domingo, 30 de novembro de 2008

O campeonato da irregularidade generalizada


Só assim pra definirmos o Brasileirão 2008, que nem na penúltima rodada perde tal característica. E a tal da irregularidade é uma faca de dois gumes para o torcedor: se por um lado ela renova esperanças até então sepultadas, por outro é uma inesperada pontada no coração.

Veja o caso de Cruzeiro e Flamengo: qual das torcidas está mais irritada com a gangorra que seus times proporcionam em momentos decisivos? O rubro-negro vencia por 3 x 0 ainda no primeiro tempo, e permitiu o empate ao desinteressado Goiás. A Raposa, após superar o embalado Fla domingo passado, consegue a proeza de perder para os reservas do Internacional.

E o Palmeiras? Só um chocho 0 x 0 contra o Vitória. E olha que estamos falando de times que estão disputando centímetro a centímetro a vaga para a Libertadores. O que acontece com tais elencos? Será que o espírito da seriedade não é levado tão a sério? Ou o superdimensionamento do desempenho dessas equipes (quando vencem e quando perdem) é maior do que se pensava?

O Fluminense não facilitou para o São Paulo, e a torcida tricolor (paulista) fica "de orelha em pé" para a última rodada. Vai pegar o Goiás fora de casa e o Grêmio, que está a 3 pontos e com o mesmo número de vitórias, joga em casa com o imponderável Atlético-MG. Depois da euforia da semana (até permitiram festa dos torcedores no treino! E aí, Muricy?), resta saber se a experiência do elenco vai dar a tranqüilidade necessária na hora H.

Saudações ao Vasco, que venceu o Coritiba fora de casa, o que não é fácil. Pena que Figueirense e Náutico também venceram, e o cruzmaltino precisa garantir os 3 pontos em São Januário e ainda aguardar uma combinação de resultados pra se livrar do rebaixamento. Por Roberto Dinamite e pelo momento de renovação vascaína, é para o bem do futebol que o time permaneça na elite.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O Inter só precisa de futebol


No jogo em que o Internacional derrubou uma invencibilidade de 43 jogos do Estudiantes no seu próprio campo, ficou nítido que o que faz falta ao futebol é o talento, não a violência. O carniceiro Guiñazu conseguiu a proeza de tomar 2 cartões amarelos em 24 minutos de jogo, e foi corretamente expulso. E o volante fez falta ao Colorado? Que nada!

Claro que o técnico Tite teve que reposicionar jogadores em função do que tinha armado antes da partida - sacrificando D'Alessandro, por exemplo, na lateral-direita. Mas mesmo sacrificado o argentino deu belo passe pra Nilmar, que sofreu o pênalti decisivo. Alex cobrou 2 vezes com maestria.

O Inter jogou com consciência e tranqüilidade, mas dependendo sempre da segurança do goleiro Lauro, da boa marcação de Álvaro e Marcão, e da qualidade dos passes e colocação de D'Alessandro e Nilmar. Alex nem precisou jogar o que sabe pro Estudiantes se desesperar.

Repito: que falta fez o futebol de Guiñazu ao Colorado? Nenhuma, pois ali não existe futebol, só pancadaria. Por que os times gaúchos têm essa necessidade de um açogueiro no meio-campo? Dinho é ídolo por lá.

***
A ESPN Brasil conseguiu um novo ângulo do lance entre Diego Tardelli e Léo Fortunato. Veja e tente chegar a uma conclusão. Eu agora acho que NÃO FOI PÊNALTI. Kleber Leite, o Cesar Maia do Fla, vê seu factóide contra Simon desmoronar. Tanto é que nem fala mais sobre o assunto.

Simon perdeu pontos para Portuguesa, Atlético-MG e Vitória em casa? Simon vendeu Marcinho, que caminhava pra ser o craque do campeonato? Pensam que os torcedores são idiotas. Talvez alguns sejam, pra caírem nessa esparrela...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A Braga o que é de Simon

No último post ressaltei que se o lance com Diego Tardelli fosse no meio de campo, o árbitro Carlos Eugenio Simon teria dado falta. Continuo com essa impressão.

