Há algum tempo o comentarista do SporTV Paulo Cesar Vasconcellos já alertara sobre a repercussão dos julgamentos dos tribunais ser igual (ou maior) que a dos lances dos jogos. Nesta segunda não foi diferente: Kléber (do Palmeiras) suspenso, quatro jogadores do Flamengo indiciados pela última confusão com o Botafogo, e a anulação das eleições do Vasco publicada no Diário Oficial do Estado.
A FIFA esperneia, mas o efeito cascata da impunidade parece universal. Se Martin Taylor, na exemplar Premier League, pega apenas três jogos de suspensão por quase acabar com a carreira de Eduardo da Silva, por que sermos tão duros com os agressores tupiniquins? Kléber deu sete pontos de presente a André Dias, do São Paulo, numa jogada que infelizmente virou corriqueira: subir pra cabecear com o cotovelo no alto. (Até o carniceiro Materazzi, zagueiro da Inter de Milão que popularizou a jogada, provou do próprio veneno no jogo contra o Palermo, caindo desacordado.)
Pois Kléber ficou chateado porque achou a punição de três jogos injusta. O que não deixa de espantar, já que o artigo no qual foi indiciado vislumbrava punição bem maior. Aliás, essa é outra característica dos tribunais desportivos: após os violentos episódios e os milhões de replays servindo de subsídio, enquadram o agressor num artigo que por si só já é duríssimo. No julgamento, a mágica acontece: atenuam violentamente a pena do coitado. Assim foi com Souza, do Fla, e Coelho, do Atlético-MG, no Brasileirão de 2007; com Adriano, e agora com Kléber, no Paulistão 2008.
(Antes que os botafoguenses derramem suas lágrimas: Túlio não teve a pena atenuada, eu sei. Ficou fora do campeonato brasileiro, conforme mandava o artigo. No entanto, aí foi feita justiça, pois quem chuta a cara de um adversário no chão merece suspensão - sim, alvinegros, Fábio Luciano fez o mesmo contra o Nacional, não precisam chiar, merecia igual punição. Se o Botafogo é perseguido ou possui advogados pouco malandros, isso é papo pros torcedores e suas sessões de psicanálise.)
Quatro jogadores do Fla foram indiciados, como de praxe, em artigos assustadores. Alguém acredita que serão punidos por longo tempo? Estou quase comparecendo à audiência pra torcer contra Toró e Obina, mas sei que vai ser em vão.
O que fica claro também é que a justiça desportiva é espelho da justiça do país. Quando saiu a sentença anulando as eleições do Vasco (mais de um ano depois!!!), Eurico Miranda nem se abalou. Ele já sabia que ia levar um tempo pra ser publicada no Diário Oficial (quase um mês), que a partir daí as chapas teriam uma semana para apresentar embargos, que a partir daí os embargos deverão ser julgados, que a partir daí a sentença sobre os embargos também deverá ser publicada no Diário Oficial, e que só a partir daí o Vasco terá até 30 dias (!!) pra marcar nova eleição. Roberto Dinamite tem que ter pavio longo pra aturar tudo isso.
E é só! Quero logo voltar às quatro linhas!
terça-feira, 25 de março de 2008
Novas jurídicas
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