Outra rodada passou, muitos gols foram feitos, e a cena mais marcante foi a de Andrade, técnico interino do Flamengo, chorando após a vitória contra o Santos. Chorava, antes de tudo, por ter alma rubro-negra, a ponto de se emocionar ao chamar o clube de fabuloso e poder dedicar uma vitória histórica (há 36 anos o Fla não vencia na Vila) a um companheiro falecido na véspera.
O choro de Andrade não justifica que seja escolhido técnico do Fla, pois é preciso requisitos que outras passagens do ex-craque no comando do time não demonstraram. Mas expressa que ainda existe uma relação com a essência do futebol, com as origens do esporte. E de maneira sincera, nada forçada. Ok, Andrade é jogador de outros tempos, mas imagine a garotada do Fla vendo aquela cena?
Quer outra atitude sincera e transparente? A alegria de Obina ao fazer três gols no Corinthians e a humildade diante da empolgação midiática chamando-o de fenômeno. "Tenho os pés no chão", disse o atacante, que teve que voltar de carona pra casa porque o pneu de seu carro furou.
Tanto em Andrade como em Obina estão representadas atitudes e histórias que fizeram do futebol um esporte rico em humanidade. É claro que a marra de Romário, as escapulidas de Ronaldo, os destemperos de Edmundo, o "nunca estou errado" de Luxemburgo e as grosserias de Muricy também contribuem.
Mas confesso que estou de saco cheio de muita falação e pouco futebol dentro de campo. Ou pouca sinceridade e humildade. Não aguento mais sentar na frente da TV e assistir uma série de crianças malcriadas fazendo beicinho por um monte de coisa. E isso vale tanto para os protagonistas do espetáculo como para seus analistas e repórteres.
Portanto, minha análise da rodada dá ênfase no que é real e faz bem: o choro de Andrade e o sorriso de Obina.
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E o que mais dizer? O Atlético-MG perde em casa para o Goiás e tem a companhia do Palmeiras na liderança. A briga aí vai ser boa, e Celso Roth não deve querer o rótulo de "cavalo paraguaio".
O Avaí ressuscita com 4 vitórias seguidas; o Botafogo também, ao vencer o Inter (embora quase tenha se auto-sabotado ao permitir um empate); o Flamengo, sem armadores no meio-campo, precisa que Adriano acerte uma mega-chute quase da intermediária pra vencer o Santos.
O Fluminense, quando consegue chegar no gol adversário, esbarra na muralha Fábio, do Cruzeiro. E com as contusões mil, corre sério risco de rebaixamento.
O Corinthians faz liquidação e um de seus dirigentes diz que a torcida está errada ao reclamar - "futebol é business", disse ele. Como bem colocou Juca Kfouri, os clubes são entidades sem fins lucrativos e seu "negócio" é ganhar títulos, operando no azul. Tá tudo invertido. E sem André Santos, Cristian, Douglas e agora, Ronaldo, o Timão deve se distanciar do G-4.
O São Paulo parece voltar a se acertar. Mas aí tem Washington (um dos jogadores mais reclamões em campo, assim como Ibson e Juan, do Fla) expulso por xingar o juiz. É um garoto de 17 anos começando a carreira? Não, é um jogador rodado e importante para seu time. Pra você ver.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Sinceramente, chorar não custa nada
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