No entanto, para que seja feita justiça e dar aos leitores deste blog a experiência jornalística de ouvir o outro lado, recomendo a lúcida entrevista de Simon ao GloboEsporte.com.

Percebam que Simon não fala com a empáfia dos arrogantes e responde um a um os questionamentos apresentados. Afirma que fez o dever de casa de rever o lance - o que, a seu ver, só confirmou a decisão tomada.

É muito mais fácil para nós (e para os comentaristas televisivos de arbitragem) afirmar, após um milhão de replays em câmera lenta, que o árbitro errou. Simon, de cara pro lance e se colocando contra a maior torcida do Brasil, não titubeou. Veja como ele na mesma hora já toma a decisão, categoricamente, de não marcar a penalidade. Foi uma escolha numa fração de segundo.

Sim, Tardelli pode ter pisado na bola; não sei se Léo Fortunato não encostou (as imagens não deixam claro, mas o braço do zagueiro pode ter deslocado o atacante); não penso que devemos imaginar o lance sem um dos jogadores envolvidos, como coloca Simon. Mas também não penso, após a entrevista, que o juiz estivesse mal-intencionado ou sem técnica. Vi na entrevista de Simon humildade e segurança. É a minha opinião.

Os dirigentes de futebol (como bem colocou Alex Escobar, do SporTV) só devem ser levados a sério após episódios como esse se admitirem quando forem beneficiados por erros do juiz. Kleber Leite pode fazer e acontecer (marqueteiramente, como é do seu feitio), mas também deve ser enquadrado nessa condição.


Enquanto Simon não foge das polêmicas (nem da possibilidade inerente de falhar), veja o caso de Marcio Braga, presidente do time prejudicado da vez. Em outra entrevista, também ao GloboEsporte.com, ele diz que o Flamengo precisa de estrutura e valorizar os talentos da casa. Segundo ele, o São Paulo é um exemplo, inclusive, por ter o seu próprio Centro de Treinamento (CT).

Agora eu me pergunto: em sua terceira passagem na presidência do clube, por que até hoje o Flamengo não tem nada disso? Quem contratou os jogadores na janela de transferências (cuja maioria está no time reserva)? Como o clube de maior torcida, maior bilheteria, maior exposição na TV, maior patrocínio e maiores cotas de transmissão não tem sequer um CT?

E é incrível a capacidade do presidente em falar como se ele não tivesse nada a ver com o assunto. Braga, em nenhum momento, tem a mesma postura de Simon em relação às suas responsabilidades.

De maneira que a nação rubro-negra está muito bem arranjada... E quanto a isso (a falta de um comando decente), não adianta culpar o juiz.

domingo, 23 de novembro de 2008

E o coração, vai bem?

Apenas me responda: se o lance entre Diego Tardelli e o zagueiro cruzeirense tivesse acontecido no meio de campo, o juiz teria deixado o jogo correr?

Comecei logo pelo lance mais polêmico da rodada, quando Carlos Eugenio Simon colecionou mais um erro que deixará uma torcida furiosa. Mas o Flamengo perdeu o jogo por causa desse erro? Claro que não.

A saída de Airton (o marcador mais lúcido do time) ainda no primeiro tempo bagunçou o sistema defensivo. Leo Moura, em mais uma atuação terrível, deixou todos os espaços possíveis nas suas costas (por lá saíram dois gols do Cruzeiro). Kléberson reclama que é injustiçado, mas não consegue repetir boas atuações - hoje, sumiu em campo.

O time mineiro não é lá essas coisas, principalmente sem Guilherme e Wagner: a quantidade de contra-ataques desperdiçados na finalização foi de doer. Mas tinha Ramires, um volante modelo para o futebol: marca, cria e faz gol. Ele fez a diferença num jogo que parecia final de campeonato.

Tardelli, apesar do longo tempo fora, foi uma boa opção no fim das contas. Se Fábio não defende aquela bola... Defendeu, e o esquentado atacante ainda deu um jeito de ser expulso ridiculamente. É o André Luís do Flamengo.

