sexta-feira, 10 de abril de 2009

O dia em que Adriano parou

Reconheçamos: poucos, pouquíssimos jogadores de alto nível no futebol mundial teriam a transparência e a coragem de Adriano.

Por que digo isso? Porque no futebol globalizado de hoje, em que os jogadores milionários são levados a crer que são super-heróis imbatíveis, o centroavante da Inter de Milão admitiu suas fraquezas, e tomou uma decisão a partir disso com o fim de se preservar.

Além de admitir que perdeu a vontade de jogar, Adriano fez algo prático a respeito: parou de jogar. Como em toda crise pessoal, ele espera que passe (vai "dar um tempo" de dois, três meses). Mas desistiu de ficar se arrastando em campo fingindo que ainda leva a sério tudo aquilo. Uma honestidade que caberia muito bem em muitos medalhões-múmia que vemos nos gramados por aí...

Sendo que o atacante é seguidamente convocado por Dunga para a Seleção, ou seja, estava mais próximo do que muitos da Copa de 2010. Até disso Adriano abriu mão. E ainda confirmou o velho funk: "eu só quero é ser feliz/e andar tranquilamente na favela onde eu nasci".

Pode-se deduzir que o atacante está com depressão e se inferir algum problema com drogas (o que anti-doping algum jamais acusou). Mas antes disso Adriano já tinha reconhecido seu alcoolismo, e a temporada no São Paulo serviu para uma tentativa de recuperação. Não é a primeira vez que o jogador é transparente com quem o acompanha no mundo do futebol.

Não considero o estilo de jogo trombador de Adriano um modelo para o futebol, embora faça belos gols de canhota. Mas é o tipo de centroavante que injustamente ofusca talentos como Nilmar ou mesmo Alexandre Pato, que não se enquadram nesse perfil e são tão eficientes e talentosos quanto (ou mais). Só não desejo que ele encerre a carreira assim, pois ainda pode conquistar títulos e fazer gols. Como todo homem ou mulher, merece ser feliz.

No entanto, a atitude de Adriano nos relembra que o futebol é humano, demasiadamente humano. Por mais que a mídia e os cifrões insistam em nos dizer (e aos atletas) o contrário.

4 comentários:

Eric disse...

Lessa, oncordo com vc que a atitude do Adriano foi realmente algo destoante do que vemos em outros atletas por aí. Mas é bom também fazer a ressalva de que a forma como ele resolveu parar não foi profissional. Deveria ter ido até a Itália, conversar com o clube, seu empregador e resolver na boa. Ele "largou" tudo de forma muito inconsequente.

Eric disse...

Logo depois de fazer o meu comentário aqui vejo que o PVC postou algo na mesma linha, sobre o profissionalismo da atitude do Adriano. Vale a pena citar.

http://espnbrasil.terra.com.br/pauloviniciuscoelho/post/43847_O+PROXIMO+CAPITULO+DO+CASO+ADRIANO

Marcos André Lessa disse...

De fato, meu nobre. Vai ser o assunto das próximas semanas. Boa dica!

GRAÇA TORRES disse...

TB FIQUEI IMPRESSIONADA COM A ATITUDE DELE, ONDE TANTOS QUEREM FAZER O CAMINHO INVERSO, ELE VOLTA AS SUAS ORIGENS.