quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Arbitrariedades

Depois de passarem mais de um século sendo injuriados, pressionados, com as mães sendo xingadas a torto e a direito, os árbitros de futebol encontraram a profissão certa pra virar a mesa após a aposentadoria  - comentarista de arbitragem.

Não existe ocupação mais cômoda para um ex-árbitro do que avaliar o trabalho de seus colegas do conforto da cabine da emissora, vendo e revendo um milhão de vezes todos os lances do jogo para só depois dar seu veredicto.

Assim, os homens do apito atingem a imortalidade apenas em seus benefícios: continuam julgando os lances que acontecem no gramado, mas sem a responsabilidade e as consequências possíveis. Como o distanciamento crítico relativiza-se diante do corporativismo, não são poucos os ex-árbitros que tão somente confirmam o que seus colegas acabaram de decidir ao vivo. Mesmo que a imagem não seja tão esclarecedora a esse ponto, ou que diga exatamente o contrário.

Sem contar as inúmeras vezes em que o mesmo comentarista avalia um tipo de jogada de maneiras diferentes. E isso pode acontecer até na mesma partida. Uma puxada de camisa pode ser falta, e a mesma puxada minutos depois pode não ser. A regra não é clara.

O mais irônico é que, para o novo ganha-pão, eles se servem da tecnologia que fazem questão de sonegar a seus colegas do presente. São, na maioria das vezes, solidários na hora de comentar os lances, mas sequer cogitam a possibilidade das câmeras e replays auxiliarem os juízes in loco.

O que leva os donos do apito de ontem e de hoje a uma estranha tentativa de manter o status de autoridade máxima em campo, custe o que custar. Perguntem se a Irlanda, que vai assistir à Copa na TV, concorda que o juiz é o sabe-tudo inquestionável em campo.

O pior efeito colateral dessa história é que os comentaristas de arbitragem têm enorme vocação para a arrogância, cujo maior arauto é Arnaldo Cezar Coelho. O vídeo abaixo é emblemático, e é o tipo de postura que temos que aturar nas transmissões de agora.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O rótulo

Um dos grandes problemas na análise de futebol de hoje é quando se observa o rótulo, não o conteúdo. É o que se vê quanto a Ronaldinho Gaúcho, por exemplo.

Colaram em Ronaldinho o rótulo de “ele não é decisivo quando o time precisa”, “pipoqueiro”, “amarelão”, e por aí vai. E é a partir desse estereótipo que as atuações do jogador do Milan são avaliadas. Também é pelo rótulo que opinam se ele deve ir ou não à Copa.

Ronaldinho decidiu um jogo do campeonato italiano? “Ah, só contra time pequeno”. Decidiu o clássico contra a Juventus? “Ah, a Juve faz campanha de rebaixado”. Não jogou bem contra a rival Inter de Milão? “Tá vendo? Pipocou...”.

Hoje, contra o Manchester United, Ronaldinho fez o primeiro gol, deu o passe pro segundo e levou perigo à defesa inglesa várias vezes. Mas como o Milan perdeu levando dois gols de Rooney, automaticamente o brasileiro é classificado como decepção. Se Kaká tivesse o mesmo desempenho com o Real Madrid, com o mesmo resultado final, ninguém diria isso.

É curioso constatar os dois pesos e duas medidas quando se trata de avaliar os medalhões que fracassaram na Copa de 2006. O já citado Kaká ainda faz jus a ser intocável, mas e quanto a Ronaldo, Robinho e Adriano? Ao contrário de Ronaldinho, estes três desistiram de jogar na Europa e voltaram ao Brasil. Diante do êxodo constante dos nossos melhores (e jovens) talentos, é claro que eles iriam sobrar por aqui.

Ronaldinho Gaúcho foi o único a tentar prosseguir jogando em alto nível, sem artimanhas disfarçadas de saudade de casa. Mesmo em seus piores dias na Itália, continuou buscando melhorar em meio aos melhores craques do planeta. E tem conseguido.

Ronaldo, ausente em metade dos jogos do Corinthians, merece a Copa? E Robinho, um fracasso no Manchester City (onde por muito tempo era o jogador mais talentoso mas não mostrou isso em campo)? Adriano conseguiu maior regularidade, mas não na Europa. A condescendência com eles é proporcional à crueldade com que julgam Ronaldinho Gaúcho.

E desistam de esperar o Gaúcho na Copa 2010. Dunga será mais fiel a seus lacaios, como Josué, Felipe Melo e Gilberto Silva. E até ao próprio Robinho. Está além da capacidade do técnico da Seleção flexibilizar seus métodos em nome da presença de um talentoso (embora inconstante) Ronaldinho. Para Dunga, o importante é a estabilidade e a lealdade, critérios que nunca preocuparão os medíocres com vaga certa na Copa.

Será que Ronaldinho vai ter que reinventar o futebol pra ser levado a sério novamente?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O descaso de Petkovic

Ridícula, absolutamente ridícula, a situação que Petkovic causou no Flamengo. O que você diria de um jogador que se irrita no intervalo de um clássico e deixa o estádio, enquanto todo o time (incluindo o outro atleta também substituído) tem que retornar para reverter o resultado negativo?

E o que é pior: fica circulando de carro nos arredores do estádio ouvindo o jogo no rádio tão somente para, se fosse sorteado no antidoping, voltar a tempo. Todos esses acontecimentos foram admitidos por Petkovic, que ainda mandou essa na coletiva: "Se eu cometi uma indisciplina...". Se?????

A decisão de Marcos Braz, diretor de futebol do clube, em rescindir imediatamente o contrato do sérvio foi desproporcional. Atos de indisciplina devem ser punidos de acordo com o prejuízo causado. Ainda mais no contexto atual do Flamengo, em que privilégios são concedidos e relevados com facilidade.

O empresário de Pet pode estar certo em achar que Braz tem algo pessoal contra o jogador. Mas nada disso teria acontecido se ele não tivesse chutado pro alto o compromisso que tinha com o clube e, principalmente, com seus companheiros.

Patricia Amorim já chegou com panos quentes, pois não vai querer ficar marcada como a presidente que dispensou um ídolo ainda no auge da popularidade. Vai ter que administrar a contrariedade de Marcos Braz, que já foi desgastado em sua autoridade no episódio com Andrade.

E Petkovic, se permanecer no Fla, vai ter que aceitar duas coisas, de imediato: que não é a única estrela magnânima - Vágner Love, na humildade, e Adriano, mais jovem e em ritmo de Copa, estão à sua frente; e que o time tem rendido melhor sem ele, ao menos por enquanto.

Aos 37 anos, Pet pode conseguir uma Libertadores inédita para seu currículo. É só parar com a marra que o caracterizou em outras passagens pelo clube e que estava esquecida até então.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ano domini

 

Camisa nº 3 do Corinthians, apresentada nesta semana. 

Padres designados para velórios em São Paulo  já contam com roupa esporte.

Ainda se faz pesquisa de mercado?