domingo, 27 de abril de 2008

O primeiro tempo terminou

Com exceção de Minas Gerais, pode-se dizer que os jogos de ontem das decisões estaduais equivaleram apenas a um primeiro tempo que terminou. Nenhuma vantagem considerável que não possa ser revertida domingo que vem.

Flamengo e Botafogo fizeram um clássico que começou travado. A primeira etapa do jogo foi um festival de faltas para "matar" a jogada e marcação forte e atenta. O calor contribuiu também.

O alvinegro, seriamente desfalcado, continuou sendo bem armado por Cuca, mesmo quando ele resolveu substituir Túlio Souza aos 18 minutos, devido ao cartão amarelo. Só que, além da tática, do entrosamento e da mão do técnico, é preciso talento. E isso falta no banco do Botafogo.

A exceção é o goleiro Renan, que jogou como veterano, salvando dois gols certos do Flamengo no segundo tempo. Boa sombra pra Castillo não deixar a peteca cair.

No segundo tempo, o jogo mudou devido a uma grata surpresa: uma ousadia de Joel. Ok, nem tanto assim, porque ele treinou as alterações que fez.

Mas até então o meio-campo do Fla poderia ser reserva do Botafogo: nenhuma criatividade e muitos passes errados. As jogadas só saem com os laterais ou na volta dos atacantes.

Marcinho se movimentou bem, assim como Tardelli, e Obina confundiu de vez a marcação alvinegra. Num excelente passe de Léo Moura, o Fla fez ótimo contra-ataque. O baiano voltou a fazer o que sabe: se posicionar na área pra empurrar a bola pro gol. Se tentar fazer diferente, pode desistir.

O Botafogo sentiu os desfalques, portanto domingo que vem zera tudo. E como voltará o Flamengo da viagem ao México?

O Palmeiras venceu por 1 x 0 a Ponte Preta, em Campinas. E quem disse que isso é colocar a mão na taça? Marcos salvou várias bolas e o Verdão tomou sufoco no final. Mais uma vez: apenas o primeiro tempo da decisão terminou.

Em Minas, o Cruzeiro surpreendeu a própria torcida e venceu de 5 x 0 o arqui-rival Atlético. O centenário alvinegro já começa a azedar, principalmente se não for bem na Copa do Brasil. Mas será que a Raposa vai ter fôlego pra segurar o Boca Juniors na Bombonera?

Com o Atlético-MG comprovando a derrota no campeonato mineiro domingo que vem, anote aí: Geninho já recebe um telefonema de Kleber Leite na mesma noite.

Isso porque todas as outras opções de técnico já estão comprometidas com Copa do Brasil ou Brasileirão.

Quem vai topar pegar o Fla em meio à Libertadores? Só quem não tem nada a perder com o risco. Geninho se enquadra perfeitamente, embora eu não o considere bom técnico. Mas se tiver espírito "copeiro", quem sabe?

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Leandro e a moral

Depois de muito lenga-lenga, Leandro Amaral volta a ser jogador do Vasco da Gama. Bom para os torcedores da Colina, bom para o futebol, que volta a contar com um talentoso jogador em atividade.

O doutor Sócrates foi o que melhor resumiu a situação de Leandro em sua coluna na revista Carta Capital. A realidade dos empresários e seus resultados para o nosso futebol também já foi apontada aqui.

Mas será que a torcida vai entender esse contexto? Meu palpite é o seguinte: ele começará hostilizado, mas assim que a qualidade de seu futebol sobressair, tudo será esquecido.

Moral da história: o Vasco ganha um ótimo reforço para a Copa do Brasil e para o Brasileirão. E Leandro Amaral aprende (?) que não se deve confiar cegamente, e sem pensar, em empresários e advogados de ocasião.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Uma outra Libertadores

Definidos os confrontos das oitavas-de-final, começa agora uma nova competição. Não se pode exagerar, mas a verdade é que muito do que foi apresentado pelos times até agora não vai valer tanto a partir da semana que vem.

Campanhas ruins na primeira fase têm a chance de se redimir a partir de agora. Líderes estão em pé de igualdade com os últimos classificados, e podem cair a qualquer instante. Cada jogo será uma final, e isso muda tudo.

O Flamengo sofreu (de novo!) ao enfrentar o Coronel Bolognesi. Pareciam estar de ressaca da notícia da saída de Joel Santana. Mas Bruno resolveu salvar a noite com um lindo gol de falta. Milhões de passes errados e o golaço do goleiro: assim se resume a noite rubro-negra.

Aliás, o Fla vai jogar na altitude novamente, viajando até o México em meio às finais do Carioca. E no jogo de volta estará com técnico estreante. Perigo...

O São Paulo prossegue se especializando na contagem mínima e avança. O Cruzeiro pega de cara a pedreira chamada Boca Juniors. Mas os times brasileiros têm chance de chegar à final.

O Botafogo não deixou a Portuguesa fazer a festa e venceu com placar suficiente. Chega com moral à final do Carioca embora desfalcado, o que pode prejudicar um pouco. Digo um pouco porque em um mês Cuca montou um novo time, no início da temporada. Pode fazer novas mágicas para um jogo.

A garotada do Vasco vai tentando redimir a imagem do time. Desde o jogo com o Fluminense mostram disposição e raça, numa evolução crescente. O mata-mata da Copa do Brasil favorece o contexto do elenco cruzmaltino. Com Edmundo fazendo a diferença então...

A Ponte Preta promete endurecer contra o Palmeiras, anunciando até marcação especial sobre Valdivia. E quanto a Diego Souza, Kleber, Alex Mineiro, Lenny, Leo Lima...? Missão dificílima para a Macaca.

Cadeia é solução?

Não estamos falando da violência urbana, infelizmente tão corriqueira nos dias de hoje. O fato em questão aconteceu na Holanda, onde um jogador foi preso após aplicar uma entrada violenta, fraturando a perna do adversário.

Em tempos de Eduardo da Silva no estaleiro por seis meses e Martin Taylor livre, leve e solto após três jogos de suspensão, a notícia chama a atenção.

O agravante é que o agredido, ao contrário do atacante brasileiro do Arsenal, teve que encerrar a carreira. O agressor, que pegou mais de dois anos de cadeia, alega que as regras do jogo não podem ser aplicadas fora do futebol.

