá.

Vejamos quarta.

sábado, 11 de outubro de 2008

O fantasma de Cabañas


Diante de quase 80 mil torcedores o Flamengo leva uma goleada inesperada, numa hora que não podia perder. Libertadores 2008? Não, Campeonato Brasileiro mesmo. O Atlético-MG foi o carrasco da vez, com outro 3 x 0.

A torcida pode colocar na conta de Caio Júnior boa parte dessa derrota. O lado direito do Flamengo era uma "avenida", e o técnico não corrigiu isso. Depois, resolveu botar Erick Flores (que há séculos não era escalado) no lugar de Kléberson, ainda no primeiro tempo! Se quem está de fora não entendeu, imagine quem está em campo. Colocar mais atacantes (Maxi e Obina) sem ter meio-de-campo eficiente não adianta nada.

O rubro-negro dá mais um vexame, de novo a reboque das papagaiadas de seu presidente (cantando vitória pro hexa) e de boa parte da mídia, que não resiste em fazer média com a maior audiência e endeusar um time que até agora tem jogado um futebol mediano.

O Fluminense respira vencendo o Atlético-PR de virada, fora de casa. Torço pelo sucesso de Renê Simões, que é bom técnico e ainda não teve uma grande chance no Brasil. Washington, quando está inspirado, faz diferença para o time. Agora, o que há com Luiz Alberto, que resolveu colecionar expulsões?

Inter e Goiás empataram. E daí?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Gato e rato


Na trilha do equilíbrio que marca o Campeonato Brasileiro 2008, os resultados de ontem mantêm longe a sensação de tranqüilidade do torcedor de qualquer time.

O São Paulo volta ao G-4, como era esperado, e coloca mais uma pressão no Flamengo. E logo atrás deles vem o Botafogo, que venceu bem o Vitória. Esses times, mais os três primeiros, vão brincar de gato e rato até as rodadas finais.

O Botafogo, mais uma vez, mostra que não tem se abatido quando está atrás no placar. Em noite de Zárate fazendo gol (será que dá pra esperar alguma coisa do barrica?) e Lúcio Flávio colecionando mais um golaço, tinha que dar vitória alvingera.

O Cruzeiro, assim como o São Paulo, não encanta e faz o básico: vence por 1 x 0 o Ipatinga e não perde (nem ganha) posições. Será que os mineiros ainda acreditam no título ou já se dão por satisfeitos com a vaga na Libertadores?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Confusões sintomáticas

Rodada quente no Brasileirão, com altas emoções dentro e fora do campo.

O Vasco caiu no ditado de "quem nunca come melado, quando come se lambuza". Há 6 jogos sem vencer, que vascaíno acreditaria numa vitória diante do Sport, na Ilha do Retiro? Pois era o que acontecia quando terminou o primeiro tempo. O Sport, naquele jeito desordenado de jogar, deu trabalho para o bom goleiro Rafael.

Mas o nome do jogo seria Leandro Amaral. Com Renato Gaúcho fazendo de tudo pro time não levar gol, restou ao atacante fazer tudo: roubava a bola na defesa, armava e finalizava. Dois golaços do melhor jogador cruzmaltino na temporada.

Só que defender-se apenas, desperdiçando as poucas chances no ataque, não dá. O "melado" dos 3 pontos deixou o Vasco nervoso. Aí até um atacante mancando consegue fazer gol, e assim foi: o Sport conseguiu o empate. Enquanto isso, Dinamite, Tita e Eurico trocam acusações que não ajudam em nada a situação do time.

Não vi o jogo do Santos, só os lances polêmicos. Fabiano Eller reclama que o juiz estava mal-intencionado. E que intenção tinha o zagueiro santista ao mostrar as travas da chuteira na falta em que levou o cartão amarelo? É um bom jogador, mas não tinha razão nenhuma de reclamar. E pior é que ainda voltou depois do jogo pra ameaçar o juiz... Pra quê? Ia adiantar alguma coisa, àquela altura?

O Palmeiras, assim como o Flamengo, não consegue passar confiança à torcida. 0 x 0 com o Figueirense, com a vitória gremista, era um resultado inadmissível.

