sábado, 31 de maio de 2008

Sem noção do ridículo

O Flamengo rompeu com a Nike, após muitos episódios nada profissionais de ambos os lados. E já fechou com a Olympikus, levando R$ 173 milhões de reais por cinco anos, o maior contrato da América Latina.

Se todo mundo já sabe disso, por que colocar interrogações na camisa do time? Era só cobrir o símbolo da Nike até chegar o novo uniforme. Ficou ridículo.

Pra mim, aquelas interrogações referem-se a outros assuntos: como vai ser utilizada essa grana? Vai abater as dívidas do clube? Ou vai tudo pro ralo das sentenças trabalhistas (que não páram de surgir)? O esporte amador ao menos sentirá o cheiro do dinheiro? Haverá reforços de peso (ou ao menos, vai manter as jovens promessas)?

A marca Flamengo é valiosíssima, os contratos de fornecedor, verbas de TV e licenciamentos são milionários, a torcida é a maior do país e a que mais comparece num dos maiores estádios do mundo.

Logo, a interrogação que sempre entra em campo com o time, qualquer que seja o fornecedor, é: por que o Flamengo ainda é o time mais endividado do Brasil?

quinta-feira, 29 de maio de 2008

É com respeito e auto-estima

O Fluminense mostrou ontem como se joga pra perder ou ganhar uma Libertadores. O Boca foi o mesmo de sempre, embora tenha uma defesa abaixo do nível do resto do time.

Todas as vezes que o Flu resolveu atacar (nada de desespero, simplesmente organizar algumas simples jogadas no campo do Boca), assustou e conseguiu os gols. Quando recuava - como nos primeiros 20 minutos do segundo tempo - a bola só parava na rede ou nas mãos de Fernando Henrique (que fez a torcida esquecer todas as suas falhas).

Pra ser campeão, o tricolor tem que ter respeito pelo adversário, mas auto-estima em alta pra saber que tem talento pra fazer frente. Gabriel não estava bem, mas Junior César não se intimidava, e de lá saíam as boas jogadas. Thiago Silva e Luiz Alberto mostraram muita maturidade.

Thiago Neves, se não atuar bem, sempre terá um bom chute pra manter o time vivo. Ontem, chutou muito pouco, mas contou com o frangaço do goleiro argentino.

E o blogueiro aqui "queima a língua", pois Riquelme sofreu marcação cerrada ontem e nem por isso deixou de exibir seu monstruoso talento. Embora Arouca não seja um marcador clássico, fico com a explicação do maestro Junior na transmissão do SporTV: não adianta marcação individual se o cara sabe tocar de primeira...

Aliás, todo o time do Boca sabe tocar de primeira! Com exceção da irritante catimba, é muito bom ver o atual campeão da Libertadores jogar. Quando o jogo estava em 2 x 1, os argentinos devolviam logo a bola para o Flu, como se estivessem perdendo, sem se acomodarem.

E não duvido nada que o Boca jogue no Maracanã com a mesma atitude que jogou ontem.

Em São Paulo, o Botafogo quase consegue passar pelo Corinthians, mas ficou nos pênaltis. A meu ver, Castillo falhou no primeiro gol - pra que sair naquela bola, já que Herrera estava marcado? Como já apontou um amigo botafoguense, o uruguaio joga muito adiantado sempre, afobando-se em lances como esse.

A verdade é que, com esse elenco, Cuca conseguiu fazer mais um milagre: depois do vice-campeonato carioca, sai da Copa do Brasil nas semifinais, nos pênaltis. Mas o desgaste de mais um título perdido fez o técnico sair. Não à toa está sendo cobiçado pelo Santos.

Mas a tragédia grega da noite estava reservada para São Januário. Aos 45 do segundo tempo, Edmundo conseguiu levar a decisão para os pênaltis. Depois, foi o culpado pela desclassificação ao isolar infantilmente a bola, numa cobrança típica de quem não treina os penais faz tempo.

O Sport chega com moral para a decisão, e o Corinthians que se cuide pra segurar o Leão da Ilha - que vai fazer o jogo mais importante desde a primeira decisão da Copa do Brasil, em 1989, quando perdeu para o Grêmio.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Fluminense com tudo

Quem lê este blog sabe que nunca apreciei a "marra" de Renato Gaúcho, incompatível com sua condição de técnico em início de carreira e com apenas um título.

No entanto, a postura de pensar que o Boca Juniors não é imbatível, que é possível vencer na Argentina e que Riquelme não pode jogar sozinho demonstra opiniões de quem sabe que o Fluminense tem o potencial pra fazer história.

Por que apenas dentro de casa resolve-se jogar pra vencer? Essa modinha asquerosa contaminou os técnicos de hoje, e só faz a força do Boca ficar maior ainda a cada confronto em sua terra. Mas imaginem se levam um, dois gols no primeiro tempo? A vaga nunca fica garantida, mas o feito traz mais tranqüilidade.

Penso que Riquelme é por demais talentoso: um dos melhores passadores da atualidade, sabe criar e finalizar jogadas e bater faltas com perfeição. Mas nunca vi um jogo em que o argentino se desvencilha de uma marcação forte, ganha no corpo-a-corpo e sai em vantagem.

Perceba: em todos os jogos que Riquelme "arrebentou", a marcação era folgada ou não existia. Se Renato souber aplicar a marcação que promete, mais sorrisos pros tricolores.

Enfim: como quase todos os jogos do Fluminense na Libertadores, promessa de mais um jogão nessa quarta.

domingo, 25 de maio de 2008

Quem está acordado?

Há certos times que parecem perceber, finalmente, que num campeonato por pontos corridos todo jogo é decisivo. Isso quer dizer lutar pela vitória e garantir, a cada rodada, o máximo de pontos e gols.

São Paulo e Palmeiras ainda parecem "dormir no ponto", pois estão sonolentos e perdendo chances de pontuar em casa. O tricolor parece ter sentido a desclassificação da Libertadores e segue desatento em lances bobos. Veja o gol do Coritiba, onde Michel faz o cruzamento marcado por três são-paulinos!

O Verdão merecia a vitória contra a confusa Portuguesa, mas não fez os gols quando devia e deixou pra decidir no penâlti bem cobrado por Alex Mineiro, mas que parou na trave. Um parêntese: Sálvio Spindola deve ser banido do quadro de árbitros da Terra! Já tinha feito besteiras mil no Paulistão e ontem, em 10 minutos de jogo, deixou de dar três pênaltis.

O Cruzeiro, primeiro campeão da era de pontos corridos, aplica o segundo 4 x 0 seguido. E dessa vez, nos titulares do Santos. A Raposa vai dar muito trabalho e é uma das favoritas, ao menos, pro primeiro turno.

Nem Sport nem Fluminense mereciam aquele horrendo gramado da Ilha do Retiro. Mas o tricolor, cheio de garotos, está com a cabeça na semifinal da Libertadores. O Leão, num período de afirmação, honrou a barulhenta torcida vencendo por 2 x 1.

Dodô perdeu um pênalti no final, que daria o empate. Mas tinha acabado de fazer mais um golaço pra sua galeria, está no crédito.