Só que o tribunal alegou que a agressão extrapolou os limites do campo. Se alguém vai ficar desempregado por ter sido agredido por outrem, então o caso está encerrado.

Mas será que a medida, diante da pusilanimidade dos tribunais esportivos, seria uma possível solução? A discussão rende, mas imagine se tivessem feito o mesmo com Pelé, em plena Copa do Mundo? O Rei do Futebol aposentando-se porque um carniceiro uniformizado quebrou sua perna.

Porque, no fundo, tudo é uma questão de proporção. O campeonato holandês não irá influenciar o mundo do futebol. Mas mostrou o exemplo de uma tentativa de punir o agressor proporcionalmente ao impacto de sua investida.

Sabemos que há aqueles que adoram endurecer as leis e as penas pensando que isso resolve tudo. No entanto, no futebol padecemos do outro extremo: condescendência demais. Só que isso vem extirpando o talento dos gramados.

Ou não percebem que, no andar da carruagem, isso futuramente pode trazer graves prejuízos ao esporte - e ao negócio do esporte?

A quem interessar possa (e tiver estômago para isso), veja a jogada que gerou a prisão do agressor:

terça-feira, 22 de abril de 2008

Virou bagunça?

O presidente da federação sul-africana diz uma coisa, Kléber Leite diz outra, Parreira "acha que"...

Afinal, Joel vai ou não vai?

Joel e a estaca zero

"Vou receber em 30 meses mais do que recebi em 30 anos".

Com essa frase Joel Santana jusitificou sua saída do Flamengo, além do fato de dirigir o país-sede da Copa 2010. Alguém imaginava o Natalino (especialista em estaduais e em tirar o Fla do rebaixamento) nessa situação algum dia?

Portanto, como estamos falando de futebol profissional, nada de lamentações. No calculismo que deve guiar as importantes decisões da vida, Joel fez o que deveria fazer.

Isso posto, mesmo entendendo perfeitamente a escolha de Joel, é inegável que o Flamengo agora está à deriva. Numa boa situação (na final do Carioca, nas oitavas da Libertadores), mas à deriva.

Podemos até acreditar que o time fará tudo para dar um título estadual como presente de despedida. Mas e na competição continental? Começar a fase eliminatória com um novo comandante é mais complicado do que se pensa.

A relação dos jogadores com Joel era bem definida, há quase um ano. Agora, zera tudo e fica o mar de incógnitas: como será o estilo do próximo? Como vai armar o time? O novo técnico, por pretensa segurança, manterá o esquema atual? Conhecerá o elenco para saber mexer? Os jogadores pensam: continuarei titular? Terei mais chances do que agora?

Questões legítimas que necessitariam, no mínimo, de uma pré-temporada para começarem a ser respondidas.

E se os resultados não vierem, a diretoria do Flamengo vai manter o sangue-frio e manter o planejamento a longo prazo (como fizeram com Ney Franco e o próprio Joel)?

A nação rubro-negra está em suspenso.

PS: Geninho e Parreira como possíveis opções? Pelmordedeus...

domingo, 20 de abril de 2008

E os campeões?

Dois jogos bem diferentes. A decisão da Taça Rio, uma senhora pelada (sem trocadilho). A semifinal de São Paulo, uma confirmação da melhor equipe com o melhor futebol.

Foi duro de aturar Botafogo e Fluminense. Os times estavam travados, nenhuma jogada ousada e pro ataque, como foi o futebol dos dois times durante o segundo turno do Campeonato Carioca. O jogo foi ruim.

O Fluminense volta a apresentar uma característica preocupante: tem "pipocado" nas decisões. Perdeu para o Botafogo na semifinal da Taça Guanabara; teve um jogo complicadíssimo com o fraco Vasco, ganhando nos pênaltis; e agora está de fora de mais uma final.

Thiago Neves sumiu em campo, assim como Junior César e Conca. A marcação de Cuca é eficiente, mas o camisa 10 tricolor não chamou o jogo pra si, não procurou as faltas perto da área... Irreconhecível. Sofre do mesmo mal que o time parece sofrer?

O Botafogo plantava-se bem mas não armava direito. As únicas jogadas eram os cruzamentos pra achar Wellington Paulista (que, após a artilharia e gols decisivos, está cada vez mais marcado).

Renato Silva tinha tudo pra ser o vilão do jogo, ao fazer pênalti em Washington (nenhum jogador alvinegro reclamou). O centroavante do Flu retribuiu o favor batendo na trave. O zagueiro virou então herói ao marcar o gol da classificação.

A expulsão de Alessandro foi absurda, inventada por um árbitro ruim e sem critério (que já ajudou o Botafogo contra o América, na final da Taça Guanabara de 2006). Mas a de Jorge Henrique, não. Faz tempo que o atacante não joga bem e se especializa em arrumar confusão nos minutos finais de jogo.

Com dois a menos e muita disposição a mais, o Botafogo reedita a final do Carioca de 2007, levando nas costas a melhor campanha. Ou o Flamengo (que pode ter o sério desfalque do faladeiro Juan) resolve partir pra cima ou vai levar novos bailes do time da Estrela Solitária.

O Palmeiras tinha em mente o objetivo de reverter a vantagem surpreendente do São Paulo. Dito e feito. Léo Lima é o símbolo de mais um time nas mãos de Luxemburgo: de renegado a peça vital, com direito a gol importante.

A Ponte Preta faz a final com o Verdão tendo vencido o time de melhor campanha. Uma pena o Guaratinguetá sair agora, mas já escreveu seu nome na história do Campeonato Paulista de 2008. Acredito que a Macaca fará bons jogos nas finais, mas acho difícil vencer esse Palmeiras.

sábado, 19 de abril de 2008

Dois a mais valem por quantos?

A novidade da rodada de fim de semana são os cinco árbitros para a final da Taça Rio. Além do árbitro principal e dos auxiliares (os bandeirinhas), haverá um atrás de cada gol para ajudar em lances duvidosos (gol com a mão, se a bola entrou ou não) e conter invasão de campo.

Eles não vão interromper a partida, mas poderão ser consultados pelo juiz, responsável por tomar qualquer decisão.