Sábado tem mais. E domingo, Seleção: vai ser "haja coração!" ou "haja paciência..."?

sábado, 4 de outubro de 2008

Rame-rame

Pode-se dizer que a rodada pré-eleições do Brasileirão não apresentou surpresas. Com exceção da elasticidade de alguns placares, ganhou quem tinha tudo pra ganhar e perdeu quem não apresentava expectativa semelhante.

Grêmio e Palmeiras mostram que querem o título: viraram seus jogos com autoridade. É o certo, afinal, não podem admitir perda de pontos "de bobeira": estão a apenas 4 pontos de Cruzeiro, Flamengo e São Paulo.

Do G-4, o Flamengo é o time que causa mais incertezas se olharmos o futebol apresentado durante as partidas. Venceu o Náutico em um jogo que poderia ter perdido de muito, se não fossem as péssimas finalizações do time pernambucano. Mas o resultado é pragmático: conseguiu 3 pontos fora de casa, na terceira vitória seguida e agora joga três vezes no Maracanã. O São Paulo só não passou o rubro-negro por ter uma vitória a menos.

O Coritiba venceu o Inter com a ajuda da defesa colorada, que fez uma lambança atrás da outra. Não é nada, não é nada, já está em sexto. É uma equipe que pode incomodar o topo da tabela, num desses jogos-chave da reta final.

E o Vasco? Edmundo pediu garra pra vencerem em casa e levaram nada menos que uma goleada do Figueirense, que chegou a estar ganhando por 4 x 0. Assim como Corinthians, Botafogo e Palmeiras, o time da Colina pode se preparar pra se reerguer na série B 2009 após o fundo do poço...

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A emoção vai até o finalzinho

Treze dias longe das postagens futebolísticas: consegui sobreviver e, na medida do possível, acompanhava o desenrolar do Brasileirão 2008. E o que temos para dizer hoje?

Primeiro, que nenhum líder disparado está se sustentando nessa edição. Depois do Flamengo, foi a vez do Grêmio cansar. O Palmeiras assumiu a ponta, mas sem muita banca: empatou duas vezes seguidas quando podia se distanciar. E continua com o tricolor gaúcho e o Cruzeiro na cola.

Triste é ver o Vasco na lanterna e o Fluminense desesperado. Dois times com a auto-estima muito baixa, o que dificulta qualquer trabalho de recuperação. Cuca nunca daria um jeito no Santos ou no tricolor, e Renato Gaúcho pode ter chegado tarde. O futebol carioca tem chance de perder metade de seus representantes na série A 2009.

E o Flamengo, esse time estranho? Um elenco multifacetado, um técnico hesitante, e ainda assim consegue se manter na zona de classificação para a Libertadores. Mas não sinto firmeza (ainda) que consegue a vaga. São Paulo, Vitória, Botafogo, Internacional, Goiás e Coritiba estão de olho nesse "rodapé" do G-4.

O Botafogo também interrompeu a seqüência de bons resultados mas em compensação vai seguindo na Sul-americana. Após 2007, é o time que merece esse título, pois está se dedicando com afinco a conquistá-lo.

sábado, 20 de setembro de 2008

Uma pequena pausa

Queridos leitores, ficarei sem postar no Futebol Racional até o dia 30 de setembro, devido a outras prioridades mais urgentes. Em outubro estou de volta!

domingo, 14 de setembro de 2008

Embolando e andando

O Lance! de ontem foi certeiro: é cada vez mais minguada a galera que prefere o esquema de "mata-mata" para o Brasileirão. Em vez das oito primeiras equipes se enfrentarem pra definir o campeão, a emoção está garantida por todo o campeonato de pontos corridos. E o jornal compara o Brasil à Europa, onde poucos times praticamente monopolizam os títulos - ao contrário daqui.

A rodada do fim de semana comprova esse ponto de vista: o Grêmio, em momento de instabilidade, perde do Goiás em casa, de virada. Alguém esperava por isso? Pois agora a diferença para o Palmeiras é de 3 pontos, que foi na casa do Cruzeiro e despachou a raposa. Pra mim, o Verdão será o campeão 2008.

O São Paulo e o Inter ressurgem com autoridade: venceram respectivamente Flamengo e Botafogo (que jogou no Engenhão!) e voltam a sonhar. Hernanes, Dagoberto e Zé Luís brincaram com o rubro-negro, e Bruno teve que fazer defesa à la Gordon Banks! Caio Junior armou mal o time e não soube mexer: Sambueza não é banco, e Juan jogou sua pior partida na carreira (e ficou até o final).