Botafogo e Vasco levaram times mistos pro primeiro clássico carioca do Brasileirão. Apesar disso, o jogo foi emocionante, com o time da Colina perdendo gols por capricho e o de General Severiano, por incompetência. Renato Silva perdeu um inacreditável!

A garotada vascaína apostou na correria pra sufocar o adversário, e logo antes do primeiro minuto já fazia 1 x 0. O Botafogo reagiu com a volta de titulares como Jorge Henrique e Lúcio Flávio. Mas deve agradecer ao juiz, que inventou o pênalti no final.

Mas é apenas a terceira rodada...

sábado, 24 de maio de 2008

Começou a obrigação

A mesma inicial, com futebol diferente. O mesmo time, com atitude diferente. Foram essas as duas grandes mudanças do Flamengo no intervalo que lhe garantiram a vitória sobre o talentoso Internacional neste sábado.

Jaílton, mais uma vez péssimo, deu lugar a Jônatas, que soube distribuir melhor o jogo e marcar com mais eficiência. E o time sem "pegada" (e encolhido depois de tomar o gol) virou um leão de raça e disposição em cada bola, arrancando na marra a virada.

A bola que Leo Moura tirou, em gol certo de Nilmar após driblar Bruno, foi o símbolo da partida rubro-negra. Destaque também para Tardelli, infernizando a defesa colorada e voltando pra roubar bolas.

Ainda assim, muitos erros de passes simples que deram um caminhão de contra-ataques ao Inter. Marcinho, além de novamente deixar o dele, mostra que é importante também pela maturidade: disse que os erros de hoje não podem se repetir contra o Fluminense, domingo que vem.

E Caio Júnior teve uma amostra do que será esse Brasileirão para o Flamengo. A começar pela faixa da torcida, que após a frustração da Libertadores, não quer nada aquém do primeiro lugar.

Os grandes times da Europa, não raro, garantem seus títulos ganhando a maioria das partidas em casa. Se o Flamengo assumir esse compromisso com a gana demonstrada hoje, pode voltar a dar esperanças para a torcida.

Mesmo com a derrota, o Inter mostra que tem um time bom e equilibrado (e, diga-se de passagem, que não precisa bater pra marcar bem). Continua favorito.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Com o verde da esperança

Começando pela Ilha do Retiro: o Sport não tomou conhecimento do Vasco, fez 2 x 0 logo nos 20 primeiros minutos e só não fez mais por capricho.

O Vasco pode muito bem reverter a vantagem, mas o Leão pernambucano mais uma vez mostra que leva muito a sério sua caminhada na Copa do Brasil.

Heroicamente o Fluminense faz história, indo pela primeira vez às semifinais da Taça Libertadores da América. O São Paulo, que fazia tempo não levava três gols numa partida, dentre eles levou dois de Washington - que fazia tempo estava em jejum de gols.

Na pressão, o Flu fez 1 x 0 com gol do Coração Valente, que não marcava há quatro jogos. No segundo tempo, Adriano não deixou barato o vacilo da defesa e, sozinho, empatou.

Um minuto depois, Dodô fez um gol simplório para os seu padrão de qualidade, mas manteve o tricolor carioca vivo: 2 x 1.

Só que, além de Adriano, o tricolor paulista também tem Joílson. Em menos de cinco minutos, ele fez a proeza de levar dois cartões e ser expulso. A estratégia defensiva do então classificado São Paulo sofria, no mínimo, um abalo emocional: menos um em campo, com a vaga por um gol.

E aos 46 Washington mostrou que estava predestinado a ser o herói da noite, saltando mais alto que três zagueiros são-paulinos e fazendo 3 x 1. O choro logo após o gol demonstrou que o Coração não é só Valente, mas humilde. Ali não havia marra, só desabafo de quem joga com raça, mesmo que não atue bem tecnicamente.

O Flu precisava provar a si mesmo que 2008 não poderia ser o ano de falhar nas decisões. E escolheu a melhor oportunidade pra fazer isso. Agora tem tudo pra acreditar que pode ser campeão da Libertadores.

Só precisa atentar a um detalhe: o Boca Juniors, que cedeu o empate em 2 x 2 para o Atlas em casa, foi ao México e carimbou um 3 x 0 pra continuar instigando medo nos futuros adversários.

Engraçadinho...

É pra rir? Túlio, volante e capitão do Botafogo, reclamou que a torcida não tem comparecido nos jogos decisivos do clube.

Mas não foi ele quem, após a final da Taça Guanabara desse ano, pediu para que a torcida não comparecesse mais ao estádio?

Túlio, que não é nenhum garoto no futebol, precisa saber o que falar sobre (e para) a torcida nos momentos de pressão. É essa instabilidade que vez por outra tem atrapalhado o time do Botafogo.

Os brasileiros do Brasil e da América

Ontem começou a ser desenhada a final da Copa do Brasil. Digo isso porque foi o primeiro jogo, e não por já existir um finalista. O Botafogo conseguiu a vitória, mas o Corinthians já reverteu em casa uma vantagem de dois gols (contra o Goiás).

O que pode definir a partida são os jogadores que não estarão em campo: o Timão terá quatro suspensos por terem levado o terceiro cartão amarelo ontem, enquanto que o Botafogo apenas dois. Ainda assim, esse gol fora de casa pode ajudar muito o Corinthians.

Sport e Vasco fazem um duelo que, no começo da competição, parecia inesperado. O Leão do Recife eliminou com autoridade dois favoritos ao título do Brasileirão: Internacional e Palmeiras. Mas não pode viver do passado recente se quiser chegar mais longe.

O cruzmaltino aposta no excelente ataque e na experiência de Antonio Lopes pra comandar os nervos dos garotos. Se conseguir um bom resultado na Ilha do Retiro, é meio caminho pra decidir com tudo no caldeirão de São Januário.

E São Paulo e Fluminense decidem quem avança na Libertadores. Como bem apontou Mauro Cezar Pereira, é difícil fazer mais de dois gols no tricolor paulista. Assim como é difícil marcar Adriano.

Se Thiago Neves, Conca e Dodô derem o ar de sua graça nessa primeira grande final de 2008, os mais de 70 mil tricolores (cariocas) saem do Maracanã felizes.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

É cedo demais

É complicado comentar de maneira mais profunda o Brasileirão ainda nas primeiras rodadas. Nada definitivo pode ser afirmado, nem muitas projeções podem ser feitas. Tentarei me ater somente aos fatos, então.

No sábado, o Vasco fez o que sabe melhor: vitória em São Januário. Leandro Amaral e Edmundo são meio time, e com Wagner Diniz e Morais colaborando, poderá ter um dos melhores ataques da competição. O Botafogo foi a Minas e perdeu um jogo que poderia ter empatado.

O Internacional poderia ter vencido o Palmeiras no Parque Antártica, já que com menos um em campo deu trabalho. Mas o que fazer quando a vocação açougueira de seus atletas fala mais alto? Edinho recebeu dois cartões em quatro minutos e Guinãzu poderia ter sido expulso já no primeiro tempo.

Mas aposto que os torcedores gaúchos gostam de gente assim em seus times. O lendário Dinho é ídolo por lá.

O Fluminense perde mais alguns pontos com seu time reserva. Perder pênalti no Maracanã, com o jogo em 0 x 0, não dá, né? E Fernando Henrique... Ah, Fernando Henrique...