Depois do embate no Mineirão, era só o Palmeiras fazer o óbvio para voltar ao G-4: derrotar o último colocado do campeonato em casa. Feito. Pode ter carimbado sua vaga na Libertadores.

Outro jogo com cara de final (por motivos opostos entre os times) foi Vasco x São Paulo. A torcida lotou São Januário, o time jogou com raça mas o tricolor paulista é osso duro de roer. Venceu sem piedade, a começar pelo milagreiro Rogério Ceni. E a postura de Muricy Ramalho é um dos pilares dessa frieza são-paulina.

Hugo, o homem que faz gol em todos os jogos, não fugiu da responsabilidade. Edmundo perdeu um gol que poderia ter mudado o jogo. Mas a verdade é que o resultado final não foi surpresa. Ambos os times podem ter selado seus destinos a duas rodadas do fim do Brasileirão.

Mas a torcida que deve estar furiosa mesmo é a do Grêmio. Um candidato ao título não pode perder de 4 a essa altura. Ainda mais para o Vitória, que não tem mais ambições no campeonato. O rubro-negro baiano parece ter comprado a briga do técnico Vagner Mancini, demitido invicto do tricolor gaúcho no começo do ano.

O Fluminense também fez a sua parte: venceu o time reserva do Internacional, fora de casa. Se Renê Simões tivesse chegado antes... Mas será que o tricolor carioca vai ser o arroz de festa do tricolor paulista, domingo que vem?

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Loucos do futebol

Em coletivo do Flamengo hoje à tarde, Ibson fez o gol da vitória e Diego Tardelli treinou entre os reservas. O atacante-sem-cabeça pode ser relacionado para o banco de reservas.

Não inventa, Caio Júnior... Faltam só 3 jogos, você pode ter encontrado a formação ideal para o Fla e quer colocar um sujeito completamente sem ritmo (de jogo e de momento do campeonato) para ser opção? É por essas que a torcida não leva fé para 2009.

Enquanto isso, Fluminense e Flamengo, times que sofrem para pagar salários atrasados (quando não têm suas receitas penhoradas na Justiça) anunciam "conversas" com Adriano, atacante da Inter de Milão. Se você, torcedor, acredita nessas falsas esperanças, me desculpe: você é um imbecil.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Agoniza, mas não morre


Ainda existe vida no futebol brasileiro! Vida inteligente e talentosa. Os 6 x 2 não foram contra a Venezuela, o Qatar ou qualquer adversário-Nike da ocasião. Foi contra Portugal, em noite nada inspirada de Cristiano Ronaldo.

Sim, a seleção portuguesa ainda não se firmou com seu novo treinador; sim, o favorito a melhor do mundo não jogou nada; sim, era um amistoso. Mas a gente está tão acostumado a falar mal da Seleção Brasileira (com razão), que precisamos comemorar quando vemos um banquete. Principalmente pelo fato de que o futebol nacional, apesar de tudo, ainda consegue produzir banquetes.

Robinho estava, como se dizia antigamente, "encapetado". Luís Fabiano segue mostrando que a Seleção tem centroavante sim, e se Adriano levar a sério sua carreira, tem vaga garantida no elenco também. Elano parece o jogador que Dunga sonhava ser: defensor e atacante quando preciso, sem comprometer o esquema tático. E ainda temos Kaká.

Não é pra achar que os problemas da Seleção acabaram devido a um bom resultado. Ainda acho Dunga limitado para mudar o jogo quando as coisas não vão bem. Mas temos talento, e uma conquista (ainda que pequena) foi conseguida: Josué foi barrado.

Fico pensando no dilema da CBF: quando tudo está "no papo" para demitirem Dunga, algo acontece que interrompe o clima de "fritadeira": a vitória contra o Chile, fora de casa, após as Olimpíadas; a vitória de ontem, após o jejum de gols.