O Botafogo levou o primeiro gol, levou o segundo e após fazer o seu, pressionou. Mas já era tarde. Sorte que continuou no G-4, e acho muito prematuro pensar que o alvinegro começa a "pipocar" na hora da decisão, como está sendo levantado.

O Santos prossegue regular, e Vasco e Fluminense vivem clima de velório odioso. E como os goleiros do cruzmaltino gostam de ser expulsos! Pode-se dizer que a defesa não ajuda, mas é muita reincidência em tão pouco tempo.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Virou abóbora, de novo

Depois desse Brasil 0 x 0 Bolívia, chega-se rápido à conclusão de que o Chile jogou muito mal domingo.

Mesmo com um elenco razoável, a Seleção não soube furar a retranca cocalera. E Dunga não soube o que fazer pra mudar isso, além dos jogadores não estarem inspirados. É muita falta de sabedoria para uma noite só.

A torcida está cansada de ver a Seleção nesse fôlego de passarinho que não decola. Outro técnico pode dar jeito? Talvez. Mas precisa levar em conta os seguintes apontamentos:

- Kaká faz muita falta ao meio-campo;

- Ronaldinho Gaúcho só existe em clubes. É a reedição do Raí de 94, melhor desistir de convocá-lo de uma vez por todas. Ninguém leva quase 10 anos pra se adaptar à Seleção;

- Josué não tem vaga nem no São Paulo de hoje, quanto mais no meio-campo canarinho. O mesmo para Gilberto Silva e qualquer "genérico" dos dois;

- Se a Seleção não sabe atacar, não é Seleção Brasileira.

Até o próximo martírio, Brasil.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Carta ao técnico da Seleção Brasileira

Prezado Dunga,

Enquanto assistia o jogo entre Brasil e Chile, cheguei a me preocupar com sua saúde. Vi a escalação com apenas dois volantes, um meia-armador (Diego) e um meia-atacante (Ronaldinho Gaúcho) - tudo isso para jogar fora de casa! Durante os 90 minutos vi um time que só pensava em atacar e fazer gols, sem descuidar da defesa, intimidando o adversário.

Diante disso tudo, te pergunto: você teve alguma urticária por colocar o time jogando assim? Alguma alergia ou indisposição por escalar a Seleção de acordo com suas melhores tradições, sem se encolher? Em suma, Dunga: doeu?

Além disso, me preocupei também com o funcionamento de seu cérebro, principalmente com a área responsável pela memória. Após a derrota para a Argentina, você disse que o time jogou como vinha jogando sempre, e que o resultado não mudava em nada suas convicções.

Mas ontem o que se viu em campo foi que suas convicções de então foram esquecidas quase completamente. O time não jogou no toquinho sem objetividade, participou de cada lance com "tesão", e mesmo seus volantes não apelaram para a violência! Cuidado, Dunga, o mal de Alzheimer pode estar dando os primeiros sinais...

Fiquei menos preocupado porque, mesmo com tais sintomas, você ainda mostrou que continuava com suas incoerências coerentes a seu esquisito modo de pensar: colocou como titulares Josué, Gilberto Silva e Kleber (que recentemente admitiu não estar num bom momento, tendo jogado o ano inteiro como meio-campo), deixando Juan no banco.

Mas Luís Fabiano e Diego resolveram mostrar serviço e representaram a alma do time. Até o juiz deu uma força, expulsando Kleber e te obrigando a colocar Juan.

Enfim, Dunga, mesmo preocupado com sua saúde, espero sinceramente que você não obtenha melhoras. Vai ser melhor para o nosso futebol.

*****
O presidente Lula criticou a Seleção Brasileira. O goleiro Júlio César respondeu com personalidade. Horas depois, Júlio pedia desculpas.

O politicamente correto e a "politicagem errada" estão definitivamente decididos a deixar o futebol cada vez mais insosso e previsível. Ao menos, Júlio César seguiu uma linha crítica pra não deixar o recado morrer. Mas os panos quentes da cartolagem já entraram em ação.

