sábado, 26 de julho de 2008

É Lúcio Flávio!


Ao entrevistar o capitão do Botafogo parece que estamos conversando com um vizinho conhecido, daqueles que estão sempre dispostos a bater papo. Lúcio Flávio, 29 anos, conta ao Futebol Racional como é essa grande identificação com o clube, lembra momentos marcantes e fala de espiritualidade, que está conectada com seu trabalho dentro de campo. Tudo com muita naturalidade.

FUTEBOL RACIONAL - Sua carreira começou no Paraná Clube. Você também é de lá?

LÚCIO FLÁVIO – Sim, sou de Curitiba e comecei a jogar futebol aos 10 anos no Colorado, que depois se fundiu com o Pinheiros e ambos viraram o Paraná Clube. Me profissionalizei em 1997.

FR – E por que resolveu jogar futebol?

LF – Eu tive muito contato com o futebol por acompanhar o meu tio, Ney Santos, que jogou no Paraná Clube, no Vasco, no Bahia... Ele sempre me incentivou a seguir essa carreira também, e eu vi que era o que eu queria fazer.

FR – Você foi convocado para a seleção brasileira sub-20 e chegou até a jogar com atletas conhecidos, né?

LF – Foram duas convocações, quando eu pude jogar com Ronaldinho Gaúcho, o Júlio César e o Juan (respectivamente, goleiro e zagueiro da seleção atual). E também o Mancini, que acabou de se transferir para a Internazionale de Milão.

FR – Como era sua relação com o Botafogo antes de ser contratado? Como você via o clube?

LF – Eu vim pra cá no fim de 2005. Antes disso, houve quatro sondagens pra eu ser contratado, mas alguns amigos que vieram jogar no Rio de Janeiro nunca me davam boas notícias sobre os clubes daqui. Eles diziam que os clubes não pagavam [salários], então eu tinha muito receio de vir pro Rio. Depois de um tempo soube que essa situação estava melhor, eu não estava satisfeito no São Caetano e acertei com o Botafogo. E fui campeão carioca logo no primeiro ano, em 2006. Isso ajudou bastante a ser referência no clube.

FR – Essa é uma coisa que o Botafogo tem: a grande identificação com determinados jogadores, e não apenas uma simpatia ou mera torcida. Você, Túlio, Jorge Henrique e Wellington Paulista conseguiram essa identificação com o clube. Por que isso acontece?

LF – Talvez porque todos nós fazemos parte de um grupo que, nos últimos dois anos, fez o Botafogo voltar a ser competitivo (de 1999 a 2005 o clube não ganhou nenhum título). Claro que a identificação é fruto desse trabalho, acho que o torcedor se identifica muito com os jogadores que buscam fazer história no clube. Ou seja, que eles tenham uma continuidade no clube, um tempo de trabalho, que se dediquem à camisa que vestem.

FR – E você renovou o contrato com o Botafogo num momento em que outros foram embora. O que pesou pra você continuar no clube?

LF – Em 2006, após o Campeonato Carioca, precisei fazer uma cirurgia no joelho e fiquei sete meses parado. E durante toda a minha recuperação a diretoria do Botafogo pagou meus salários e manifestou o desejo de renovar comigo, antes até que eu estivesse recuperado. Isso pesou bastante pra mim.

FR – O que é mais difícil para um jogador de meio-campo no futebol de hoje?

LF – Fugir da marcação individual, pois muitas vezes a questão física está superando a técnica. Hoje, qualquer jogador bem preparado fisicamente dificulta o trabalho de um armador, pois ele te acompanha o tempo todo. E aí nós mesmos também temos que estar bem condicionados, já não basta só a técnica.

FR – Quais jogadores são referência pra você?

LF – No futebol atual, o Kaká. Mas eu peguei também o final da carreira do Zico, e ele se tornou referência pra mim. Assim como Raí e Palhinha, jogadores de meio-campo daquele São Paulo dos anos 90, que ganhou tudo e jogava bonito, eu sempre assistia aos jogos deles. E também o Zidane, que também é meio-campista, é o maior que vi jogar de uns tempos pra cá.

