domingo, 6 de julho de 2008

Uma rodada rubro-negra

É inegável que a nona rodada do Brasileirão foi, acima de tudo, rubro-negra: Flamengo, Sport, Atlético-PR e Vitória venceram, sendo que o clube carioca abriu cinco pontos de vantagem na liderança da competição.

O Fla foi inesperadamente ajudado, em alguns casos. A vitória do Sport sobre o Cruzeiro, em casa (com aquele gramado) ou a do Atlético-PR, também em casa, contra o combalido Santos, não podem ser chamadas de surpresa. Mas o que dizer da derrota do Grêmio para o Botafogo, e do empate (no último minuto) do São Paulo contra o Ipatinga - no Morumbi?

Pelo que se vinha acompanhando nas rodadas, mesmo no Engenhão era improvável (não impossível) que o Botafogo vencesse o tricolor gaúcho, vice-líder em plena ascensão. Mas venceu, jogando bem e com autoridade, querendo resgatar o espírito guerreiro.

O São Paulo busca vencer adversários diretos (como fez contra o Flamengo), mas perder pontos para o Ipatinga em casa não estava no script. A briga quase física entre Alex Silva e Zé Luís reflete bem como estavam os nervos em campo. Muricy, sempre transparente, disparou: "não jogamos nada". Essa franqueza do comandante é o que ajuda o tricolor a ser tão pragmático.

O Vasco mostrou bom futebol e ofensividade (coisa rara em Antonio Lopes), mas não era o dia do cruzmaltino. Duas bolas na trave, tão belas quanto gols, não foram perdoadas pelo sempre aplicado Figueirense. Mas pelo que se viu, os vascaínos podem ter maiores esperanças. Leandro Amaral, Edmundo, Jean, Wagner Diniz e Morais são meio time com qualidade.

E o Fluminense? Perde para o Goiás, que ainda assim permaneceu na zona do rebaixamento. A ressaca é forte, mas o tricolor tem elenco pra reagir. Dessa vez, precisam se inspirar no Flamengo não quanto ao fiasco perante Cabañas, mas na recuperação da auto-estima para o Brasileirão.

Deixei o Flamengo por último, pois a situação é quase inédita. Há 29 anos o time não tinha um começo tão bom de campeonato brasileiro. Possui um elenco versátil, com opções e entrosado, e Caio Júnior vai se afrimando como um técnico de personalidade. "Nosso jogo mais importante é o próximo", ele costuma dizer aos jogadores.

Com essa mentalidade se refletindo em campo, não é absurdo os cinco pontos de vantagem. Após sair ridiculamente da Libertadores, sem nunca ter jogado bem um Brasileirão por pontos corridos (sempre namorando o rebaixamento), a campanha de 2008 já é novidade. Mas ainda restam 29 rodadas...

2 comentários:

André Mello disse...

Lessa,
Concordo com quase tudo o que vc falou sobre a rodada, menos sobre o Flu. A verdade é que a Libertadores, esse ano, foi atípica. A LDU ganhou no "ano da zebra". E o Flu, na final, era outra zebra. Quando duas zebras cruzam as listras, tudo pode acontecer. Ficaram no caminho todos os "favoritos"... Então, apesar da misericórdia e da compaixão que vc, como cristão, tem pelo pó-de-arroz, não há como evitar um diagnóstico. O time (e o técnico) vão ter que comer muito feijão-com-arroz (quem sabe o Mundial) para poder alcançar os demais. Sobre o campeonato brasileiro, penso que o Flamengo teve a grande sorte de abandonar o sonho do Japão para pensar no Brasil. Um choque de realidade é tudo o que todos precisam! Para finalizar, uma nota: a identidade de clube e pessoa é maior do que a identidade nacional? Lá no Ecuador, todos torceram para a LDU, mas no Brasil e na Argentina, a rivalidade local falou mais alto. Sinal dos tempos?

Marcos André Lessa disse...

Cara, sinal dos tempos? Sei lá. Será que na Inglaterra e na Itália não seria o mesmo? O Equador nunca foi alguma coisa no futebol, e chegou à 2a final da Libertadores depois de 10 anos. Isso talvez explique a "unidade nacional"...
Abs!