*****

Se você chegou até aqui, então ainda dá tempo de falar do Brasileirão. O Botafogo conseguiu vencer o Coritiba na casa do adversário, o que é uma tarefa difícil. Tiaguinho, uma das revelações do campeonato, marcou um golaço e já fez a torcida esquecer de Alessandro.

O Grêmio vai sofrendo com o ônus da liderança disparada: todos contra ele, alvo das atenções e sofrendo a pressão de não perder pontos. Mas perdeu, e continua a graça do Brasileirão. Azar do Fluminense, que volta para a zona do rebaixamento. Sei não, mas o prazo de validade de Cuca começa a dar sinais de expirar...

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Mais um episódio passional

A foto diz tudo. O então goleiro Edmundo vê a bola entrando no gol. A cena representa o momento pelo qual o ídolo do Vasco passa: não se reconhece onde está, sente-se deslocado onde sempre se sentiu bem - o campo de futebol - e vê o tempo passar diante de si, sem saber muito o que fazer.

Depois de perder o pênalti contra o Sport na Copa do Brasil, Edmundo jogou fora a oportunidade de disputar mais uma Libertadores. Com o time sem chances de título no Brasileirão e aos 37 anos, que motivação para continuar ele tem? Por isso, resolveu parar.

Mas a comoção vascaína - a torcida nunca deixou de amá-lo - o convenceu a ficar. Ontem viu-se um caso de amor dramático em São Januário: o Vasco perdia por 1 x 3, Edmundo já tinha levado um gol de pênalti e, no último lance do jogo, fez uma defesa fácil que a galera comemorou como se fosse um gol. Não à toa, Edmundo chorou compulsivamente ao final do jogo.

Nada mais sintomático. Duvido que Edmundo tenha chorado pelo resultado, ou pela atuação do juiz. Edmundo chora meio perdido, sem saber o que fazer diante do fim da carreira, sabendo que em breve não vai ter mais um estádio gritando seu nome. Não é o único a passar por isso, mas poucos tornaram público esse sentimento.

Alheio a tudo isso, o Cruzeiro volta à vice-liderança com méritos. Recebeu a inesperada ajuda do Palmeiras, que perdeu a invencibilidade no Palestra Italia com uma goleada para o seu atual algoz, o Sport (aliás, é a segunda goleada no ano para o mesmo adversário). E o Grêmio sorri...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

O camisa 9 do campeonato

Kleber Pereira é o nome do Brasileirão 2008. É artilheiro do campeonato com 17 gols em um time que desde o início flerta com o rebaixamento. A trajetória do Santos começa a mudar, e ao menos metade dessa história deve ser creditada ao atacante.

Isso porque ele faz gol de tudo que é jeito, com preparo físico pra atazanar a defesa do começo ao fim do jogo. Quando está difícil receber a bola, Kleber volta, arma a tabela e recebe pra finalizar. O Santos tem hoje o que o Flamengo teve com Zico: se tudo estiver difícil, dá no Kléber Pereira que ele resolve. E como tudo tem sido difícil para o Peixe...

O Flamengo voltou a vencer fora graças a um primeiro tempo ousado e eficiente. Sabendo da necessidade de ganhar, Caio Jr. colocou o time na correria pra atacar e tabelar à vontade. Everton, Maxi, Marcelinho Paraíba, Leonardo Moura e Luizinho deram uma canseira na defesa do Figueirense. O time parece se entrosar - é só ver a jogada do segundo gol.

Mas nenhuma partida do rubro-negro é tranqüila. Com o jogo na mão, levou um gol aos 8 da segunda etapa e se desconcentrou. O Figueirense só não empatou porque é um time bem ruinzinho. Sambueza mais uma vez entrou bem e não duvido que vire titular logo, assim como qualquer outro atacante que não seja Obina, Maxi ou Paulo Sergio.

O São Paulo, que não tem empolgado sua torcida em 2008 (embora esteja sempre perto do G-4), perde mais dois pontos importantes contra o Atlético-MG. Mas acho exagero, nesse equilibrado Brasileirão, dizer que o título já era. O que não dá pra entender é como um clube que se planeja melhor em relação aos demais não fez contratações significativas pro segundo turno.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Cinco pontos, por enquanto...

O comentário de Falcão durante o jogo Grêmio 2 x 1 Vasco resume bem a campanha do tricolor gaúcho. Segundo o ex-jogador, o time tem consciência de suas limitações e em cada partida mostra o máximo de aplicação, no espírito dos pontos corridos.

