segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O homem incógnita


Enquanto Ronaldinho Gaúcho é oferecido no espeto a várias mesas pelo próprio irmão, ninguém está falando de uma questão crucial: que Ronaldinho voltaria a jogar no Brasil? Sim, haverá retorno de marketing, receitas, estádios enchendo para vê-lo... Mas e o resultado em campo, qual será?

Está certo que o auge de sua carreira já passou. Fez chover no Barcelona, foi campeão da Liga dos Campeões, disputou três Copas (vencendo a primeira), mas veio para o Milan em baixa. No tempo da solidão de Kaká no meio-campo da Era Dunga, seus lampejos voltaram a credenciá-lo para a Seleção. Teve uma boa fase, mas não se pode  dizer que era aquele Ronaldinho.

E talvez aí esteja o "pulo do gato" para que Ronaldinho volte a apresentar um bom futebol regularmente: reconhecer que não é mais aquele Ronaldinho. No programa Juca Entrevista, o ex-craque Sócrates deu a dica: "Ele precisa admitir que é humano, deixou de ser mito. Precisa se reiventar".

Foi o que os grandes jogadores brasileiros fizeram durante suas carreiras. A velocidade do início de Romário deu lugar ao "gênio da grande área". A explosão arrasa-quarteirão de Ronaldo foi substituída pelo "jeito Túlio" de jogar, estando na hora certa e no lugar certo, com o talento que não depende do físico. Ah, e ambos voltaram ao Brasil, o que torna tudo mais fácil.

Ao que tudo indica (sei lá...), Ronaldinho está voltando ao Brasil. Mas e o resto? Não adianta insistir nos malabarismos de sempre, já que fica notória a falta de eficácia no futebol atual. Neymar e Ganso já aprenderam que não adianta só rebolar, tem que ter bola na rede. Não adianta se iludir (e tentar iludir torcida e crítica) de que ainda é aquele Ronaldinho. É um preâmbulo para expectativas frustradas.

Se lembrar da sua boa fase esse ano no Milan, Ronaldinho poderá encontrar um novo rumo. Em vez da correria e das acrobacias, o camisa 80 se esmerou por lançamentos  milimétricos que deram várias vitórias ao time rossonero. Em outras situações, já perto do gol, tirou da cartola finalizações que seu talento ainda permite. Fora as perfeitas cobranças de falta.

Em suma: Ronaldinho Gaúcho precisa aprender que menos é mais. Principalmente no Brasil, que sofre com o êxodo de jogadores, ele tem que se dar conta que não é preciso muito para impressionar e resolver jogos, sem ficar pressionado por torcida e crítica. Além dos exemplos acima, Ronaldinho ainda pode lembrar de Adriano 2009.

E Ronaldinho ainda possui uma grande vantagem em relação à trinca citada: tem uma fisiologia que, treinando seriamente, consegue se manter bem nos 90 minutos. É agora ou nunca, dentuço.

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