E outra: bem ou mal, Dunga já tem uma base formada, que vai se conhecendo melhor a cada reencontro. Será que um novo treinador vai recomeçar tudo? Fala-se em Luxemburgo e Muricy. Só que ambos são bons treinadores porque, cada um a seu modo, investe no treinamento diário da equipe, coisa que um treinador de Seleção não tem condições de fazer.

Mas a verdade é que o Brasil está praticamente classificado para a Copa 2010, pela fraqueza de seus adversários. Mesmo que Paraguai e Argentina cheguem na frente, são cinco vagas. Qualquer técnico classificaria a Seleção, mas será que confiam em Dunga para uma preparação para a Copa, e sua disputa? Ele se mostra tranqüilo quanto ao cargo. A imprensa excita-se com um novo nome, e inflama a torcida quando esta se esquece de hostilizar Dunga. A conferir...

domingo, 16 de novembro de 2008

Esperanças justificadas?

Rodada quente no Brasileirão! Este blogueiro pôde assistir ao vivo Flamengo 5 x 2 Palmeiras e pode dizer, de cadeira, que foi a melhor apresentação do rubro-negro no campeonato, considerando que jogou contra um forte adversário direto.

Caio Júnior pode ter encontrado a formação ideal para o Fla: além da defesa de sempre (Bruno, Leo Moura, Fabio Luciano, Angelim e Juan), ele colocou Airton e Jailton pra serem os "cães de guarda" e liberou Kléberson e Ibson para atacar, embora ambos tenham noção de diminuir espaços para o adversário. Com Obina de pivô e Marcelinho Paraíba completando o ataque, o time jogou como um conjunto, pela primeira vez.

E o contra-ataque é, de longe, o ponto mais forte do Fla, que mesmo na correria conseguiu tocar a bola com a paciência devida para golear o Palmeiras. Não sei se Luxemburgo esperava essa arrumação toda do time da Gávea, e só Kléber produzia alguma coisa de útil no Verdão. O resultado não foi absurdo.

Só que o São Paulo não dorme em serviço e venceu de novo, dessa vez o Figueirense. Todos os outros adversários diretos serão vascaínos domingo que vem, pois se há um jogo que seria perfeitamente normal o tricolor perder, seria este. Lá vem o Vasco, em casa, precisando da vitória que, conforme fontes paulistas, já está botando medo na torcida do Morumbi...

O Grêmio também não quer mais perder viagem e tratou de fazer o dever de casa contra o Coritiba. Decepcionante foi o Cruzeiro, que não dá confiança a seu torcedor. A essa altura, perder do Náutico de goleada? Parece que falta concentração ao time de Adilson Batista quando ele mais precisa.

O Fluminense respira mais uma vez, com Washington voltando a marcar. Após o fracasso na Libertadores e a ida de Thiago Neves para o futebol alemão, é ele quem encarna o espírito tricolor da reação. Com o Coração Valente de bem com a vida o Flu se livra.

O Botafogo coleciona mais uma derrota, mais episódios de descontrole... A nova diretoria precisa tirar essa fama do elenco alvinegro, e isso passa por... renovar o elenco! Jogadores desgastados com a torcida e/ou desmotivados não vão levar o time à disputa de títulos.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Quem esperava por essa?

Na véspera do jogo um atleticano me disse: "O Atlético está engasgado porque o jogo contra o Vasco rebaixou o time para Série B do Brasileirão, há 3 anos" (as torcidas são aliadas). Em dado momento da goleada ouvia-se do Mineirão o samba "Você pagou com traição/A quem sempre te deu a mão".

Pra quem pensava que o Atlético-MG ia cumprir tabela, enganou-se. Pra quem pensava que o Vasco ia confirmar sua ascensão vencendo fora de casa outro bom adversário, pior ainda. A bola não chegava a Edmundo, Leandro Amaral foi desastroso e a defesa (de novo a mais vazada) cometeu um pênalti infantil. O Galo, com contra-ataques fulminantes, não deu chance.

E o Flamengo quer levar Renato Gaúcho, após mais uma "aula de ignorância" sobre armar um time?