Já o São Paulo consegue fazer bons resultados com seu time B, empatando com o Atlético-PR na Arena da Baixada. Será que finalmente em 2008 Muricy vai conseguir revelar os talentos da base?

O Santos goleou o Ipatinga. Aliás, o que um time rebaixado no campeonato estadual faz na primeira divisão do Campeonato Brasileiro? Aos poucos, o Peixe vai mostrando que tem elenco e personalidade.

Fecho a análise com a correria que foi Grêmio 0 x 0 Flamengo. Bruno e sua frieza não deixaram o Olímpico gritar gol, além de contar com a simpatia da trave. O Fla jogou de igual para igual no primeiro tempo, mas recuou no segundo. Será que Caio Júnior percebeu que, se o rubro-negro joga atrás, tem tudo pra perder o jogo?

E que falta faz um centroavante... O azar de Tardelli é que Marcinho tem as mesmas características que as suas. E com Obina ou Souza, só um será titular - de preferência, Marcinho, o artilheiro da temporada.

Ibson deve voltar ao Porto em julho, e a diretoria já promoveu Erick Flores para os profissionais. Se Renato Augusto voltar bem ao meio-campo, será mais um a dizer adeus pra fazer caixa...

sábado, 17 de maio de 2008

Interrogações, interrogações...

Caio Júnior resolve mudar o esquema de jogo do Flamengo num jogo contra o Grêmio no Estádio Olímpico. O tal 3-5-2, com o (até agora) péssimo Leonardo e o (sempre) dispensável Jaílton como titulares.

O técnico rubro-negro diz que o time já jogava nesse esquema, com a diferença que Jailton era o tal terceiro zagueiro. De todo modo, o que é melhor: fazer essas mudanças todas fora ou dentro de casa?

Pra completar, vai com ataque novo (Tardelli e Marcinho) e Bruno corre o risco de não jogar, com Diego "mão-de-quiabo" assumindo o gol.

Um domingo de fortes emoções para os flamenguistas...

Carlos Alberto estréia no Botafogo. É incrível como um jogador, aos 22 anos, com o passe pertencendo a um time de primeiro mundo, já tendo sido campeão estadual, brasileiro, europeu e mundial possa estar tão desacreditado. A ponto de ser dispensado de tudo quanto é clube em poucos meses.

Tanta gente boa sobrando nas peneiras do Brasil e Carlos Alberto, agraciado com um lugar de destaque no mundo do futebol, desfilando irresponsabilidade.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Fair play devidamente recompensado

Aconteceu na Inglaterra: o Manchester City (time de Elano, na foto ao lado) abocanhou uma vaga na próxima Copa da Uefa graças ao fair play (clube com menos cartões vermelhos).

Já estava na hora de recompensar um clube, por esse motivo, de maneira mais significativa. Só troféu e menção honrosa não sensibilizam botinudos...

Mas se a moda pega e os clubes começarem a obter benefícios concretos por serem menos indisciplinados, melhores horizontes podem surgir.

Lembro de um Torneio Rio-São Paulo em que, após a 15ª falta cometida, o time adversário teria direito a uma falta sem barreira, da meia-lua da grande área. O Flamengo passou um primeiro tempo inteiro sem ultrapassar o limite - e com Junior Baiano em campo!!!

Agora, aqueles jogadores que carregam a bola e já esperam a falta, encostando propositalmente no marcador que está em cima, dá raiva. Porque não tenho dúvida que há rodízio de faltas premeditado. Mas também há "cavação" de faltas recorrente no futebol brasileiro, o que também tira a paciência do torcedor.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Ele voltou

A convocação de Adriano não foi nenhuma novidade. Mesmo quem não gosta do estilo do jogador não pode negar que ele tem feito gols importantes e não foge da responsabilidade nas partidas. Lidou com várias pressões e caminha para a recuperação.

Além disso: quem é o centroavante absoluto da Seleção Brasileira? Desde o declínio de Ronaldo Fenômeno, não apareceu ninguém à altura da posição, seja no talento ou pra impor respeito aos adversários.

Tanto é que os artilheiros da Era Dunga 2 foram Robinho e Kaká, que não são jogadores voltados prioritariamente para o gol.

Se Adriano, de fato, mostrar que está com a cabeça (e o peso) no lugar, e isso for tão permanente quanto os gols decisivos, garante a vaga de titular na Seleção. E os críticos vão ter que aturar.

São-paulinos sorriem

Paulo Vinicius Coelho e suas estatísticas comprovaram que o desempenho do São Paulo em Libertadores é semelhante ao do Boca Juniors.

Digo mais: a história recente do tricolor paulista está mostrando que é o primeiro clube desde o Flamengo de 81 a construir uma sólida hegemonia.

Poderia colocar o Palmeiras de 1993-94, mas eles não ganharam Libertadores. Ou o Vasco de 1997-98, mas não ganharam o Mundial Interclubes. O São Paulo, em duas gerações num curto espaço de tempo (1991-2007) conseguiu três Brasileiros, três Libertadores, três Mundiais. Fora os Campeonatos Paulistas.

Sem um futebol vistoso mas também sem "pipocar", o São Paulo faz mais um bom resultado na competição sul-americana. Adriano, mais uma vez, fez um gol decisivo. Fernando Henrique é bom goleiro, mas falha em jogos cruciais. O Fluminense baseava-se nisso quando buscava um outro nome pra posição.

O São Paulo pode não ser campeão (pode até não passar das quartas), mas não duvido que faça a final com o Boca Juniors.

Na Copa do Brasil, o Botafogo joga com a aplicação necessária: empata fora de casa, vence no Engenhão. O Corinthians se supera: vence na casa do São Caetano e garante a vaga nas semifinais. Promessa de um jogão, tanto no Rio como em São Paulo.

Sport 3 x 1 Internacional. O Colorado gaúcho, favorito para o Brasileirão, está eliminado da Copa do Brasil. Sei não, mas o Leão do Recife parece ter ganhado injeção de maiores ambições para 2008 (já foi tri estadual). A conferir.

Só que o Sport pega o Vasco, que não deu margem pro azar e eliminou o atrevido Corinthians alagoano. Mais um rubro-negro no caminho do time da Colina... Edmundo e Leandro Amaral têm contagiado o time e equilibrando talento, liderança e experiência. Excelentes semifinais.

NOTA FÚNEBRE: o Zenit é campeão da Copa da Uefa.

terça-feira, 13 de maio de 2008

O pecado mortal da omissão

O técnico do Zenit (time russo finalista da Copa da Uefa) fez a seguinte declaração:

- Não quero negros no meu time porque meus torcedores não querem.

Pra quem não se lembra, o Zenit foi o clube cujos torcedores protagonizaram inacreditáveis atos de racismo, sendo ameaçado de punição pela FIFA.

Aí é que está o problema: a FIFA ameaça, ameaça... e nada. Se a entidade máxima do futebol acha que não deve se meter, o apartheid no futebol está a um passo de ser naturalizado.

