
Dois médicos bolivianos revelaram que a Federação de futebol daquele país encomendou um estudo, com exames clínicos, a fim de provar que não há risco para os atletas que jogam na altitude. O resultado deu parecer contrário, incluindo o caso de um jogador boliviano que morreu em campo.
A questão, como muitas de nosso esporte, tem fundo político. A direção da Fifa precisa do apoio da Confederação Sul-Americana, cuja direção precisa do apoio das Federações dos países que a compõem.
Por isso, só depois de várias evidências de risco à saúde dos atletas e de protestos constantes, a Fifa definiu que jogos das Eliminatórias da Copa não podem acontecer em altitudes maiores que 2.750m. "Jogador de seleção não pode morrer, mas de clube, pode", resumiu bem Emérson Leão. E vejam que é apenas uma recomendação, que as Confederações podem aceitar ou não.

A reportagem do Lance! ainda aponta que é possível jogar na altitude, desde que haja um período de aclimatação suficiente para os atletas. Aí entra o problema do calendário das milhões de competições que os times são obrigados a enfrentar. O Flamengo, por exemplo, joga dia 6 contra o Vasco, três dias depois contra o Cienciano (a 3.400m) e três dias depois é a semifinal da Taça Rio.
Isto é Brasil? Então vamos ao primeiro mundo: em dezembro o Arsenal jogou num domingo pelo campeonato inglês; no meio da semana, pela Copa da Inglaterra; e no dia de Natal, de novo pelo campeonato nacional! Sem contar Liga dos Campeões e Copa da UEFA. Lembram dos jogadores chegando machucados às vésperas das últimas Copas? Pois é.

Para o meia do Milan, o que está em vigor hoje é vender e vender jogadores, sem se importar se eles vão se ambientar no novo clube e local, deixando-os à própria sorte após o tilintar dos dólares na conta. Perfeito. É o que a Fifa faz, com sua omissão: trata os jogadores como pedaços de carne com etiqueta de preço. Se fenecerem, há outros "cortes" no mercado.
Quem torce, comenta e cobre o futebol precisa repercutir as palavras de Seedorf e a reportagem do Lance!, para que as fatalidades em campo não rimem com outra palavra: banalidade.
3 comentários:
Parabéns pelo blog.
Está adicionado na lista dos links.
Abraços!
Lessa,
A solução para o problema é simples. Basta a FIFA legalizar, junto com os jogos na altitude, o dopping. Os índios bolivianos não sentem os efeitos da altitude (e desconfio que o Maradona também não). Olha aí: Já estou vendo os velhinhos da FIFA com as camisetas do Legalize Já e cabelos rastafari. Que tal?
Difícil imaginar, André... A caretice lá é demais! :-)
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