Antes de olhar o mérito da iniciativa, faço questão de saudar a vontade de fazer diferente, de experimentar, nesse tão conservador esporte (quanto às regras).

Há alguns anos o campeonato paulista experimentou dois árbitros em campo e tempo técnico. Se as tentativas vão ter sucesso ou não, é pra se avaliar depois de acontecerem.

Só pra complementar esse raciocínio: veja quanta emoção o futebol ganhou só de impedirem que o goleiro pegue com a mão bolas recuadas com o pé. E ainda inspirou o surgimento de atletas da posição com habilidade no chute e no passe.

No entanto, a iniciativa vem da instável comissão de arbitragem da Federação de Futebol do Rio, e resolvem experimentar logo numa final (e pior: em jogo do Botafogo!). Isso é temerário, pois se der certo mas algum clube esquentar a cabeça por se sentir prejudicado, o possível benefício será eclipsado pelas reclamações.

Os árbitros atrás do gol não poderão marcar nada, mas informar o juiz de irregularidades. Vão informar sobre o agarra-agarra na área? Qual deles será marcado, já que são tantos?

Ou será que a intenção é apenas inibir esse tipo de jogada (e outras que acontecem assim que o juiz dá as costas para acompanhar o contra-ataque)?

A despeito de tudo isso, de nada adianta se os árbitros não estiverem bem preparados tecnicamente.

Uma boa polêmica sobre experimentações com o juiz em jogos finais foi o microfone escondido de José Roberto Wright na decisão da Taça Guanabara de 1982. Acompanhe:

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Primeiras oitavas

O Botafogo foi a São Paulo e arrancou uma empate (quase vitória) pra cima da Portuguesa. Wellington Paulista segue os passos de Túlio Maravilha: faz gol em todo jogo, de qualquer jeito. Já é artilheiro também da Copa do Brasil, e se mantém humilde. Assim vai longe. Mas o jogo foi ruim demais, e o gramado nada ajudou.

O Inter surpreendeu ao perder do Paraná. Ou foi o contrário? Já são dois gols de desvantagem, o que pode valer muito na volta. O Atlético-GO conseguiu fazer um gol na casa do São Caetano e sai com uma boa perspectiva, apesar do 1 x 2.

O Vasco poupou o Animal de 37 anos, mas ele acabou entrando e, ironicamente, resolvendo o jogo em cobrança de pênalti. Sobra fôlego mas falta experiência no elenco cruzmaltino. Numa competição que a cada fase fica mais tensa, isso vai pesar.

O Corinthians-SP mais uma vez perdeu para o Goiás, numa rixa que vem desde a briga pra não cair em 2007. Paulo Baier estava iluminado, pois mesmo batendo muito mal uma falta, ela resultou no 1º gol. 3 x 1 é um placar extenso, mesmo com o gol fora de casa. O que será do Timão nesse 1º semestre?
E que susto, Santos... Vai aprontar essa de novo?

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Superfaturados

Romário anunciou, pela milésima vez, que não joga mais. Dessa vez parece que é sério. Enquanto o mundo relembra seus feitos na história do futebol, gostaria de chamar a atenção para um em especial.

Não se trata de uma jogada, um gol, uma frase ou uma atitude tomada pelo Baixinho. Na verdade, pode-se dizer que ele foi parte de um processo iniciado por outros. Falo do inflacionamento dos passes e salários de jogadores brasileiros atuando no país.

Em 1995, o Flamengo trazia Romário do Barcelona. Ainda com status de melhor jogador do mundo, com 29 anos. Valor do passe: US$ 2,5 milhões, capitalizados num pool de empresas. Não lembro de outra contratação internacional feita por um time brasileiro, desse porte e com tantas expectativas.

O salário de Romário não seria igual ao dos outros, é claro. Assim como o de Wanderley Luxemburgo, contratado a peso de ouro pra ser o técnico rubro-negro no ano do centenário. A partir daí, os valores requeridos e especulados nas transações nacionais só fez aumentar.

Pra piorar esse quadro veio a Lei Pelé, que concedia o passe livre aos jogadores quando completassem 25 anos (antes era aos 32, já começando o fim de carreira). A intenção foi boa, mas os clubes trataram de se desfazer de seus talentos mais cedo, a tempo de fazer caixa. E aí, tome valores altos.

Esse espírito persiste, só que hoje muitas cifras são impensáveis diante da realidade à qual estão ligadas. Sem contar os inúmeros jovens que não se adaptam nos seus destinos e são repatriados antes do tempo.

Exemplos: Juan, lateral do Flamengo, com 18 anos foi para o Arsenal, da Inglaterra. O que ele fez por lá? Ibson, também do Fla, com 23 anos já foi repatriado! E tantos outros...

Os empresários, então, se tornaram indispensáveis aos clubes. Estes, sem dinheiro para manter a inflação e precisando acalmar a torcida, rendem-se aos empresários, que só querem a vitrine pra logo negociar o jogador. São corretores de passes. E empurram boas e más pedidas.

Hoje leio no Lance! que Wellington Paulista estaria valendo 6 milhões de euros. O atacante alvinegro tem seu valor, mas é artilheiro de um campeonato fácil pros grandes, não disputou sequer um Brasileirão e não ganhou título algum! Sequer está no nível internacional de um atacante. Como assim, 6 milhões de euros?

A proporção foi jogada pro espaço. E os clubes aceitam esse jogo, pois preferem manter-se numa surrealidade de pisos salariais, cada vez mais reféns dos empresários e sem persepctivas a longo prazo. O cara faz 10 gols numa temporada e já é tachado de "craque". Isso já foi muito mais raro do que é hoje.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Sinais terminais

Depois de demitir um técnico que estava invicto, contratar Celso Roth e Roger, ser desclassificado da Copa do Brasil e do Campeonato Gaúcho, o Grêmio pensa em contratar Gustavo Nery, recém-dispensado do Fluminense por inutilidade total.

A diretoria do tricolor gaúcho sabe a diferença entre "título" e "rebaixamento"?

Copa do Brasil: finalmente interessante

A Copa do Brasil chega às oitavas-de-final, quando enfim desperta a atenção. O mata-mata mexe com os brios e as esperanças das torcidas, principalmente dos eliminados dos estaduais (que não estão na Libertadores) e que centram forças no torneio.