Só nos resta torcer para o Zenit levar uma surra de um time inglês ou francês, que contratam muitos jogadores do futebol africano - isso na esfera esportiva. Na esfera criminal, a indiferença acaba tendo o mesmo valor do irracional e injustificável ato de ódio que mancha o futebol.

Veja também: Alguma coisa está fora da ordem

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Reservas? Com reservas

O Campeonato Brasileiro de 2008 começa, como sempre, simultâneo à Libertadores e à Copa do Brasil. Os times envolvidos em duas dessas competições fazem a escolha de Sofia: escalar ou não times mistos/reservas para a primeira rodada do Brasileirão?

O risco não é tão pequeno como se pensa. Pergunte a quem ficou fora de uma Libertadores ou perdeu o título por três pontos apenas. Ou até menos.

Mesmo assim, vários times foram nessa empreitada. São Paulo e Santos se deram mal (ao menos o Peixe perdeu fora de casa) e Botafogo e Fluminense conseguiram resultados melhores (o tricolor empatou fora de casa).

Em compensação, os times completos de Portuguesa e Figueirense fizeram o jogo mais espetacular do dia: 5 x 5, sendo que a Lusa estava vencendo por 5 x 2. O Figueira tem a fama de não desistir de nenhum placar, e a comprovou mais uma vez.

A grande expectativa estava sobre o Flamengo de Caio Júnior: como se comportariam após a tragédia de quarta? O certo é que não deram chance para os púberes reservas do Santos: 3 x 1. Até Ibson voltou a fazer gol! E Juan prima pela regularidade.

Antes do jogo o vice de futebol, Kleber Leite, disse que "o assunto Libertadores está sepultado na Gávea". Excelente atitude. Por que não enterraram o título carioca na segunda-feira passada também? E diziam que o clube tinha aprendido com os erros da campanha de 2007...

São Paulo x Fluminense: aposto num jogão, e não duvido que um dos dois times seja finalista da competição sul-americana.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Sob a batuta de quem sabe - parte 2

Acompanhe a segunda parte da entrevista com Junior, eterno Maestro do Flamengo:

“GRAÇAS A DEUS JOGUEI 82!”

FR – Você tinha tudo pra jogar a Copa de 94 e o Parreira falou que não havia seleção no mundo com jogadores por volta dos 40 anos. Hoje há o Maldini (zagueiro da Itália) com 39 anos, o Nedved (meio-campo da Rep. Tcheca) com 36. Como foi pra você ouvir aquilo, sabendo que você tinha qualidade?

J – Eu parei de jogar, aquilo acelerou a minha despedida. Porque eu tinha como objetivo pelo menos chegar à Copa de 94, quando eu teria 40 anos. Tinha vindo de uma temporada excepcional, ainda estava bem. Mas aquilo ali jogou uma água fria. A gente é movido a objetivos, e quando chega nessa idade, principalmente.

O Romário, por exemplo. Quando chegou nos 1.000 gols com certeza ficou na cabeça dele: qual o meu objetivo agora? Aí você começa a buscar. Se você não encontra um objetivo forte, você vai fazer outra coisa: cuidar da mulher, dos filhos, curtir a família. E acho que tanto o Parreira como o Lazaroni em 90 poderiam ter me levado. E eu teria ajudado muito.

FR - Parreira também desdenhou da seleção de 82, dizendo em entrevista de 2006 que a História não fala de seleções que deram show. A Holanda de 74 e a Hungria de 54 entraram no mesmo barco... Como é pra você ouvir isso sobre a sua geração, ainda mais vindo de um dos principais técnicos brasileiros?

J – Eles falam em cima do resultado, não em cima da história do futebol. O resultado diz que o Brasil foi campeão em 1994. Mas a história fala que quem jogava o futebol que o torcedor gostava era o de 1982, 70, 58. Quando citam a seleção de 94 falam principalmente de Romário e Bebeto. E do Dunga, mas por causa da revanche de 90.

FR – E do Taffarel pelos pênaltis...

J – Então o Parreira pode dizer o que ele quiser. Você aceitar, aí é uma outra história. Graças a Deus joguei 82! As pessoas falam de tristeza... Que tristeza? Fiz uma música que até hoje todo mundo em roda de samba pede que eu cante (“Voa, canarinho, voa”, LP com mais de 800 mil cópias vendidas que foi a trilha sonora da seleção na Copa), joguei ao lado de Zico, Sócrates, Falcão, Cerezo, Oscar, Luizinho, Éder... Só monstros sagrados. Trabalhei com o maior treinador da história do futebol brasileiro (Telê Santana). Depois de 82, joguei mais três anos na Itália, voltei, fui campeão.

Não dá pra ficar preso à história de um jogo. Pobres daqueles que ficaram presos ao Brasil x Uruguai de 50.

A Copa da Itália foi um resultado que faz parte da profissão. Gostaria de ter ganho? Gostaria. Chorei? Chorei muito, junto com todo mundo. Era uma oportunidade que a gente tinha pra fazer até a evolução do futebol, porque todo mundo copia quem ganhou. Todo mundo queria copiar a Holanda de 74, e o que aconteceu? Nós tivemos uma Copa de 78 maravilhosa, com todo mundo jogando no ataque. Até a Itália! Nós perdemos em 82 e houve uma involução no futebol, com todo mundo jogando no contra-ataque etc.

FR – Você se sente realizado mesmo não tendo ganhado a Copa de 82.

J – Caramba, quem vai me tirar ter sido campeão do mundo em 81 [pelo Flamengo]? Hein? As pessoas não têm noção do que é isso...

FR – E o que você achou do futebol da seleção de 94?

J – Em 94, com as características daquele elenco, você só podia jogar daquele jeito. O pessoal fala do Flamengo de 81. Nós jogávamos no 4-5-1: o único atacante de nosso time era o Nunes, todo mundo vinha de trás e todo mundo fazia gol. Por quê? Porque as características daquele time permitiam fazer isso. Em 94, não. Eu participei da comissão técnica, fui observador da seleção, e falei isso na época. Se o Brasil joga de outra forma, atacando, não chegava.

“TODOS ESTÃO TÉCNICOS”

FR - Você teve uma curta experiência como técnico (Flamengo e Corinthians). Na época disse uma frase: “eu não sou técnico, estou técnico”.

J – Eu acho que todo mundo “está técnico”. Na conjuntura atual, você está na quarta e no domingo, você já era. Eu nunca pensei em ser treinador.

FR – E como é que surgiu essa oportunidade?

J – O Paulo Angioni me convenceu que eu tinha que assumir o clube naquela hora, que precisavam de mim. E tudo o que se relaciona ao Flamengo eu não posso dizer que não, tenho que pensar. Aí me ligou o Cantarele (ex-goleiro do Fla, campeão mundial em 81), e outros, dizendo “vamos lá, a gente vai te ajudar”, e fomos. Mas não é que eu me preparei pra ser treinador. Poderia até ter continuado a carreira.

FR - E o que te levou a parar?

J – Uma série de coisas... Eu quero mais é curtir a vida, essa experiência não mudaria nada pra mim. O que eu quero mais? Eu me realizei como profissional, consegui quase tudo que um atleta gostaria de alcançar. Financeiramente tenho uma vida tranqüila, não tenho a necessidade de ficar pulando de galho em galho [como técnico]. Quero ir à praia, estar com meus filhos, tocar um pagode na esquina com meus amigos... Passei 23 anos ali [no futebol], me dedicando, e aí fui pro lado de curtir a vida. Me chamaram pra ser treinador da seleção olímpica da China no ano passado. “Não, obrigado, meu camarada, não quero sair do país, toma umas indicações de nomes...”.