Diferente dos demais, o Grêmio nunca teve fama de supertime ou de candidato ao rebaixamento. Na verdade, era uma incógnita - ao contrário de tantos outros considerados favoritos às pontas da tabela. Isso deu tranqüilidade a Celso Roth para trabalhar e, no campo, mostrar que o elenco é equilibrado: bom goleiro, defesa segura, meio campo que combate e cria, ataque que marca. Sem brilho, mas sem fazer feio. É está com cinco pontos de vantagem...

Ao Palmeiras resta provar que os salários justificam-se, e não pode sair da cola do líder. Diego Souza parece ressurgir, talvez por deixar de ser a sombra de Valdivia.

O Fla-Flu foi um dos melhores jogos do campeonato, embora o tricolor tenha feito apenas duas jogadas durante a partida: o golaço de Conca e o bom chute de Mauricio (ajudado pelo excesso de confiança de Bruno). O rubro-negro, como de praxe, não vence quando precisa subir significamente na tabela. Com o cochilo do Botafogo e o empate do São Paulo, estaria em quarto lugar.

Mas o Fla contrata, contrata... e não acha um subsituto pra Marcinho no quesito artilharia. Vandinho pode ser o cara, mas precisa voltar (rápido) pra provar isso. De resto, Everton fez excelente estréia, assim como Sambueza. Marcelinho Paraíba é o Souza melhorado: atacante que volta, prende a bola, faz pivô e distribui.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

A paz que não pode ser destruída

Sei que já se passaram 2 dias, mas não vou deixar de falar da goleada do Botafogo pra cima do Atlético-MG (mais freguês do que nunca do alvinegro carioca). Vi só o primeiro tempo, mas foi o suficiente pra perceber um time maduro e consciente do seu talento.

O primeiro gol de Lúcio Flávio foi uma pintura, coisa bonita de se ver e rever. Além da eficiência nos pênaltis, é bom ver o capitão alvinegro voltando a jogar bem. Carlos Alberto, por incrível que pareça, se acertou dentro e fora de campo em um time de futebol. E o espírito de grupo que sempre caracterizou o elenco é cada vez mais forte.

Ney Franco parece estar predestinado para esse Botafogo desde que surgiu no futebol. No lugar do instável Cuca, o mineiro acalmou os ânimos de torcida e jogadores e consegue tirar o melhor de cada atleta. Como disse o Paulo Vinicius Coelho, ele trouxe a paz a General Severiano.

Paz que, mais uma vez, está ameaçada por seus dirigentes. As eleições do clube se aproximam e Carlos Augusto Montenegro, irritadiço e com competência questionável, exige do atual presidente, Bebeto de Freitas, o apoio à sua chapa. Senão, será oposição - e diz isso enquanto ainda administra o clube ao lado de Bebeto!

Recomeçam os enredos draconianos do Botafogo, que não podem respingar no terceiro colocado do Brasileirão.

O Grêmio e o São Paulo foram desclassificados da Copa Sul-Americana, e agora só possuem um objetivo para o resto do ano: vencer o Campeonato Brasileiro. O topo da tabela vai tremer...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Sobre a paradinha

Excelente análise sobre o assunto, feita pelo Marcelo Damato:

Jogando para a torcida

Numa cobrança de pênalti, o goleiro não pode avançar além da linha, um milímetro que seja. Está na regra.

Na mesma cobrança, não há regra nenhuma que impeça o jogador de executar a cobrança da maneira que quiser. Mesmo a paradinha, que uma época estava proibida pela Fifa, está liberada.

Mas aí começou-se a dizer que a paradinha era covardia com o goleiro. “Covardia!” Como se o pênalti não fosse apenas a punição a um time que comete uma falta em sua própria área.

Isso não é pouca coisa. Para fazer o gol, os times precisam quase sempre entrar na área. O time que se defende tenta dificultar ao máximo ao time que ataca que consiga entrar na área com a bola. Assim, o pênalti significa destruir de maneira ilegal todo o esforço de levar a bola até a área. Por isso, a cobrança é daquela maneira.

E na cobrança, a vítima é o time que cobra. O réu é o time do goleiro.