Como o pote de ouro no fim do arco-íris, a vaga na Libertadores 2009 está reservada pro campeão da Copa. E quem pinta com chances? O Internacional de Porto Alegre é copeiro e tem apresentado bom futebol. Nenhum dos outros nos dá muitas dicas pra suspeitar aonde chegam.

Pra mim o Palmeiras sairá favorito pro Brasileirão, com a Copa do Brasil sendo mais um degrau (ganhando-a ou não). O Botafogo poderia alcançar esse título e acertar as contas com o destino - se nenhum bandeirinha atrapalhar. Mas precisa de banco. A Portuguesa poderia investir bastante na competição, nesse período de ressurreição pessoal.

Sem reforços, fica difícil apostar no Corinthians-SP. O mesmo pro Vasco. Acho que o Atlético-GO ganha força por ter eliminado o Grêmio e deve ir ao menos até as quartas. Também não duvido que o xará de Minas busque esse título no ano de seu centenário. E o Juventude é um timinho enjoado.

Na Copa do Brasil, times coadjuvantes podem virar os grandes protagonistas da temporada, ficando ainda de bem com a torcida. Perguntem a Flamengo e Fluminense...

domingo, 13 de abril de 2008

Quem quer (mesmo) vencer?

O Botafogo venceu o Flamengo por dois motivos: estava bem melhor escalado e quis vencer. Com o talento que o time possui, foi o suficiente pra passar à final da Taça Rio, preservando a melhor campanha.

Cuca já "matou" a principal jogada do Fla, isto é, os laterais. Colocando Zé Carlos nas costas de Leo Moura e um revezamento de jogadores nas costas de Juan, o rubro-negro fica sem criatividade, já que Joel opta pelos defensores no meio exatamente pra liberar os laterais.

Qual seria a alternativa óbvia? Deslocar Renato Augusto pro meio e colocar um atacante que se desloque - Marcinho mesmo, que costuma fazer gols, ou o rápido Diego Tardelli, que é um dos melhores chutadores do time.

Mas não: Joel insistiu com um meio-campo fraco na criação - Ibson 2008 nem de longe lembra o de 2007 - e deixando Renato Augusto em meio à forte marcação dos alvinegros. E na hora de substituir, manteve o esquema e ainda colocou Obina antes de Tardelli.

Outro mérito de Cuca: com o material que tem, soube criar uma defesa sólida sem abdicar do ataque. É um carrossel, sem dúvida.

O cansaço da viagem de volta de Cuzco pode ter prejudicado o Fla. Mas não explica uma derrota de 0 x 3. Não explica jogar recuado desde o primeiro minuto, sem vontade de fazer gols.

Totalmente diferente estava o Botafogo. Atento, aplicado, com sede de título. Como foi em todo o segundo turno, como provavelmente será contra o Fluminense. Após o tricolor quase perder para o Vasco e vendo a força alvinegra, é inevitável mudar o palpite: Botafogo campeão da Taça Rio.

Em São Paulo, Adriano 2 x 1 Palmeiras. Ok, o primeiro foi com a mão, mas o atacante estava lá, na boca do gol. O segundo, no estilo "trator" que o consagrou (Adriano deveria se transferir para o futebol inglês).

Com Rogério Ceni em tarde inspirada, ficou difícil pro Verdão. O principal resultado do jogo foi tirar a fama (e o salto) de favorito do Palmeiras, que precisará provar antes de tudo para si mesmo que é capaz de chegar à final.

Em Minas, o Atlético venceu de virada o Tupi (3 x 2), enquanto que no sábado o Cruzeiro desperdiçou uma goleada de 4 x 1 pra ter que engolir um empate em 4 x 4. Os grandes de lá estão tendo trabalho com os pequenos também...

Antonio Lopes saiu pela culatra

Não dá pra esperar segunda pra comentar o Vasco 1 x 1 Fluminense de ontem. Jogo equilibrado (o que, na minha opinião, foi surpresa), decisão nos pênaltis. Ao contrário do que a maioria pode pensar, o nome do jogo pra mim não foi Pablo, mas Antonio Lopes.

O técnico amigão de Eurico cismou que ia dar um jeito no lado esquerdo do Vasco. Depois de vários testes durante a semana, sobrou pro jovem Pablo fazer sua estréia no time titular.

Quando viu que o jogo ia ficar empatado mesmo, Lopes providenciou logo a saída de Edmundo (o perdedor oficial de pênaltis do time). Aposto que a torcida vascaína ficou dividida: ama o Animal, mas na dúvida, sei lá, já perdeu na outra semifinal...

Só que o delegado Lopes, além de colocar Pablo em campo pela primeira vez num jogo tão decisivo (e pelo visto, o garoto administrou bem a pressão, pra sorte do técnico), ainda o escala pra bater o último pênalti da série!!

Pablo perdeu e não deve ser crucificado por isso. Mas o experiente Antonio Lopes cometeu uma senhora imprudência escalando o lateral, ainda mais numa decisão.

O Fluminense, mais uma vez, deixa a desejar na hora da decisão. Tem mais time que o Vasco (como tinha contra o Botafogo, mas à época os três atacantes não se acertavam), tem jogado melhor futebol, tem mais banco... e quase perde para o sofrível elenco cruzmaltino.

Washington tem mostrado que sente falta de um atacante habilidoso (e nato na posição) para lhe fazer companhia. A esperança para o tricolor é pegar o Fla na final, pois tem se dado bem contra os rubro-negros nos últimos confrontos.

sábado, 12 de abril de 2008

Pré-crises

O fim de semana definirá quais times vão ficar em crise.

Se o Vasco perder mais um clássico e mais uma fez ficar longe das finais, o caldeirão de São Januário só não ferve porque as expectativas sobre o time não são animadoras. Mas a pressão vai toda pra disputa na Copa do Brasil.

O Flu vai bem na Libertadores, mas perder outro jogo decisivo com o time titular (como foi contra o Botafogo na Taça Guanabara) não será nada bom. E a pressão vai toda pra disputa sul-americana.

O Botafogo quer confirmar a boa fase: espantou a assombração chamada River e chega com moral, pois é o grande do Rio que ganhou mais clássicos (o único resultado diferente foi a derrota pro Fla na final da Taça GB).