Outra notícia que deve ter pego muita gente no Botafogo de surpresa foi Carlos Alberto resolver entrar na justiça contra o clube. Bebeto de Freitas, que de fato reestruturou o clube (mas não afastou Montenegro), pode se explicar à vontade. Mas foi mais um episódio que revela a miséria em que os demais clubes brasileiros se encontram.

Se os jogadores, de uma vez por todas, resolvessem se unir e fazer greve diante de tais absurdos (falta de pagamento por 3 meses, não depositar FGTS e benefícios etc), como seria a reação? A torcida ficaria contra os "mercenários"?

Isso nada mais é do que o desejo insano dos dirigentes de viver num mundo surreal, em que jogadores medíocres recebem salários astronômicos (da casa dos 100 mil reais pra cima) e os clubes não se estruturam no profissionalismo.

Quer outro exemplo? Gamarra, zagueiro paraguaio que nem ficou uma temporada inteira no Fla, entrou na justiça contra o clube. Como a dívida era em dólar, o valor já passa dos US$ 5 milhões...

domingo, 9 de novembro de 2008

Despreparo, desinteresse, desobediência

Como este blog não foge da raia, entro logo de sola: só vi dois lances de Botafogo 0 x 1 Flamengo. O pênalti não marcado em cima de Jorge Henrique e o pênalti marcado em cima de Ibson, convertido em gol por Kléberson (que bateu mal).

Tudo começou errado a partir da escalação do árbitro da polêmica final da Taça Guanabara, Marcelo de Lima Henrique. O imaginário coletivo da torcida e dos jogadores já estava "pilhado" antes da partida, na dúvida sobre qual seria a polêmica da vez. Não dá pra entrar com o clima assim.

Pois aos 30 segundos Bruno deu um "rapa" em Jorge Henrique, encostando de leve na bola. O juiz não marcou. Além de todo o histórico, o fato de Jorge Henrique ser um "cai-cai" contumaz (como era Sávio, no Fla dos anos 90) não ajudou.

Mas se os alvinegros quiserem reclamar mesmo de alguém, deve ser com o goleiro Renan. Preservem o garoto cobrando na medida certa, como bem colocou meu amigo André, no comentário do jogo contra o Estudiantes. Pênalti mirim que deu a vitória ao Fla, cuja inabilidade em fazer gols é cada vez maior.

Cruzeiro e Fluminense fizeram um jogo chaaaaaato, desinteressante. Nem parecia que a Raposa lutava pela liderança e o tricolor, contra o rebaixamento. Ninguém corria em campo, era desanimador assistir 22 cadáveres ambulantes.

No fim, o castigo para o Flu, que não pode se dar ao luxo de jogar sem gana de vencer. O empate do Náutico deixa o time fora da zona de rebaixamento, além do Vasco - embora só cruzmaltino mereça esse alívio, por ter feito (e desejado fazer) sua parte nessa rodada.

E o Palmeiras, hein? Bateu o desespero geral depois do gol do Grêmio, a ponto do experiente Marcos desobedecer descaradamente Luxemburgo (e o bom senso) ao se lançar ao ataque a cada bola parada.

Sei não, há algo de estranho nessa história, o clima não deve estar dos melhores no Palestra Itália. O tricolor gaúcho consegue mais 3 pontos jogando aquele mesmo futebol sem graça.

Olha o título ali!


Como sempre, a Portuguesa deu trabalho ao visitante da vez, mas o São Paulo saiu do Canindé com 3 pontos a mais. O que se destaca no time tricolor é a coletividade acima de tudo, parece um "esquadrão socialista". Não existe "o" craque, "a" referência, sem a qual o modo de jogar desanda. Antes de qualquer coisa, o São Paulo possui um time de operários dos pontos corridos, e isso é reforçado pelo "chefe" Muricy.

Não foi à toa que André Dias explicou assim o sucesso são-paulino: "Aqui não temos estrelas". Para o bem e para o mal, a afirmação está correta. Faço minhas as palavras do ranzinza, porém vital Fernando Calazans: o São Paulo é um time competente que não dá vexame, ao contrário de todos os outros 19 concorrentes. A taça já dobra a esquina do Morumbi.