Impor restrições a quem cobra o pênalti é o mesmo que que a Justiça impor restrições à vítima por se apiedar do réu.

É uma completa inversão de valores.

Mas vindo da CBF, que se governa pelas mesas redondas - todas as suas decisões que não envolvam dinheiro são fortemente influenciadas por ela-, não surpreende. Nem um pouco.

Decifrando o torcedor e a Seleção

Para isso, leia a boa matéria no site da revista Brasileiros. Bem escrita e apurada, dá um panorama confiável sobre o que acontece no futebol de hoje.

domingo, 24 de agosto de 2008

A rodada (verde) dos tropeços

O Palmeiras se deu bem: venceu o seu jogo e todos os demais adversários diretos (ou que poderiam ameaçá-lo) deixaram de fazer pontos importantes. Para o time de Vanderlei Luxemburgo o empate dos outros foi um bom resultado.

O líder Grêmio ficou no 1 x 1 com o fraco Náutico, depois de ter perdido no meio da semana; o Cruzeiro foi mais uma vítima de Kleber Pereira, do Santos; o Botafogo vencia o Vasco até o finalzinho, mas levou o gol de empate; São Paulo e Coritiba também empataram.

O Flamengo poderia ter aproveitado a chance e colar no G-4, mas não conseguiu superar o Internacional. A falha de Bruno foi típica de quem é frio e confiante - mas às vezes pode ser traído pelas mesmas características (homenageou o Clemer?). E como é bom ver Nilmar em campo: veloz, inteligente, sempre em busca do gol.

Mérito do Fla: quando tem calma pra tocar a bola, joga bem. E será que agora Jaílton sai de vez?

Caio Júnior precisa parar de achar que resultados como o de ontem foram bons. O time vai se acostumando com pouco e perdendo a ambição dos primeiros lugares. O Botafogo corre esse risco sempre: precisa acreditar em si mesmo sem titubear, dado seu histórico recente.

O Fluminense respira aliviado por, pelo menos, uma semana. Mas quase perde do Sport, e vai ficar nessa corda bamba. E o que há com Dodô? Especializou-se em "pitis"?

Eita campeonato indefinido...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sobrevida da esperança

Campeonato por pontos corridos é assim: enquanto há tempo, há esperança. Assim aconteceu com o Botafogo e vai acontecendo com Flamengo, Fluminense e tantos outros que dão graças pelo Brasileirão ainda estar na metade.

O rubro-negro da Gávea jogou mal ontem, mas conseguiu vencer o líder do campeonato e não se distanciar tanto do G-4. Psicologicamente, vai fazer bem ao time. Mas Caio Júnior não acertou de novo na armação. Marcelinho Paraíba joga muito mais no meio do que no ataque, e não havia combate ao Grêmio na intermediária.

O tricolor gaúcho, por sua vez, jogou como o Fla vinha jogando na fase sem vitórias: domina o jogo, tem posse de bola mas não ameaça o gol (a não ser que o adversário cometa erros primários, como o Flamengo cansou de fazer ontem).

O Botafogo venceu o Cruzeiro e chegou ao terceiro lugar. Com mais dois jogos em casa, tem tudo pra conseguir uma vantagem considerável. E precisa ter ambição pra se ver como um candidato sério à Libertadores até o final do campeonato.

O Palmeiras tomou uma sonora goleada do Inter (será o efeito Dunga)? O certo é que o Verdão não sabe marcar bola aérea, e quando os demais técnicos repararem nisso, vai ter problema até em jogos no Parque Antártica.

Washington e Kleber Pereira vão se destacando como artilheiros de times em frangalhos. Não fossem eles, Fluminense e Santos estariam muito piores. O "Coração Valente" faz gol de tudo que é jeito, e dessa vez o Náutico pagou o pato.

Vamos ver como fica o campeonato depois da janela de transferências e do fim das Olimpíadas...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Elas são de ouro


Foi triste. A Seleção Brasileira de futebol feminino perdeu novamente a medalha máxima para os EUA. Marta e companhia jogaram com vontade, pra frente, com atitude, raça, empolgando a torcida, e a bola não entrou. Porém repare: o futebol das mulheres hoje é o que o futebol masculino já foi um dia.