O Flamengo é o que entra em campo mais tranqüilo quanto ao resultado do jogo de domingo, pois já está na final do Carioca. Mas Joel quer vencer a Taça Rio para se concentrar somente na Libertadores. O título antecipado traria mais confiança ao time, que tem a virada no Brasileirão de 2007 como inspiração para uma nova decolagem.

Em São Paulo o panorama é um pouco diferente, pois metade dos semifinalistas são times pequenos que surpreendentemente chegaram bem na disputa do título. Se perderem, não estarão tão pressionados.

O São Paulo precisa vencer o Palmeiras, os erros de administração da diretoria, a confusão com seus bad boys, a falta de peças de reposição e de jogadores da base... Se conseguir o título, será uma das conquistas mais heróicas, tendo em vista todo o contexto.

O Palmeiras é o mais pressionado, desde já, devido ao favoritismo, à ascensão no campeonato, ao bom futebol, e pelo clube estar há 11 anos sem títulos. Não é pouca coisa.

E aposto que todos os jogos serão bons. Espero que na segunda não falemos nada sobre a arbitragem.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Agora sim!

O Flamengo mostrou nessa noite de quarta que os fantasmas eram bem menores do que se pensava. Após uma preparação séria, o time agüentou bem a altitude (substituição só a menos de 5 minutos do fim), suportou a pressão sem perder a cabeça e usou o talento que tem pra fechar em 3 x 0 a primeira vitória fora de casa em 2008.

No primeiro tempo faltou meio-de-campo ao Fla. Ibson não se apresentou para a armação, Renato Augusto voltava (um pouco), deixando Souza isolado. Kleberson e Cristian estavam ordenados a não passar da linha central. Bruno vale cada centavo que o clube gasta com ele: transmite muita segurança, sem pose. Fez defesas cruciais, de novo.

No segundo tempo resolveu-se o problema do meio com Ibson resolvendo jogar. E outra vez Souza dá o passe pro gol. É um dos jogadores mais importantes do esquema de Joel, pois engana a marcação já pela aparência: um grandalhão camisa 9 tem tudo pra ser um centroavante clássico. Pois Souza faz o pivô, puxa o zagueiro e dá verdadeiras assistências. Custei a acreditar que Renato Augusto saiu tão fácil na cara do gol.

Depois da expulsão, tudo foi mais fácil. Toró começa a redenção pessoal aparecendo bem na marcação e fazendo o gol mais importante do jogo - o da serenidade.

O time soube tocar a bola (a altitude ainda serviu pra isso) e um detalhe importantíssimo: finalmente um cobrador de faltas oficial. Juan disse após o jogo que já vinha treinando, e taí o resultado.

O ótimo juiz não deixou o jogo descambar pra catimba de nenhum dos dois times e não inverteu faltas. O bandeirinha deixou muito a desejar, mas convenhamos que o Cienciano teve um gol mal anulado no Maracanã.

Classificação garantida, clima de paz e missão cumprida. O Flamengo nunca pode desacreditar de seu potencial, seja contra o Bolognesi ou o Boca. Todos esperam que entre sempre em campo pra ganhar. Se pensar assim, a tendência é crescer na competição.

O Fluminense perdeu a invencibilidade aleijado de um ataque experiente e titular (ok, ao menos Cícero jogou). Levou 2 x 0 do Arsenal num jogo anormal: Thiago Neves expulso e Thiago Silva falhando feio.

ATUALIZAÇÃO: na verdade, o erro feio (no segundo gol) foi de Ygor.

Nada que arranhe a campanha ou assuste o torcedor. Mas terminar a primeira fase como líder é uma mão na roda, pois o segundo jogo da eliminatória seria em casa.

O Santos perdeu do Chivas mas continua em segundo do grupo. Tem tudo pra passar (vai decidir em casa), já que recuperou o mais importante: a auto-estima. A legião estrangeira tem feito a diferença na Libertadores, e acredito que possa até passar das oitavas, dependendo do adversário.

Isso aí, Botafogo. 2 x 0 contra o River e risco de trauma deixado pra trás. O artilheiro Wellington Paulista confirma a seqüência de fazer gols em jogos decisivos. Nessa toada, domingo promete.

Mas o time precisa fazer como Corinthians e Vasco: sua principal meta deve ser a Copa do Brasil, atalho preciso pra Libertadores 2009 - com status de campeonato nacional.

Uma paradinha

É briga de grandes goleiros: Marcos, do Palmeiras, ficou decepcionado por Rogério Ceni utilizar a paradinha para cobrar um pênalti. É aquele sentimento de traição à classe, que já não pode se adiantar na hora da cobrança e dificilmente pegará um chute no ângulo ou no cantinho. A não ser que exerçam a "fácil" arte da adivinhação...

O rei Pelé cobrava pênaltis com paradinha. Não sei se ela chegou a ser proibida pela Fifa em algum tempo. O certo é que ela voltou, e agora até seus algozes (os goleiros) a utilizam - Tiago, do Vasco, fez o mesmo contra o Cardoso Moreira.

Mas é justo ou não permitir a paradinha? São Marcos argumenta que os goleiros já estão em bastante desvantagem no momento. Valdir Peres tentava desconcentrar os batedores com muita troça e piadas. Às vezes conseguia, como foi com o excelente cobrador Breitner, da Alemanha, em amistoso contra o Brasil.

Que me desculpem os guarda-redes, mas é muito bom ver o goleiro caindo sem chance na hora da paradinha. Paradoxalmente, acho a defesa de um pênalti sempre mais bonita do que o gol do mesmo jeito.

Em suma, de polêmicas e lances fora do comum também se constrói o charme do futebol.

Bruxa ataca!

Primeiro, Leandro Amaral caiu nas graças da bílis de Eurico Miranda e foi impedido de jogar na justiça. Depois, Dodô fraturou o osso frontal da face, e agora Washington está fora por 15 dias, enquanto Cícero sentiu uma fisgada na coxa. A bruxa atacou o ataque tricolor! Tartá e Alan vão agüentar o rojão de uma final de Taça Rio?

Menos mal que o Fluminense tem um dos melhores conjuntos do país. Thiago Neves, Júnior César, Tiago Silva, Roger, Gabriel, Arouca dão segurança pra quem entra no time. E vários deles também fazem gols. O pó-de-arroz está garantido.

