segunda-feira, 10 de março de 2008

Dever de casa e greve do sorriso

O Fla fez o que tinha que fazer: chutou o cachorro morto Americano (pior ataque do campeonato carioca), dessa vez com um time misto. Aliás, Joel tem que caminhar nessa direção: poupar o elenco não significa botar todos os reservas. É preciso mesclar e deixar os titulares no banco, pra qualquer eventualidade. Acertou botando Maxi e Gavilán, pois os gringos precisam de ritmo de jogo pra ajudar o time a lidar com o contexto sul-americano das catimbas.

Uma observação: o jogo contra o Nacional, dia 19, ficou com contornos de decisão. O que revela uma característica do Flamengo atual, a "auto-FLAgelação". Após a ressurreição épica no Campeonato Brasileiro de 2007, o rubro-negro parece precisar de grandes dramas e superação de desafios mesmo quando não tem. Caiu num grupo fácil na Libertadores mas resolveu empatar contra o Coronel Bolognesi e perder para o Nacional sabotando a si mesmo. Se não vencer o time uruguaio no Maraca, todo o planejamento pra 2008 periga, pois o torcedor não vai se contentar apenas com mais um título carioca (se vier).

O Botafogo também fez seu homework: obrigado a usar o time misto, venceu o Volta Redonda por 3x0. A torcida fez nova música pra zoar de volta o Flamengo. Assim tá ótimo: bola no pé e irreverência na torcida. Chega de choro, pro bem do Botafogo e de quem precisa acompanhar o noticiário esportivo. Não agüentamos mais a instigação de polêmicas que são faisquinhas enquanto problemas maiores não atraem a imprensa, p. ex.: por que os ingressos permanecem caros? Por que não se levanta uma campanha diária encurralando os dirigentes? Isso é muito mais grave do que comemorações provocativas...

Mas a pior notícia foi a contusão de Dodô. O artilheiro abre um sorriso bonito sempre que faz seus belos gols. É natural: que pai não estaria orgulhoso do filho que criou e que encanta a todos em volta? O sorriso de Dodô é a garantia de nossos sorrisos estupefatos ao ver a mais recente pérola do atacante encontrada no fundo da rede. Pois ficaremos sem o sorriso (e suas causas) por, no mínimo, oito semanas. Isso é triste.


Leandro Amaral não sabia no que estava se metendo quando resolveu comprar briga jurídica com ninguém menos que Eurico Miranda. O presidente interino do Vasco, que é formado em Direito e já foi parlamentar, sabe muito dos meandros da justiça brasileira. E Leandro estava acabado pro futebol quando o time da Colina o resgatou. Agora, Eurico é motivado também pela bílis da traição, e já conseguiu as primeiras vitórias. A Leandro, resta a humilhação de ter que negociar com o Vasco (ou pior: voltar a jogar lá, depois de tudo) ou uma possível ida para o Botafogo, isto é, estaria fora da Libertadores. Pena, porque é um jogador talentoso.

A Fifa quer suspender o agressor enquanto o agredido ficar no estaleiro? Ótimo. Só que a mesma Fifa já tinha orientado os juízes a "vermelhar" qualquer carrinho, mesmo sem o cartão amarelo. Não pegou. A parte técnica sempre corre o risco de ser avaliada subjetivamente, mas a parte disciplinar não pode "não pegar". Se a falta apresentou risco para o jogador, precisa ser coibida com os cartões, e não só quando a trava chega no osso. Os juízes e os botinudos já se esqueceram disso faz tempo. O que já causa prejuízos pro espetáculo: Cristiano Ronaldo pensa em parar de driblar, por medo. Pode um negócio desses??

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