A aguerrida final que decidiu o ouro foi um jogo bem jogado, com lances de talento e muita emoção. As estadunidenses marcavam forte e de perto, mas sem falta. As brasileiras tiravam dribles "da cartola", visando o gol. Em determinado momento, ficava difícil até definir o esquema tático das equipes.

Ao final, o Brasil perdeu e as jogadoras choravam, não se conformavam com a derrota, toda a gana investida ainda pulsava, triste. E foi uma seleção acompanhada por todo o país desde o Pan 2007, com um futebol bonito e que massacra os adversários.

Há quanto tempo não nos sentimos assim com a Seleção masculina?

Além disso, não se vê a tenebrosa "falta tática" no futebol feminino, aquela que existe só pra parar a jogada e truncar a partida, pra desgosto do torcedor (se bem que há muitos torcedores que gostam dessa palhaçada). A bola corre, as atletas idem, sem a premeditação da violência - nem sua naturalização no esporte.

E as mulheres partem pra fazer gol, com vontade. Nada do defensivismo coletivo que consagrou o empate como um bom resultado. Às vezes elas beiram a ingenuidade, mas nada que comprometa sua missão de ficar no imaginário brasileiro como uma Seleção da qual nos orgulhamos - como na Copa de 82.

Portanto, a medalha vale pouco diante do que essas mulheres fazem com a auto-estima de uma nação pentacampeã. E isso sem ter uma liga profissional no Brasil. Talvez aí esteja o segredo: sem adentrar o mundo das lucrativas negociatas do esporte, o futebol feminino preserva uma pureza que prioriza, antes de tudo, o talento.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Zona

Caio Júnior não pára de choramingar por mais reforços para o Flamengo. O técnico atribui a má fase aos desfalques recorrentes (seja por venda ou contusão), no que não está totalmente errado. No entanto, a bagunça generalizada contra o Santos e Jaílton títular inquestionável coloque responsabilidade também sobre quem escala o time.

Em determinado momento a torcida encampou o discurso de Caio Júnior e, diante das quase contratações, passou a hostilizar publicamente o vice de futebol, Kleber Leite (que já tem fama de pé-frio desde a primeira gestão no clube: 4 anos, um título e muitos vices).

Pois bem: Kleber entupiu o Flamengo de reforços. Vandinho, Marcelinho Paraíba, Josiel, Eltinho, Fernando, Fernandão, Everton, Sambueza... Ou seja, até os jogadores entrarem em campo, não se pode mais reclamar do dirigente.

Só que um time com tanta gente nova no meio do campeonato não se entrosa rápido. Joel Santana deixou o grupo rubro-negro com regularidade após 5 meses. Caio Júnior
vai dar conta de tanta gente, na pressão pelo título?

A impressão que se tem é que tanto Caio Júnior quanto Kleber Leite queriam sair da berlinda da torcida e elaboraram táticas individuais para "lavar as mãos". Vamos ver no que isso vai dar.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

De 3 x 0 em 3 x 0...

Há pouco mais de um ano Dunga se garantia no cargo de técnico da Seleção Brasileira ao vencer a favorita Argentina por 3 x 0 e levar a Copa América. A campanha na competição foi periclitante e o título acalmou as críticas.

Hoje, a preparada Seleção Olímpica chegava às semifinais (o que já era surpreendente) com o melhor ataque e sem ter levado nenhum gol. Até enfrentar uma equipe de verdade e demonstrar todo o nervosismo natural de quem não teve nenhum tipo de preparação para os Jogos.

Outro 3 x 0, dessa vez pra Argentina, pode significar o cartão azul para Dunga. Mas esperemos os acontecimentos.

Mais uma vez, Ronaldinho Gaúcho desaparece numa decisão. E Messi joga como se toda partida fosse uma decisão. Só isso já faz a diferença num time de garotos que, embora joguem lá fora, ainda não têm experiência para reverter resultados adversos.

Mesmo com a perda do ouro, foi bom ver que há talentos disponíveis para a Copa, bem melhores dos que são regularmente convocados por Dunga. Pensa bem: Gilberto ou Marcelo? Mineiro ou Lucas? Josué/Gilberto Silva ou Hernanes? Doni ou Renan?

Sem contar as boas opções de Rafinha, Rafael Sobis, Thiago Neves, Breno, Alex Silva, Thiago Silva...

Material humano existe. Falta (desde a posse de Dunga) técnico.