À VONTADE NA TV

FR - E hoje, você “está” ou “é” comentarista?

J – Eu já tenho mais de dez anos comentando. Comecei quando ainda jogava no Torino, comentando alguns jogos na RAI: Copa da Uefa, Liga dos Campeões... Aí comecei a gostar disso. Aqui comecei em 1995, quando a Globo me chamou, fiz as finais do Brasileiro, Supercopa. Vi que era bom pra caramba.

FR – Por que você gosta tanto de ser comentarista?

J – Porque eu acho que posso transmitir a minha experiência para as pessoas leigas. Muitas vezes as informações que chegam para o torcedor não chegam da forma que deveria chegar. Eu gosto de passar o que estou vendo no campo pro cara em casa, e o cara entender. Isso é a satisfação. É a mesma história do treinador: por que o Cuca deu 3 socos no ar na semifinal contra o Flamengo? Porque aconteceu uma jogada que ele treinou, essa é a realização dele, já que ele não entra mais em campo. (Na foto ao lado, Junior recebe o prêmio de melhor comentarista de TV do Campeonato Carioca 2008, dado pela Federação de Futebol do Rio)

FR – E dá pra falar tudo o que pensa?

J – Eu não tenho restrições. Até hoje ninguém chegou e disse: “você não pode falar isso”. Você tem que saber o seu limite, até onde você vai. Eu não posso extrapolar quando falar do Flamengo ou do Vasco, nem pra bem nem pra mal, sabendo quem eu sou e quem eu fui. Você está ali pra comentar, não pra narrar nem pra convencer ninguém. Você tem que ter opinião, não adianta ficar em cima do muro.

Leia também a primeira parte da entrevista

O resto da rodada

Após uma ressaca inesperada, retomo o fôlego pra comentar os demais jogos da rodada de quarta.

A torcida vascaína só tem o que comemorar. Leandro Amaral, dessa vez, demonstrou profissionalismo (tinha outra escolha?) e mostrou que será muito útil ao time. "Tio" Edmundo agradece, ganhou um garçom e tanto. E que também faz gols.

Depois do fiasco rubro-negro, nenhum cruzmaltino se atreve a dizer que a vaga na próxima fase da Copa do Brasil já está garantida...

Sem brilho nenhum, mas garantindo o máximo de pontos possíveis, o São Paulo segue na Libertadores. 1 x 0 talvez seja o placar mais comum nos jogos do tricolor. Mas o sufoco tem compensado, e quem já é tricampeão do torneio nunca pode ser descartado.

O Fluminense, que terça-feira passou pelo Nacional no estilo do São Paulo, completa o primeiro duelo brasileiro na Libertadores. Tem mais talento que o time paulista, mas precisa traduzir em efetividade e vontade de buscar um título inédito.

O Cruzeiro juntou-se ao "paredão" que o Boca Juniors mantém há séculos. Mais uma vítima do implacável campeão da Libertadores em 2007. Os argentinos jogam como se estivessem sempre em casa, e sempre com raça e disposição, como se estivessem perdendo. Pra mim, será bicampeão.

E sábado começa o Brasileirão!

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Vexaminoso

Não há outra palavra pra descrever o que foi a partida e o resultado de ontem no Maracanã. O Flamengo jogou como não se deve jogar uma Libertadores: com displicência e achando que seria fácil. Todos os jogos da competição são difíceis e com clima de final.

Caio Júnior que se cuide: sem Fábio Luciano, a defesa rubro-negra fica totalmente desorientada. Por isso tomou sufoco e o segundo gol, o mais importante do jogo (deixou o Flamengo e a torcida nervosos e em dúvida). Só Juan parecia sóbrio.

Souza, que quase não protagoniza os jogos devido a sua função tática de pivô, não escolheu pior momento para aparecer e jogar terrivelmente. Marcinho estava mal, Leo Moura estava mal, Obina e Tardelli não resolveram e Renato Augusto entrou tarde demais.

Não era a noite do Fla. Tanto o primeiro como o terceiro gols mostraram que a sorte não estava do lado do campeão carioca. O que não é desculpa: quem fez quatro gols fora de casa não conseguiu fazer um sequer - o que seria suficiente - diante da torcida?

Agora, resta chegar entre os 4 primeiros do difícil Campeonato Brasileiro para tentar, novamente, a Libertadores. O Flamengo jogou fora todo o planejamento focado na competição sul-americana.

Espera-se dos dirigentes cabeça fria e de Caio Júnior muita psicologia para o elenco perceber que ainda há um ano inteiro pela frente para apagar essa mancha histórica. Precisa pensar no título nacional, nada aquém disso. Apesar de ontem, tem time pra tentar a conquista.

Quando o Cruzeiro pensava que seria o papelão da noite, o Flamengo tratou de ser campeão nisso também. Afinal, o Boca Juniors é o atual campeão da Libertadores, e não o último colocado do campeonato mexicano.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Sob a batuta de quem sabe

A primeira grande entrevista do Futebol Racional foi com um grande craque brasileiro: Junior, o eterno “Maestro” do Flamengo. Campeão carioca, brasileiro, da Libertadores e Mundial pelo rubro-negro. Considerado um dos melhores laterais da história do futebol.

Na casa de sua mãe, em Copacabana, ele falou sobre as diferenças do futebol de ontem e de hoje, preconceitos, decepção com dirigentes. E dá graças a Deus por ter jogado a Copa de 82.

Hoje publicamos a primeira parte da entrevista. Aproveite a condução verbal do Maestro:

FUTEBOL RACIONAL - Você jogou nas duas laterais e depois foi pro meio-campo. Quais as principais diferenças entre os jogadores dessas posições da sua época para os de hoje?

JUNIOR – Hoje não tem mais lateral, né? Você tem alas. E acabaram os pontas. A gente ficava na véspera do jogo pensando: “Caramba, amanhã vou ter pela frente Wilsinho, Robertinho, Nilton Batata, Valdomiro, Narciso...”. E hoje? Lateral vai marcar lateral? Jogar de lateral hoje é uma “teta”. Quem dera. Antes era difícil: ponta-direita e ponta-esquerda dos bons, rápidos, velozes.

A própria carência do Brasil [hoje] faz muitos laterais passarem a ser meias. Cada time tinha um camisa 10 de tirar o chapéu, um meia-direita excepcional, dois laterais bons. A carência hoje faz com que você improvise e “queime etapas” pra certos jogadores.

É o caso do Ibson (meio-campo do Flamengo): ele é um cabeça-de-área que se tornou um bom meia. Mas se ele tivesse se fixado na posição original teria sido um excelente cabeça-de-área, porque além de marcar bem, passava bem e chegava bem na frente.

FR – Falando da relação entre jogador e clube, a sua geração teve algo diferente nesse sentido.

