sexta-feira, 20 de junho de 2008

O que vem de cima me atinge

Nada como momentos de desespero para confirmar suspeitas e fazer vir à tona o que se tenta sublimar. Ricardo Teixeira, que não é afeito a jornalistas, foi ao Jornal Nacional dizer que Ronaldinho Gaúcho "tem condições de fazer uma grande olimpíada, uma grande eliminatória".

Quando o presidente da CBF fala que um jogador seria muito importante em determinada competição, não há dúvidas: está impondo a convocação do mesmo. O empregado Dunga vai dizer não, mesmo que discorde? E se disser, continuaria útil à CBF?

Com o Brasil na zona de repescagem das eliminatórias e a raridade de craques fora-de-série pra fazer diferença, o desespero bateu e revelou o que todos desconfiam: a grande influência da cartolagem nas convocações

Se isso já acontecia antigamente, não posso dizer. Mas hoje: quantos atletas se transferiram para outros clubes após vestirem a amarelinha? Josué, Mineiro, Jônatas (do Flamengo, uma convocação apenas)... Só alguns exemplos, e quais deles têm futebol de seleção?

Não é o caso de Ronaldinho Gaúcho, mas o recado está dado: ele vai a Pequim e será convocado para o próximo jogo das eliminatórias.

No pior momento de Dunga, confesso que daria um voto de confiança quanto às intenções do técnico ao assumir o comando, há dois anos. Penso que ele e Jorginho (ainda sem a experiência de passar por uma Comissão Técnica de Seleção Brasileira) imaginavam poder fazer, de fato, uma renovação com qualidade.

Óbvio que com toda a bagagem de campo de Dunga, não acho estranho determinadas escolhas defensivas. Mas talvez eles nem imaginassem o quanto de interferências sofreriam. A atual, tornada pública via Jornal Nacional, deve ser apenas uma de muitas.

Afinal, a Seleção é a galinha dos ovos de ouro da CBF. Não pode correr o risco de ficar em baixa, ou fora de uma Copa do Mundo. Ah, também não pode ficar assim devido à tradição e à torcida. Mas não é nessas últimas razões que pensam os dirigentes do nosso futebol.

Nenhum comentário: