quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

As aves têm suas próprias asas

Ganso e Pato. Duas promessas que chegaram jovens ao protagonismo. Dois meteoros que não alcançaram as órbitas vislumbradas. Duas carreiras que a "ejaculação precoce" dos comentaristas esportivos já colocou nas alturas e agora tenta enterrar. A verdade é que Paulo Henrique e Alexandre são incógnitas, tanto pelas contusões recentes como pelo foco que dão às carreiras. Penso que o futebol brasileiro não pode prescindir de nenhum dos dois. Mas se não quiserem pagar o preço devido pra levantar vôo novamente, ninguém vai fazer isso por eles.


O que isso quer dizer? Bom, o talento não se desaprende. Tanto um como o outro sabem que possuem uma antevisão que os diferencia dos jogadores regulares. Por que não engrenam de vez, então?

Sim, houve contusões. Mas isso só é mais um motivo para levarem a sério, com disciplina e "espírito de operário" os tratamentos para recuperação. É dar o máximo em cada treino e sessão de fisioterapia, sabendo que no futebol moderno o preparo físico é crucial para o talento aparecer e ser decisivo. Nilmar e seus dois joelhos operados foram à Copa de 2010.

Pato precisa entender que seu estrelato é um coadjuvante agora, um efeito colateral do marketing esportivo. Se não voltar a ser regular, ao menos no faro de artilheiro e na fome de gols, vai desvanecer com o tempo. Centroavante vive de gol, de botar medo na zaga e na torcida adversária nos jogos decisivos. E precisa lembrar que a camisa 9 da Seleção não está garantida pra ninguém, e que tem apenas 23 anos!

Ganso precisa entender que sua carreira recomeçou. Virou a antítese de Neymar, que é bem resolvido e ídolo inconteste do clube que o formou. O camisa 8 do São Paulo deve esquecer o que já foi e voltar a aparecer pelo seu futebol diferenciado. Deixar a "marra" de lado, virar um jogador que pode até ser odiado, mas respeitado por sua capacidade em campo. Precisa encarar o fato de que ser o único meia-armador em atividade no Brasil não é motivo pra se acomodar, mas para se tornar imprescindível - suando bastante a camisa.

Que Ganso e Pato deixem de ser andorinhas solitárias no mundo deslumbrado (e implacável) do futebol.

5 comentários:

André Marques disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
André Marques disse...

Até que volte a ter regularidade com uma sequência de boas atuações, Ganso até agora é jogador de 1 semestre, o primeiro de 2010.
Antes disso, chegou a ser criticado por ter perdido 2 pênaltis contra o flamengo no Maracanã. Mas fez um excelente primeiro semestre em 2010 e virou "craque", pelo menos para os comentaristas.
Mas depois disso veio a contusão e desde que retornou, Ganso só vive do que jogou naquele primeiro semestre de 2010.
É bom jogador? Sem dúvida. Mas daí a craque incontestável é diferente. Precisa mostrar 2010 não foi apenas uma grande fase.

Raciocínio semelhante pode ser usado com o zagueiro Dedé. Até 2010 chegou a irritar os vascaínos que lhe mandaram até vaias. Mas viveu grande fase em 2011, sendo chamado de "Mito". Mas depois da contusão, até agora tem sido um zagueiro comum. Penso até que o Vasco desperdiçou ótima chance de fazer dinheiro com ele enquanto ainda pode.

Marcos André Lessa disse...

Na minha opinião os dois podem voltar a ser o que projetaram. É errado dizer que o cara é "craque" ou "mito" tão cedo, mas também acho cedo pra dizer que são jogadores comuns. Todos precisam calçar as sandálias da humildade pra recuperar o tempo perdido.

André Marques disse...

Claro que podem.
O que me incomoda é a dificuldade que boa parte da mídia tem em reconhecer que o cara que um dia eles chamaram de craque, hoje está jogando abaixo do que jogou quando ganhou esse status.

Isso é por quê? Medo de talvez o jogador não ser isso tudo e aí ter de reconhecer que fez uma avaliação errada?

E aí com isso seguimos vendo mesas redondas avaliando os jogadores não pelo que eles jogam, mas pelo que jogaram. Até para a Seleção eles vão.

Marcos André Lessa disse...

Sim, essa falta de reconhecimento é gritante. E sua última frase é perfeita, vide R10 e Kaká.