J – Não existem termos de comparação. Primeiro, que se jogava por outros valores, não necessariamente financeiros. As pessoas sabiam o quanto o clube era importante, o quanto representávamos para o clube, o quanto poderíamos representar ainda. A quantidade de propostas que foram negadas foi grande, porque nos sentíamos bem ali. Você cria uma relação de identificação. Será que nós nos comportaríamos dessa forma hoje? Não sei.

O Flamengo era o clube que melhor pagava, ninguém queria sair e todo mundo queria ir pra lá. Em 81 o Real Madri fez uma proposta pra mim, e eu disse: “não, obrigado”.

FR – Com esse clima não havia “noitadas”, indisciplinas?

J – Havia, mas quem andasse fora da linha e não se “enquadrava” na estrutura daquele Flamengo não era aceito pelo grupo. Alguns a gente teve que recuperar, era uma coisa que fazia parte da obrigação do grupo. A gente sabia que um jogador tinha família no Brasil e falava pra ele: “não vai gastar o dinheiro todo na excursão, segura a onda, lembra da tua família”. Isso era uma preocupação de todos.

FR – E esse clima de família, de grupo compromissado uns com os outros, ainda é possível hoje?

J – O Botafogo do Cuca é a maior demonstração isso. É um grupo cúmplice, comprometido com os objetivos traçados. Uma ovelha pode desgarrar. Se três ovelhas desgarrarem, você não chega. O Cuca é o responsável, pois ele deve ter vivido isso em outras situações.


CAPITÃO COUTINHO

FR - Qual a contribuição do técnico Cláudio Coutinho naquela geração do Flamengo?

J - Tive a primeira experiência com o “Capitão” em 1976, nas Olimpíadas. Ele sendo o cara que vinha da preparação física mas com a cabeça já voltada muito pra parte técnica e tática. E quando eu voltei surgiu essa possibilidade (Coutinho ser técnico do Flamengo), pois a gente tinha feito boa campanha nas Olimpíadas. Ele já tinha sido atleta do clube, era torcedor do clube. O dr. Ivan Drummond (dirigente do Fla) veio me perguntar o que eu achava. Eu falei: acho que é a pessoa que está pensando à frente, em relação aos treinadores que eu trabalhei. Acho que é a pessoa certa pra dar aquele salto de qualidade.

Ele trabalhava como técnico, como psicólogo, tirou do basquete a ultrapassagem, a história do ponto futuro. Usou uma terminologia que não era normal no futebol. “Que história é essa de overlaping?” E hoje a gente vê todo mundo fazendo overlaping (a passagem do lateral pra receber a bola por trás do marcador, próximo à linha de fundo). Isso em 1976! A contribuição dele foi a maior possível pra montagem daquele time.

FR – Como era o cotidiano com ele? Nas derrotas inesperadas, ou diante de uma situação que, como técnico, ele tinha que agir?

J – Aí ele usava a psicologia. Teve um dia que eu entrei no vestiário nervoso, tinha tido uma discussão qualquer no campo. Depois que eu esbravejei, o Coutinho ficou me olhando e perguntou: “Acabou?”. Aí ele falou: “Senta ali e me diz quantas vezes eu já gritei com vocês. Vai resolver se gritar? Então esfria a cabeça, vamos conversar e vamos ver”. Ele te desarmava assim! Porque era um cara extremamente inteligente, culto, com uma sabedoria.


PRECONCEITO AO CONTRÁRIO

FR – Como foi a história da sua dispensa do América?

J – Eu passei na peneira, e já estava há três meses no clube. Na hora de receber o pagamento, eu e mais dois colegas não recebemos. Aí perguntamos por que a gente não tinha direito de receber. “Ah, vocês moram em Copacabana, Ipanema, não precisam...”. Depois dessa, eles não me viram nunca mais.

FR – Era o preconceito por vocês morarem na Zona Sul.

J – Mesmo quando fui pro Flamengo tinha sempre uma piadinha porque eu morava em Copacabana. Até esse tipo de coisa te motiva. É, moro em Copacabana, estudei em escola particular. E não podia ser um deles? Porque eu não erro concordância, porque falo tudo no plural? Parece que você tem que ser um burro pra ser jogador de futebol. Pro dirigente, isso é ótimo. Quer dizer, era ótimo, porque hoje em dia o procurador tomou conta dessa situação. Foi tanto dinheiro que entrou no mundo do futebol que hoje todo jogador tem procurador e assessor de imprensa!


BEACH SOCCER: PODIA TER SIDO MELHOR

FR – Falando em dirigentes, você é praticamente um fundador do beach soccer. Saiu da liderança do esporte por não concordar com os rumos que foram tomados - pensar em negócio lucrativo sem investir na base.

J – Eu fui jogar beach soccer porque eu queria o desenvolvimento do esporte. A primeira vez que joguei foi em Miami, em 1993. Eu pensei: “Isso aqui é a cara do Rio de Janeiro”. E o futebol de 11, da praia, tinha praticamente acabado. E o formato do BS, feito por um ítalo-americano, foi criado para a TV, privilegiando a parte técnica. Poucas faltas, jogadas espetaculares...

Fiz a ponte entre o criador do BS e a Koch Tavares, que organizaria o esporte. Só que a Koch Tavares vislumbrou os grandes eventos apenas. Eu queria que o esporte crescesse – como cresceu – mas não só na parte comercial. Nunca vi um torneio, organizado por eles, do juvenil, de feminino. Pra eles só interessa Júnior Negão, Neném, Junior e cia. pra botar na TV Globo.

Eu sei que fui usado, mas fiz isso porque eu queria ajudar a garotada que eu conhecia desde que eram pequenos. O meu objetivo eu alcancei: todos eles estão encaminhados, viraram jogadores profissionais. Cansei de dizer pra eles: “isso aqui não é mais uma brincadeira, tomou uma dimensão muito grande, vocês têm que ser profissionais”. Eu tava ali mais por divertimento, viajei como nunca. Com o BS fui a Okinawa, Marseille, Montenegro.

FR – Você acha que esse tipo de pensamento, de não pensar na base e só vislumbrar os grandes eventos comerciais, também está no futebol atual?

J – É diferente, porque o futebol profissional é regido por outra legislação. A seleção no futebol aconteceu porque existiam os clubes. No beach soccer foi o contrário: primeiro foi a seleção, depois a seleção, e a seleção. O ideal seria fazer um campeonato carioca, um paulista... E isso jamais passou pela cabeça dos grandes organizadores.


FLA-FUTEBOL: O MELHOR CAMINHO, NEGLIGENCIADO

FR – Tangenciando um pouco esse assunto, é por aí a sua decepção quando você foi gerente de futebol do Flamengo, em 2004?

J – Não, ali envolve outros ingredientes. Lá a minha expectativa era a de fazer o que eu tinha pensado pra depois de parar, isto é, a profissionalização do departamento de futebol. Porque não dá pra discutir com um dirigente que chega no clube às 6 da tarde quando eu estou lá desde as 8 da manhã. Ele foi pra empresa dele, fez a empresa dele lucrar, e depois vem pro Flamengo sem ter responsabilidade nenhuma. Se ele contratar um jogador que não der certo, ele não vai tirar dinheiro do bolso pra ressarcir o clube.