Quanto ao jogo do Fla, já postei precocemente sobre o assunto sábado e quinta. É bom ouvir Renato Augusto decretando que é hora de retomar o espírito do Brasileirão 2008, e que o Fla cresce nas horas difíceis. É dessa atitude que o time precisa, sempre.

E que esse assunto de altitude morra logo, né? Arre...

O Botafogo que não apronte mais nenhuma surpresa para seus torcedores! Castillo já admitiu que tem falhado (contra o River mesmo e contra o Boavista), e se alguma tragédia acontecer hoje não vai ter Montenegro verborrágico que dê jeito pra domingo...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Ronaldo, o novo Romário

Ronaldo chega ao Rio para o tratamento médico e não perde tempo: à la Adriano, quer jogar no Flamengo antes de voltar para o Milan.

Kleber Leite, marqueteiro até dizer chega, já ficou todo "pimpão" com a declaração do Fenômeno e vai retomar a estratégia que, diga-se, já fracassou por falta de parceiros comerciais. Pode-se argumentar que dessa vez o Fla não tentará comprar o passe de Ronaldo, apenas pagar um salário muito menor durante alguns meses.

O que o torcedor acha disso? Ronaldo começa a voltar a andar. Até pegar ritmo de jogo, quanto tempo leva? Sem falar na crônica dificuldade para perder peso.

Portanto, fica no ar a questão: Ronaldo quer jogar no Fla ou apenas se recuperar de uma lesão? Para o Clube de Regatas do Flamengo, a exposição espontânea na mídia mundial, mais a venda de camisas e amistosos lucrativos dão o retorno do investimento.

Mas será que a torcida quer que o mundo inteiro veja Ronaldo andando em campo e sendo menos um no time do Flamengo? Será que Ronaldo, mimado do jeito que é por Globo e afins, vai aturar a impaciência da nação rubro-negra se não acertar logo? Porque, ao contrário de Adriano, ele já escreveu seu nome na história do futebol. O centroavante do São Paulo tem a motivação extra de uma carreira pela frente pra agüentar críticas e fazer gols.

E a nação rubro-negra, a bem da verdade, já não agüenta mais esse chove-não-molha que inunda dias e dias dos jornais sem nenhuma definição. Nesse ponto, Ronaldo já se equiparou a Romário: é só proferir uma pseudo-promessa esperançosa qualquer que já agita o mundo da bola.

Já passou da hora de só se falar de Ronaldo e Romário quando fatos concretos acontecerem.

Com luva de pelica

A revista Piauí desse mês (capa ao lado) traz uma pérola daquelas: um perfil de Eurico Miranda.

Trata-se de um texto jornalístico escrito por Roberto Kaz que sutilmente (ou nem tanto) expõe as caras e bocas de nosso futebol, além da persona incomparável do dono do Vasco.

Im-per-dí-vel!

PS: a matéria é extensa, por isso recomendo ler no meio impresso. Pra quem não se liga nisso, em maio estará no site da revista, Edições Anteriores.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O Mano surpreende

"O time mostrou que ainda não tem condição para brigar por um título do campeonato paulista". A frase sobre o Corinthians não veio de um torcedor rival ou de um comentarista de futebol. Ninguém menos que Mano Menezes, técnico do Timão, foi quem proferiu a sentença certeira.

O comportamento de Mano não é usual. Independente dos resultados em campo, a maioria dos técnicos prefere encarnar a empáfia e escorraçar os críticos; ou fazem vista grossa com a realidade pereba do time e preferem "enfeitar o pavão", sem admitir as limitações e assim não entrar na berlinda com a torcida.

O técnico do Corinthians, além de ser um cavalheiro nas coletivas e nunca se esquivar de perguntas complicadas (ô Dunga! Tá ouvindo??), aceita as críticas que são justas (ô "Renight"! Tá ouvindo??) e está sempre com os pés no chão. Em nenhum momento ele se mostrou empolgado com alguma seqüência de vitórias do Timão.

Nesse sentido, Mano Menezes é um exemplo a ser seguido (independente de sua qualidade como treinador). E ainda dá uma informação importante: se o Corinthians ainda não está pronto pra brigar pelo título paulista, estará então para a Série B nacional?

A atitude de Mano também lhe dá uma blindagem pública para os piores cenários futuros. "Depois não digam que eu não avisei", seria a legenda ideal para seus pronunciamentos.

E o gol que o Corinthians levou na hora do empate em 2 x 2 já era um prenúncio de que ontem não era o dia do Timão...

domingo, 6 de abril de 2008

Uma semana que promete

Guaratinguetá vence, Palmeiras goleia, São Paulo e Ponte Preta garantem a vaga para as semifinais do Paulistão, Corinthians fora. Nada diferente do esperado, e a torcida do Timão deve agradecer aos céus por uma equipe tão improvável ter ido tão longe.

A final será entre uma equipe da capital e uma do interior. Se olharmos o andamento do Campeonato Paulista 2008, nada mais justo. Os grandes demoraram a se acertar e os pequenos não perderam pontos bobos. E olha que o Barueri ainda queria beliscar uma vaga.

Luxemburgo vai mostrar mais uma vez seu cacoete de campeão? O São Paulo vai continuar jogando feio e ganhando sempre? E os pequenos, vão tremer ao jogar as finais no Morumbi?

Meu PALPITE: Palmeiras e Guaratinguetá na final. Palmeiras campeão.

No Rio, finalmente os jogos que valem algo. Flamengo e Botafogo vão reeditar a final da Taça Guanabara, e o combalido Vasco pega o todo-confiante Fluminense. Será que Fla e Bota vão resolver jogar futebol em vez de criar confusão? Ficarei de olho em Castillo, Ferrero, Souza e Jônatas.

(Falando em Flamengo, Marcinho fez outro gol oportunista. Bota ele no ataque de vez, Joel! Sem frescura contra o Cienciano. Tá tudo pro Fla: pressão pra provar que não é frouxo, gramado impecável, físico bem preparado. É pra vencer! Será que o técnico está compreendendo isso?)

Será que o Fluminense vai mostrar que não morre na praia? E o que será do Vasco?