FR – Você sempre foi meio-campo, então.

LF – Sempre. Nunca me mudaram de posição e eu nunca quis mudar, sempre procurei a armação de jogadas, sempre tive essa característica.

FR – E sempre batendo falta.

LF – Sempre.

FR – Você já contabilizou quantos gols já fez na carreira?

LF – Não sou muito de contabilizar não. Mas com certeza foram mais de 100 gols, e cheguei nesse número aqui no Botafogo. E também já fiz mais de 100 jogos pelo clube. Tudo isso tem contribuído para que o Botafogo seja um clube muito especial na minha carreira.

FR – E qual o seu gol e seu jogo inesquecível?

LF – O gol que eu fiz contra o Flamengo na final do Campeonato Carioca de 2007, em que eu passei por três ou quatro jogadores. Esse eu chego a tirar o DVD do armário pra rever... (risos) E o 4 x 4 com o Vasco, que foi um jogo bem marcante. Aos três minutos eles já ganhavam por 2 x 0, viramos pra 4 x 3 ainda no primeiro tempo e no final, sofremos o empate.

FR – Você pensa em encerrar a carreira pelo Botafogo?

LF – Ainda tenho um bom tempo pra jogar, não penso no fim da minha carreira. É o que tenho comentado com várias pessoas: hoje eu me sinto bem no Botafogo. Pra sair tem que ser algo bom, no sentido de me garantir segurança financeira. Mas no momento eu não vejo como não renovar com o Botafogo.

FR – Falando de um outro lado da sua carreira: você é cristão, não é?

LF – Sim, minha conversão foi há sete anos, por meio da minha esposa, que me apresentou o Evangelho de Cristo. Freqüento a Igreja Batista do Jardim Botânico.

FR – E os outros jogadores do grupo sabem disso, eles têm você como referência pra esse tipo de assunto?

LF – Sim, nas concentrações oramos e lemos a Bíblia juntos, e a maioria dos jogadores do elenco participa dessas reuniões. Até porque muitas vezes o atleta se prepara fisicamente, se alimenta bem, mas a cabeça muitas vezes não tá preparada. E essa questão espiritual é muito importante, é uma forma de buscar uma união [do grupo].

FR – Na sua opinião, qual é a relação entre Deus e o futebol?

LF – O que Deus espera não só do atleta, mas de qualquer pessoa, é que possam amá-lO acima de todas as coisas. Até porque, segundo a minha fé, a minha concepção, Ele nos deu esse dom [de jogar futebol], assim como dá outros dons a cada um. A partir disso, a gente tem que procurar fazer o melhor. A grande questão é ser uma pessoa correta, que respeita quem joga do seu lado e quem joga contra. Respeitar o próximo como a si mesmo.

FR – Pra finalizar: o que o Botafogo pode almejar no Campeonato Brasileiro?

LF – Primeiro, buscar a recuperação, que já está ocorrendo. Depois, o grupo da Libertadores. Porque, uma vez que você está entre os quatro primeiros, só tem mais um objetivo pela frente: ser campeão. Então temos que pensar nessa forma.

GOLS DE LÚCIO FLÁVIO:


4 comentários:

Anônimo disse...

Pááááááára tudooo
to com os olhos cheios de lágrimas hahahaahha

Lessaaaa te amooo ahuahuahau

Fabricio Raner

André Marques disse...

Grande Lúcio Flávio.
Pena que esse ano não está jogando rigorosamente nada...

Anônimo disse...

Amei a entrevista!! Se eu fosse você entrevistava o restante do time... Faz logo um especial sobre o Fogão!!

Agora só falta a minha camisa autografada. hahahaha
Abs, Luiza

Marcos André Lessa disse...

Luiza, vc é quarta na fila pra eu conseguir uma camisa autografada...
Essa entrevista só me deu trabalho!Abs!