Mas [como gerente de futebol] eu era o profissional responsável pela contratação, junto com o treinador. No documento ia a minha canetada, e esse dirigente não podia chegar pra mim e dizer alguma coisa. Primeiro, porque tecnicamente ele não entende muito. E esse é um dos problemas: eu tinha muita responsabilidade e pouca autoridade.

E a autonomia financeira? O futebol é responsável por 86% da receita do clube, e no departamento de futebol só fica 32%. Tem alguma coisa errada nisso.

Então, você vai juntando as coisas. E principalmente: a falta de pulso do Marcio Braga. Quando ele me chamou, eu senti uma firmeza incrível. Eu pensei: agora é a hora que o futebol, pelo menos no Flamengo, vai dar uma reviravolta. E continuo achando que é só esse o caminho. Mas aí o Marcio, num determinado momento, não sustentou o seu projeto. As razões ele nunca me disse.

E era um projeto maravilhoso. Tinha a idéia de um centro de treinamento, pra formar o jogador, conquistar títulos e satisfazer a torcida, que é a razão de ser de todo clube, pelo menos no Brasil. E ele abandonou todo esse discurso que fez comigo.

FR – Como era a sua equipe?

J – O Fla-futebol tinha quatro profissionais: eu, na parte técnica; José Maria Sobrinho na parte executiva; João Henrique Areias na de marketing e o Paulo César Pereira, advogado que ficava com a gente 24 horas.Todos os problemas que envolviam o futebol você resolvia dentro do futebol, no dia. Não esperava o dirigente chegar no dia seguinte...

FR – E chegou a funcionar por um tempo?

J – Bem demais. O Flamengo foi campeão carioca em 2004 sem recursos, com dois meses de salários atrasados. A gente chegou junto dos jogadores, os mais “cascudos”, experientes do elenco, e eu disse: não vou mentir pra vocês, porque vocês não gostam de mentira, como eu também não gostava. A situação é essa. E se o clube, principalmente o presidente, tivesse dado o suporte necessário para essa relação de confiança continuar...

FR – Mas teve algum episódio que você pensou: “acabou, é a gota d'água”?

J – A coisa foi gradativa. Mas a gota d'água foi quando o Artur Rocha, vice-presidente geral, aproveitou que o Marcio Braga estava em viagem, trouxe o Dimba e pagou R$ 1,330 milhão na mão dele, e o elenco todo com salários atrasados. Isso é uma falta de respeito com todo mundo que estava no futebol do Flamengo desde o início. Como na semana passada eu tinha dito que, se tivesse interferência eu ia sair, ele acreditou que com aquilo ali eu ia pedir pra ir embora. Eu disse: “Ah, é? Quero ver me mandar embora”. E o Artur Rocha sempre torceu contra.

FR – Por quê?

J – Porque o sistema profissional implantado ia tirar desses caras uma série de coisas que nunca ficaram tão claras pra todo mundo. Infelizmente essas figuras continuam dentro do futebol. E em 2004 era a hora de implantar esse sistema. Não precisava ser comigo, poderia ser qualquer outro profissional. O projeto Fla-futebol conseguiu [ganhar] títulos, arrecadar recursos, revelar jogadores, como Luiz Alberto, André Bahia, Ibson, Jean. E os procuradores desses jogadores levaram [o dinheiro da venda] e o clube não recebeu nada.


LEI PELÉ: PROCURADORES ACHAM CLUBES

FR – Essa é uma outra questão, a existência dos empresários (procuradores).

J – Os clubes são reféns dos empresários, porque a lei possibilita que eles usem o seu lado capitalista. Quem tem, manda, quem não tem não vai mandar. Vai ser obrigado a vender ou então se prostituir. A Lei Pelé praticamente fez dos clubes reféns dos empresários.

FR – Por causa do passe aos 25 anos?

J – É, você não deu ao clube a possibilidade de usufruir do seu atleta, pelo menos no mínimo de tempo possível para que possa te ressarcir de tudo o que você investiu. O André Bahia, o Júlio César tinham uns dez anos de Flamengo. Foram embora e quem ganhou? Seguramente, os procuradores. E ganharam a maior fatia. A própria Lei Pelé não tutela os clubes.

FR – Ou seja, a Lei Pelé podia até ter uma certa intenção, mas no fundo prejudicou.

J – É que a gente costuma copiar todo mundo. Apareceu a Lei Bosman. Deveriam ter estudado a lei a fundo para aplicar isso no Brasil. Porque no Brasil os clubes vivem de vender jogadores, até hoje. Se o São Paulo, o clube mais bem administrado do Brasil, não vender uns dois jogadores por ano, cai.

Dia desses o presidente Horcades, do Fluminense, falou: “O presidente de clube que disser que não precisa vender jogador, estará mentindo”. Fora isso, a única forma que você tem de trazer dinheiro para o clube é por meio de vitórias e conquistas. Se você for à final, tem uma cota a receber, tem o prêmio do patrocinador, prêmio do fornecedor.

Na segunda parte da entrevista, Junior fala da experiência como técnico, Copa de 82 e a vida de comentarista.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Caio Júnior?

Vantagens da escolha de Caio Júnior para técnico do Flamengo: já treinou times em formação (Paraná) e um time de grande torcida (Palmeiras). Também já disputou o Brasileirão e a própria Libertadores. Mesmo jovem, tem certa experiência considerável.

Também parece ser humilde, admitindo que vai seguir o script de Joel Santana, já que o andar da carruagem está bom para o Fla. Ok, pode ser uma diplomacia necessária, já que Joel sai com moral e não é de bom-tom dizer que uma nova era começa.

Mas é ótimo que haja uma transição negociada, com os dois técnicos sentando juntos e trocando informações estratégicas sobre o elenco inteiro.

Desvantagens: Caio Júnior é do tamanho do Flamengo? Ney Franco não era, embora tenha conquistado títulos (na Copa do Brasil ele chegou ao Fla nas fases finais, como Caio Júnior na Libertadores de agora). Mas a torcida agüenta outro Ney Franco?

E as dúvidas: vai botar o time no ataque? Vai domar os barris de pólvora Souza, Toró, Jônatas etc? Parece ter se entendido com Edmundo, na época de Palmeiras.

O que pode ser vital é o voto de confiança da diretoria do Flamengo, prosseguindo na linha de um planejamento continuado para o resto do ano. Isto é, sem fazer Caio Júnior pensar que a qualquer momento pode cair.

Mas se os bons resultados não vierem, não há quem segure a fúria irracional do torcedor.

domingo, 4 de maio de 2008

Campeões com sobras

As finais dos campeonatos estaduais desse domingo não deixaram dúvida: foi campeão quem tinha que ser.

A começar por São Paulo: o Palmeiras confirmou o favoritismo que ganhou ao longo da competição e espantou uma possível zebra (principalmente depois da goleada sofrida para o Sport). Não só ganhou como tripudiou: 5 x 0, com Valdivia fazendo gol de craque.

Quer mais? Alex Mineiro terminou como artilheiro isolado, e Luxemburgo mostrou que não entra em time algum pra perder títulos.

No Rio Grande do Sul, o Internacional humilhou mais: venceu de 8 x 1 o Juventude, que estava feliz pela vantagem de um gol conseguida na primeira partida. Só o primeiro tempo terminou 4 x 0.