Meu PALPITE: Fla x Flu na final. E não faço idéia de quem será campeão. Ok, pra não ficar em cima do muro: Flamengo. Acho que o tricolor está com a noção de que a chance do ano é na Libertadores, e não no enésimo Campeonato Carioca.

Ai, futebol, esporte que não deixa a gente seguro em palpite nenhum...

ATUALIZAÇÃO: Só pra esclarecer, a final carioca a que me refiro é da Taça Rio. Ou seja, se o Fla vencê-la, será campeão por já ter vencido o 1º turno (Taça Guanabara).

sábado, 5 de abril de 2008

Alerta vermelho e preto

Juca Kfouri resumiu bem a situação brasileira na Libertadores: só o Flamengo corre sério risco de ficar pela primeira fase. Fluminense e Cruzeiro estão classificados, São Paulo quase lá, Santos com chances.

A princípio, o rubro-negro pensou ter pego um grupo fraco. Acho que pegou mesmo, mas se complicou devido a dois resultados: matematicamente, no empate em 0 x 0 contra o Coronel Bolognesi, um jogo que poderia ter ganho com facilidade. Emocionalmente, na derrota de 0 x 3 para o Nacional. Quatro pontos que fazem muita falta ao Fla.

Pois o Cienciano e o Nacional trataram de fazer boas campanhas e agora o Flamengo precisa ao menos de um ponto pra continuar sonhando com a vaga. Vai pra altitude enfrentar um adversário que deu trabalho no Maracanã. A dificuldade de vencer fora de casa é um ingrediente a mais.

De novo, o time chega na hora da verdade. O Flamengo sempre vive jogos, não necessariamente em fases finais, que valem o ano. Se não passar, compromete; se passar, motiva. Tudo é épico no clube da Gávea.

Antes do flerte anual com o rebaixamento no Brasileirão, o Fla tinha uma fama: se deixar chegar, ninguém segura. Mas tem que chegar. Será que a fama volta? A torcida rubro-negra tem uma relação com o drama no sentido de que nada pro Fla é fácil de conseguir.

Taí mais uma situação. Se os jogadores compreenderem esse contexto (e se ao menos Renato Augusto jogar no meio, pelamordedeus!), não tem Cienciano que segure. O que é o Cienciano no futebol? Oitavo lugar no campeonato peruano. E o que é o Flamengo no futebol? Zico, Júnior e companhia já responderam.

Uma vez, Flamengo, sempre Flamengo. Fazer o quê? Blogueiro também tem (time de) coração.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Haja paciência

Joel anucia o meio-de-campo do Flamengo pra jogar contra o "perigosíssimo" Cienciano: Jaílton, Cristian, Ibson e Toró.

Não consegui escrever mais nada depois dessa.

ATUALIZAÇÃO: No "Tá na área" de ontem, no canal SporTV, Joel disse que vai escalar na altitude de Cuzco os jogadores que estiverem melhores de saúde. Se esse for o critério que definirá o meio-de-campo acima, menos mal.

Ainda assim, fica a torcida para que ao menos Marcinho esteja "voando" e force Joel a escalar o artilheiro do Flamengo na Libertadores. Recuando Renato Augusto para sua verdadeira posição e colocando Marcinho no ataque, dá até pra aturar um Jaílton cão-de-guarda.

Ascensão

Já chegamos em abril, às vésperas do Campeonato Brasileiro, e parece que os principais times desse início de ano vão construindo sua ascensão, com estilos diferentes.

O Fluminense consegue a classificação antecipada na Libertadores com louvor. Invicto (a melhor campanha da competição), sem deixar dúvidas na torcida e jogando um futebol bonito. Parece que Júnior César precisava de um Gustavo Nery pra mostrar seu verdadeiro futebol... Tem jogado fácil, assim como Thiago Silva e o cada vez mais decisivo Cícero.

O técnico "Renight" Gaúcho faz o certo, dizendo que o time ainda não ganhou nada. Mas volta ao cacoete ranzinza ao dizer que as pessoas não estão dando importância à classificação do tricolor. Que pessoas? O ex-atacante parece necessitar sempre de um motivo pra reclamar, mesmo em noite de festa.

O Palmeiras atropelou o Central, e mostra que está com um elenco versátil e talentoso. Também joga bonito e pra frente. Aliás, ninguém pode acusar Luxemburgo de retranqueiro ou cauteloso. Ele sempre arma seus times, com qualquer elenco, pra atacar. Quantos técnicos possuem essa característica hoje? E atenção, goleiros: depois de Lúcio Flávio, do Botafogo, Alex Mineiro é outro que está humilhando com a paradinha no pênalti. Dois na mesma noite!!

Adriano decidiu o jogo para o São Paulo. Você já ouviu isso antes, né? Se continuar assim (o que deve acontecer) tem chance de sonhar de novo com a Seleção, que precisa de jogadores com essa atitude - desde que Adriano não seja o que foi em 2006, claro. Outra: está se tornando exímio cabeceador. Veja (no fínal do vídeo) como ele se desloca dentro da área, em vez de esperar a bola paradão.

Hernanes é daqueles volantes que dá gosto de ver jogando. A era dos Mauro Silvas (e Dungas) acabou? Calma, ainda existe um Gattuso e um Jaílton pra mostrar que eles resistem...

Olhando o retrospecto em 2008, poderíamos dizer que o clássico brasileiro do futebol bonito seria Palmeiras x Fluminense. Já o clássico do futebol eficiente, Flamengo x São Paulo. (São simples definições, já que o futebol bonito pode ser eficiente e vice-versa.)

No exemplo acima, poderia colocar o Botafogo como um dos adversários de qualquer dos times. Mas ele vai e perde pro River do Piauí... Viaja aquilo tudo, é recebido por 5 mil torcedores no aeroporto, joga praticamente "em casa", podendo resolver a classificação num jogo só... e perde. Duvido que o River seja melhor que Cardoso Moreira, Macaé, Resende e outros que o alvinegro não tomou conhecimento no Campeonato Carioca.

Às vezes só mesmo a definição de Nelson Rodrigues, que descobri dentro de um texto dentro do blog de um botafoguense:

"[Nelson] definiu o torcedor botafoguense como um cara que compra o seu ingresso 'como quem adquire o direito, que lhe parece sagrado e inalienável, de sofrer', sentindo-se feliz e realizado "quando arranca os cabelos e chora lágrimas de esguicho."