O Vasco vai construindo uma história à parte nessa reta final do Brasileirão. Os vascaínos, os que torcem contra e os curiosos que querem saber onde essa reação vai dar acompanham o time da colina, que não disputa o título nem apresenta um futebol de chamar holofotes.

Edmundo sobe novos degraus no panteão dos deuses de São Januário, pois até do banco consegue salvar o time. E botem na conta do jovem Rafael boa parte dessa reação, pois finalmente o Vasco tem um bom goleiro que não se afoba na primeira dificuldade.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

É assim que tem que ser

Não estava nos meus planos assistir a Boca Juniors x Internacional ontem, pela Copa Sul-Americana. A falta de opções na TV me levou à transmissão, e não me arrependi. Os dois times fizeram um ótimo jogo, com tudo que uma partida de futebol deve ter pra valer o ingresso.

Primeiro, porque não houve catimba: os argentinos estavam atrás no placar e não podiam perder tempo. E mesmo sendo o time de garotos do Boca, a atitude era a mesma dos veteranos: técnica (principalmente nos passes), raça e muita disposição.

O Inter não ficou atrás, pois em nenhum momento abdicou de tentar o gol. Destaque para o goleiro Lauro, que estava iluminado e também armou vários contra-ataques na reposição de bola. Além de Alex, D'Alessandro e Nilmar, que não descansaram em infernizar o Boca. Não dá pra entender como um time desses não deslanchou no Brasileirão.

2 x 1 pro Colorado, em plena Bombonera, num jogo de muita correria em busca do resultado, sem enrolação. E Alex ainda protagonizou o lance mais sonhado por quem vai jogar qualquer pelada: "canetou", isto é, colocou a bola entre as pernas do argentino Figueroa, que caiu sentado. O Inter tem tudo pra ser campeão.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

São tantas emoções...

De novo o Botafogo dá adeus à Copa Sul-Americana. Os 2 x 0 na Argentina foram decisivos para a partida do Rio, mas não se pode negar que o time lutou muito, mesmo após levar o primeiro gol logo aos 3 minutos de jogo.

No entanto, mais uma vez o desquilíbrio emocional surgiu, mesmo que dessa vez não tenha sido o responsável pela eliminação. E de onde vem esse histórico de imaturidade do Botafogo? Pode-se achar várias causas, mas o exemplo (e a direção) sempre vem de cima, de quem dirige o clube.

Carlos Augusto Montenegro, que dá as cartas há muito em General Severiano, é conhecidamente destemperado. Depois do primeiro jogo contra o Estudiantes já disse que o ano tinha acabado para o time - mesmo com a possibilidade da vaga na Libertadores e de reverter o resultado da Sul-Americana.

Carlos Alberto, com todos os defeitos que pode ter, relatou um fato que Montenegro adoraria ter despistado em meio a seus faniquitos: os salários do clube estão atrasados há três meses. Logo, quem estava sendo mais profissional: os atletas, que faziam boa campanha mesmo com o bolso vazio; ou o dirigente, que não consegue cumprir a mais básica das suas obrigações?

Portanto, xingar o elenco de mercenário, como foi feito ontem pela torcida, não corresponde à realidade. E por que Montenegro, que é diretor do Ibope, não encomenda uma pesquisa junto aos botafoguenses para saber se ainda é desejado por lá?

***

Ainda falando sobre equilíbrio emocional, não dá pra deixar de citar o São Paulo. O time só chegou à liderança do Brasileirão faltando cinco rodadas para o final. E nada indica que sairá de tal posto.

Méritos, muitos méritos para Muricy Ramalho, que nunca deixou a peteca da seriedade cair. O espírito do oba-oba nunca pousou no Morumbi, e cada jogador do time entende isso muito bem. Mesmo no momento em que vira líder, trabalham como se estivessem lutando contra o rebaixamento.

E os demais torcedores têm que ouvir, quietinhos, a frase emblemática de Rogério Ceni: "Não dá, para um time que disputou Libertadores cinco anos seguidos, voltar a jogar a Copa do Brasil".