Quer mais? O goleiro Clemer, de pênalti, fechou a goleada, entrando pra história.

Em Minas, o Cruzeiro ainda saiu com uma vitória, diante da missão impossível do Atlético. Vai com a faixa de campeão encarar o Boca Juniors pela Libertadores.

No Paraná, um golzinho sem-vergonha foi o suficiente pro Coritiba ser campeão. Perdeu de 1 x 2, mas tinha ganho a primeira partida por 2 x 0. De nada adiantou o Furacão igualar a marca histórica de 11 vitórias seguidas, no início do campeonato.

No Rio, uma pessoa foi a grande responsável pelo placar da partida no primeiro tempo e ao final do jogo: Joel Santana. Colocar o time do Flamengo pra jogar na defesa é pedir pra tomar gol. Mesmo sendo falha de Bruno, o Botafogo sobrava em campo quando fez 1 x 0.

Depois, Obina e Diego Tardelli mais uma vez fizeram a diferença. Pra não pensarmos que Joel fez uma loucura, foram substituições treinadas na Gávea. Tanto é que todos os demais rubro-negros em campo sabiam exatamente o que fazer na nova formação. Marcinho mais uma vez mostrou que a torcida pode confiar nele: tem raça, disposição, talento, e chama a responsabilidade pra si.

O Botafogo poderia ter uma chance de mudar a partida, se tivesse reservas à altura. Você, torcedor botafoguense, ao saber que Adriano Felício e Fábio vão entrar em campo, espera grande coisa?

O elenco do Fla também está mais acostumado a disputar finais e jogos decisivos do que o elenco do Botafogo. Desde a Libertadores de 2007 a base rubro-negra é a mesma: são duas Libertadores, dois Campeonatos Cariocas e uma ressurreição no Brasileiro. Isso pesou ontem também.

Todos campeões inquestionáveis, seja pelas finais, seja pelo retrospecto na competição.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

O Barcelona é mais um

Após contratar Henry e ainda contar com Eto'o, Ronaldinho, Messi, Deco e Thuram, as expectativas da torcida catalã para 2008 foram às alturas. Os dois anos sem título pareciam chegar ao fim. Mas o que acaba de acabar mesmo é o tal supertime do Barcelona.

Não é a primeira vez que um time formado por vários "galáticos" naufraga sem ganhar nada. O exemplo mais recente é o do arqui-rival Real Madri (cuja trajetória rendeu em excelente livro-reportagem). Na capital espanhola Ronaldo, Zidane, Figo, Beckham e Raúl não foram os megacampeões que se esperava.

Por que isso acontece? Por que tanto talento junto não dá certo?

Talvez porque, apesar das exacerbações midiáticas individuais dos craques de agora, o futebol nunca tenha deixado de ser um esporte coletivo. E para funcionar coletivamente, é preciso equilíbrio.

Assim, um time que tinha Pelé, Pepe, Coutinho, Zito e Gilmar também tinha Lima, Mengálvio, Tite. Zico, Júnior, Raul e Leandro jogavam com Marinho, Manguito, Figueiredo. Até na seleção: Garrincha, Didi e Nilton Santos atuavam juntos de Bellini, Mauro, Zózimo.

Se há os jogadores espetaculares, é preciso que existam os nem tanto (mas nem por isso sem talento ou valor). Sobre estes as expectativas não são tamanhas, ainda podem fazer seu trabalho sem tanta pressão. Sem a cartola entregue pela assistente de palco, não há jeito do mágico tirar o coelho lá de dentro...

Ou então: você pode tentar sobreviver alimentando-se de filé mignon todos os dias. Mas vai sentir falta da complementação básica de um feijão com arroz. Os dirigentes e o técnico devem saber montar um time "balanceado", com o "tempero" dos foras-de-série empolgando todo o conjunto.

De nada adianta vender milhões de camisas dos galáticos se a galeria de troféus é cada vez menos estrelada.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

A cada quatro gols, uma surpresa

A noite de quarta foi recheada de goleadas inesperadas, gerando esperanças onde antes não havia. Ou mascarando erros - o que pode ser fatal mais à frente.

É impressionante a capacidade do time do Flamengo para complicar jogos fáceis. O América é o lanterna do campeonato mexicano e já tinha declarado que um empate (em casa!) era um bom resultado. E não consegue acertar um seqüência de três passes.

Pois o Fla fez questão de jogar como se fosse o lanterna do Brasileirão. Muitos erros de marcação primários, passes curtos desperdiçados sem parar, mau posicionamento. Parecia um time que nunca tinha jogado junto.

E sem meio-de-campo. Jailton, como sempre, inútil; Ibson, inexplicavelmente parece que desistiu de jogar futebol; Kléberson, irritante. Só se salva Cristian, que mesmo assim não cria. Daí, Luizinho é lateral autêntico, ao contrário do ala Leo Moura, que se aventura nos bons passes e lançamentos.

Só Juan não dava conta, e Souza voltava pra buscar jogo e se via isolado no ataque, já que Marcinho não aparecia para tabelar.

Só que o ex-jogador do Atlético-MG provou que é a melhor contratação do Flamengo na temporada. Com lançamento de Bruno (mais uma prova do deserto de criação no meio-campo), Marcinho dominou, partiu pra cima e fez algo simples que não estava sendo feito: chutou a gol. 1x0 Fla.

Logo depois, um empate com falha de marcação no cruzamento. No segundo tempo, os mesmos erros e, de novo, Marcinho resolveu chutar (certo) a gol e fez o 2x1. Numa bisonha falha de marcação da zaga, 2x2. O rubro-negro parecia querer drama atrás de drama.

Até que, após mais um chute na trave, Léo Moura (que não estava impedido), cruza para Tardelli (esse eu tenho minhas dúvidas) que só empurra pro gol. Ainda deu tempo, sob o terror de levar mais um gol de empate, de fazer o quarto e praticamente garantir a vaga nas quartas.

Mas se não resolver esse terrível meio-campo, sei não...

O Fluminense também conseguiu ótimo resultado vencendo o Nacional fora de casa. Precisa manter a concentração pra não "apagar" durante as partidas decisivas.

O Cruzeiro fez um importante gol na Bombonera e pode vencer o Boca Juniors em casa. Só não pode pensar que saiu com vantagem, porque o Boca é o Boca, veterano campeão da competição.

O São Paulo arrancou um empate com o Nacional do caldeirão de Montevidéu, mas a torcida ainda hesita em comemorar, com razão.

O Palmeiras caiu de quatro em Recife, provando que sua prioridade é o Campeonato Paulista. Ficar de bem em casa com a torcida, ganhando dos principais rivais, vai dar a tranqüilidade necessária pra começar bem o Brasileirão - onde Luxemburgo deve apostar todas as suas fichas certeiras.

Se eu fosse o técnico da Ponte Preta, diria para seus atletas que domingo é o jogo da vida deles. E aí...

O Corinthians não quis saber do Goiás e fez um 4 x 0 pra dar moral. Também é um time que não empolga e nem possui grande elenco, mas vai se valer da raça pra avançar na Copa do Brasil. Será que a torcida esperava um placar tão dilatado?