Não costumo comentar futebol internacional por aqui. Mas como rubro-negro e devoto eterno do Galinho de Quintino, tenho que falar da virada do Fenerbahçe sobre o Chelsea.

Foi um jogo com marcas épicas dos melhores capítulos do futebol: o artilheiro faz gol contra e depois decide a partida; o dono da casa é acuado sem pudor pelos visitantes no primeiro tempo, e vira um leão no segundo. E o time turco nunca tinha chegado nas quartas-de-final da Liga dos Campeões.

Torço por Flamengo, CFZ, e agora, Fenerbahçe (sem contar quando torci pelo Japão na Copa 2006). Uma vez Zico, sempre Zico.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Alguma coisa está fora da ordem


A manchete te induz a um fato conhecido: Jogador responde insulto com gestos obscenos e é expulso. É classificado como má conduta do jogador. (Fico pensando por que o "créu" também não é enquadrado assim).

O detalhe é que ele respondeu a um insulto. E não foi qualquer insulto, mas ofensas racistas. Durante o jogo inteiro.

Será que o juiz ouviu os insultos? Será que isso deveria ser levado em conta no critério pra expulsar? Acho que a discussão técnica é menor do que a social. Até quando as torcidas (e os clubes) vão continuar impunes por atitudes assim?

As perguntas não param. O que vai acontecer com o Zenit? E com o Paris Saint-Germain? Alguém tem que ser responsabilizado. E a torcida tem que sentir que prejudicou o time por causa do ato racista. E tem que ser uma punição pesada.

Como não é de hoje que o futebol espelha seu contexto social, a raridade das punições aos racistas e a freqüência de insultos assim não chegam a ser novidade. A questão dos imigrantes na Europa é a pólvora que vez por outra explode num estádio de futebol.

No entanto, apenas entender o contexto, perceber suas causas e ficar por isso mesmo não vale. É preciso quem de direito (e dever) fazer o que lhe cabe. No caso, dona Fifa e seus asseclas jurídicos.

Sábias e coerentes palavras


"Ninguém pode se beneficiar da sua própria torpeza"

(Eurico Miranda, respondendo no Arena SporTV se haveria como fazer um acordo com o Fluminense para que Leandro Amaral possa voltar ao futebol.)

terça-feira, 1 de abril de 2008

Comlurb rules!

Cristiano Ronaldo apresenta a chuteira patrocinada pela Prefeitura do Rio. Ô sapatim horroroso!!!!

Até quando qualquer coisa que venha do departamento de marketing será encarada como a última maravilha do mundo? A chuteira pode até ser boa para os jogadores, mas precisa ser berrante assim?

Ah, precisa, pra chamar atenção na mídia espontânea. Faz parte do negócio (do business?) deles, mas precisa emplacar troço feio?

Dizem que o Corinthians já vendeu 3 mil camisas roxas. Agora visualize Dentinho, de camisa roxa e com a chuteira acima. Coisa linda... Querem acabar com o futebol bonito em todas as esferas!

Falta ar nesses cérebros gananciosos

O Lance! de hoje traz reportagem exclusiva sobre o risco dos times jogarem em altitudes elevadas. Se antes os fatos sobre o assunto eram apenas os protestos do Flamengo e a campanha junto à Fifa, além da opinião discordante dos cartolas andinos, agora há algo de concreto.

Dois médicos bolivianos revelaram que a Federação de futebol daquele país encomendou um estudo, com exames clínicos, a fim de provar que não há risco para os atletas que jogam na altitude. O resultado deu parecer contrário, incluindo o caso de um jogador boliviano que morreu em campo.

A questão, como muitas de nosso esporte, tem fundo político. A direção da Fifa precisa do apoio da Confederação Sul-Americana, cuja direção precisa do apoio das Federações dos países que a compõem.

Por isso, só depois de várias evidências de risco à saúde dos atletas e de protestos constantes, a Fifa definiu que jogos das Eliminatórias da Copa não podem acontecer em altitudes maiores que 2.750m. "Jogador de seleção não pode morrer, mas de clube, pode", resumiu bem Emérson Leão. E vejam que é apenas uma recomendação, que as Confederações podem aceitar ou não.

Por se tratar do esporte universal das massas, os contornos políticos do tema são amplos. Evo Morales, presidente da Bolívia, comprou a briga: reformou um campo de futebol a mais de 4.000m e vai jogar profissionalmente na segunda divisão de seu país. Recebeu o apoio de Maradona, que é discípulo de Hugo Chávez no quesito "meter-se em questões alheias querendo aparecer".

A reportagem do Lance! ainda aponta que é possível jogar na altitude, desde que haja um período de aclimatação suficiente para os atletas. Aí entra o problema do calendário das milhões de competições que os times são obrigados a enfrentar. O Flamengo, por exemplo, joga dia 6 contra o Vasco, três dias depois contra o Cienciano (a 3.400m) e três dias depois é a semifinal da Taça Rio.

Isto é Brasil? Então vamos ao primeiro mundo: em dezembro o Arsenal jogou num domingo pelo campeonato inglês; no meio da semana, pela Copa da Inglaterra; e no dia de Natal, de novo pelo campeonato nacional! Sem contar Liga dos Campeões e Copa da UEFA. Lembram dos jogadores chegando machucados às vésperas das últimas Copas? Pois é.

Agora eu pergunto: a Fifa se preocupa como devia com isso? A saúde dos atletas não parece estar em primeiro plano, diante de tantas mortes recentes no futebol e de um calendário desumano. O que parece (e é) está bem resumido na opinião do craque holandês Seedorf: "futebol é um mercado de carne".

Para o meia do Milan, o que está em vigor hoje é vender e vender jogadores, sem se importar se eles vão se ambientar no novo clube e local, deixando-os à própria sorte após o tilintar dos dólares na conta. Perfeito. É o que a Fifa faz, com sua omissão: trata os jogadores como pedaços de carne com etiqueta de preço. Se fenecerem, há outros "cortes" no mercado.

Quem torce, comenta e cobre o futebol precisa repercutir as palavras de Seedorf e a reportagem do Lance!, para que as fatalidades em campo não rimem com outra palavra: banalidade.