quinta-feira, 23 de julho de 2009

Absolutamente nada de novo no front

A rodada do meio de semana ainda está em andamento, e prometo comentar o que for interessante, mesmo que seja em outro post. Porque o assunto do dia é a demissão de Cuca do Flamengo, por mais que tenha sido anunciada desde antes da contratação do bom porém inseguro treinador.

É o mesmo rame-rame diante do qual nem o tão bem falado São Paulo escapou: uma hora a corda arrebenta para o lado do técnico. Fico impressionado: como a questão cultural está arraigada no nosso país! Na Inglaterra, onde os torcedores são muito mais fanáticos, você vê Alex Ferguson há 23 anos à frente do Manchester United.

Quer outro exemplo impressionante? O Liverpool, em mais de 100 anos de história, teve apenas... 18 técnicos. Rafa Benitez está lá há cinco anos. E não pense que isso se dá só porque os times são ricos, pois faz tempo que o Arsenal está na seca de títulos e ninguém pensa em tirar Arsene Wengler, que é técnico do time desde 1996.

Voltando à realidade nacional: enquanto nossos dirigentes não encarnarem de vez a missão de planejar a longo prazo, dificilmente a cultura muda. No momento das tempestades - pois é impossível o time ir bem em todos os campeonatos, em todos os anos - a diretoria deveria "bancar" o técnico em quem apostou. E deixar a torcida "cornetar" até ficar rouca e ver que não adianta.

Mas esses manda-chuvas são espertos, posto que alérgicos a qualquer tipo de responsabilidade. Se tomam uma atitude dessas, precisam arcar com o ônus de serem pára-raios das queixas, ao menos até a situação melhorar. Melhor sacrificar o técnico, não é mesmo?

Muricy poderia ter ficado no São Paulo por muito mais tempo, assim como Luxemburgo no Palmeiras, Celso Roth no Grêmio e Cuca no Flamengo. Mas a passionalidade da torcida não deixa barato, e beira a irracionalidade se os resultados não aparecem logo. Já não são incomuns as ameaças (e agressões) de todo o tipo quando a vontade de certos grupos de torcedores não é atendida.

E assim vamos. Cuca só não tinha saído do Fla porque não havia opções factíveis no mercado. Com Vágner Mancini dando sopa, a hora é agora. Quem pedia a saída de Cuca imagina que o novo técnico (seja quem for) ainda vai conhecer o elenco, armar a equipe, criar um relacionamento etc etc...? E nisso vão umas 3, 4 rodadas do Brasileirão.

Faço apenas uma exceção (ao menos até agora): o Internacional está mantendo Tite mesmo numa fase péssima, em pleno ano do centenário. Tomara que não seja fogo de palha.

ATUALIZAÇÃO EM 24/07: Se essa história é verdade, a diretoria tem um pouco menos de culpa. Mas se ela já sabia que esse tipo de coisa acontecia, tinha que ter enquadrado o treinador há muito mais tempo.

Se essa história for verdade.

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Quanto aos jogos de ontem: o Avaí mostra o que é se recuperar num campeonato por pontos corridos: saiu da penúltima para a 11ª posição em poucas rodadas, encontrando enfim as vitórias. Ah, é outro time que mantém o técnico (Silas, desde a Série B em 2008).

O São Paulo reagiu bem contra o Inter, mas ainda é muito cedo pra dizer que ele pode assustar como fez nos últimos anos. E o Botafogo fica na ilusão de que as coisas melhoraram muito... Menos, menos. Se "Juninho é o cara" e tudo que é gol depende dele, não dá pra se empolgar.

O Barueri não perde a pose de time arrumadinho e deu um sufoco no atabalhoado Falemngo em pleno Maracanã. O rubro-negro, ao menos, pode dizer que resolveu o ataque: Adriano e/ou Emerson não passam em branco.

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