segunda-feira, 22 de junho de 2009

Um Tostão de prosa

O hômi já foi craque dentro das quatro linhas. Agora, usa as próprias linhas pra fazer nova arte em cima do mesmo tema, o futebol.

Reproduzo aqui a coluna de Tostão na Folha de São Paulo de ontem. Uma aula de como escrever bem, de maneira concisa, sem fugir da raia nos temas polêmicos e tampouco sendo deselegante pra isso. Genial sua observação sobre os técnicos.

Professor Dunga continua bem

Mesmo sem ter sido técnico, Dunga tem se mostrado capaz de ser tão eficiente quanto bons e experientes treinadores

CONTRA OS EUA , o Brasil melhorou na defesa, no meio-campo e no ataque. Melhorou porque trocou mais passes, Gilberto Silva e Felipe Melo jogaram mais na frente, o contra-ataque ficou ainda mais rápido com Ramires, e Maicon e André Santos são superiores a Daniel Alves e Kléber. Maicon marca melhor e avança mais pela lateral. Daniel Alves é mais um armador pela direita.

Independentemente do que vai acontecer hoje e nos próximos jogos, Dunga vai bem. Isso não é porque ele tem inovado e surpreendido ou porque a seleção tem uma ótima porcentagem de vitórias.

Dunga vai bem porque, mesmo sem nunca ter sido treinador, tem mostrado que é capaz de fazer o que outros bons e experientes treinadores fariam.

Isso é mais uma evidência de que os técnicos não têm a enorme importância que eles e a maior parte da imprensa acham que têm. Outro bom treinador teria, na seleção, mais ou menos a mesma média de bons resultados.

Os técnicos são importantes, mas nem tanto. Luxemburgo é apenas um excelente treinador, como outros. Mesmo se fosse capaz de ganhar as partidas, seria absurdo um clube brasileiro pagar ao técnico o que ele ganha. O presidente do Palmeiras, Belluzzo, como um grande economista, deveria saber disso.

Volto à seleção.

Em 2005, o Brasil ganhou a Copa das Confederações com brilhantes atuações contra Alemanha e Argentina. Na Copa de 2006, foi um fracasso. Isso não quer dizer que, se o Brasil ganhar o atual torneio, vai fracassar na Copa. Nem o contrário.

O que não se pode é achar que está tudo ótimo nas vitórias e péssimo nas derrotas. Galvão Bueno, porta- -voz da TV Globo, que exerce grande influência na imprensa e no público, tem sempre um discurso pronto para a vitória e outro para a derrota, de acordo com a audiência.
Seus conceitos mudam em poucos minutos.

A festa em Weggis, local de treinos da seleção antes da Copa de 2006, considerada um dos fatores para o fracasso brasileiro, não foi só festa da seleção. A maior parte da imprensa presente na Suíça estava deslumbrada com a equipe.

As entrevistas de Parreira eram mais para elogiar do que para perguntar. A turma do oba-oba estava eufórica. Parecia uma seleção perfeita. Não poderia dar certo.

Deformados conceitos

Contra o Inter, Mano Menezes não foi atrás da deformada onda de que um time em casa não pode levar gol. Claro que isso é importante. Porém muito mais importante é, em casa, arriscar e fazer gols.

O técnico escalou um armador ofensivo no lugar de André Santos, adiantou a equipe, fez um gol e foi atrás de outro, mesmo correndo o risco de sofrer um. Se terminasse 0 a 0, as chances do Corinthians seriam mínimas em Porto Alegre.

Pelo fato de o São Paulo ter vencido o Cruzeiro pelo Brasileiro, Muricy manteve Eduardo Costa no lugar de Hernanes. Mesmo fora de forma, não dá para ver Hernanes na reserva do brucutu Eduardo Costa, que já merecia ter sido expulso no Mineirão.

Repetir sempre a formação por causa de uma vitória é outro deformado conceito. "A bola pune", como já disse Muricy.

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