Atendendo ao clamor popular da vez e às encomendas do patrão Ricardo Teixeira, Mano Menezes entabulou a renovação da Seleção e a volta do futebol ofensivo, com muito cavalheirismo perante imprensa e patrocinadores. Até aí, nada de novo na postura de um técnico de Seleção que começa o seu trabalho.
Porém Mano tem ido além em sua postura. Já declarou que o Brasil precisa retomar o protagonismo no cenário mundial, e que isso deve se refletir dentro de campo com um futebol que intimida o adversário, no sentido talentoso da expressão. Como se não bastasse, ressaltou que os volantes da Seleção devem saber sair pro jogo, e não apenas "combater". E esclarece cada dúvida sobre suas convocações, sem embromation. Também opinou que jovens craques como Neymar devem permanecer mais tempo no país.
Zico assumiu o risco de ser cartola enquanto ainda permanece no panteão dos deuses da torcida do Flamengo. Assim que os primeiros resultados negativos apareceram, veio a pressão para reforçar o time sob pena de ter sua gestão ser tachada de incompetente - com apenas dois meses de vida.
O Galinho já imaginava que haveria gente para jogar contra dentro do próprio clube, que contam até com mensageiros midiáticos. As especulações sobre reforços surgiam na imprensa e Zico não confirmava nenhuma delas. Confrontado por repórteres quando faltavam dois dias para fechar a janela de transferências, ele reiterou: "Só vamos anunciar quando tudo estiver sacramentado e os atletas tiverem condição de jogo".
Dois dias depois, Deivid e Diogo chegaram, e o anúncio foi feito pelo site oficial do Flamengo, dentro das condições acima descritas. Zico não vazou a informação para jornalistas muy amigos, nem prometeu o que não podia só pra acalmar a massa rubro-negra. Ouviu críticas de que não estava se movimentando para resolver o problema e as engoliu em seco. Contratou, e cumpriu o objetivo de não fazer loucuras financeiras ou prejudicar o clube em relação a empresários.
O presidente do Santos fecha o trio com chave de ouro. Em vez de ter o pensamento mercantil de quanto poderia faturar com a venda de Neymar e dar o assunto por encerrado, pensou "fora da caixa". Fez o dever de casa, quebrou a cabeça, fez contatos para saber como convencer o jogador e seu staff a permanecer no Santos.
Apresentou um plano de carreira que não envolvia só dinheiro, mas a valorização do jogador e do cidadão Neymar, e vai fazer o mesmo com Ganso. Durante todo o ano, assim como o técnico Dorival Junior, respeitou as características dos atletas sem cair no patrulhamento hipócrita e moralista que o mundo do futebol tanto adora.
Pra completar, Luís Alvaro ainda denunciou o Chelsea à Fifa por aliciar Neymar enquanto ele ainda negociava com o Santos. "É necessário mostrar que o Brasil não é coloniazinha subdesenvolvida", disse ele. Esquerdismo de ocasião? Não, apenas a defesa do futebol brasileiro em todas as suas instâncias.
Outra característica comum aos três é que cultivam um bom relacionamento com todas as partes envolvidas no seu trabalho, sem deixar de exercer a autoridade e a responsabilidade que lhe cabem: imprensa, técnicos, jogadores, dirigentes, torcida, patrocinadores.
Mano, Zico e Luis Álvaro dependem de resultados vitoriosos dentro de campo para sacramentarem sua moderna maneira de encarar o futebol. Entretanto já são expoentes de um novo pensar. O país que é o maior celeiro de craques do planeta não pode ser tocado de um jeito amador e antiquado. Nem como se ainda fosse colônia de exploração. Tampouco deve copiar tudo o que vem de fora só por fetiche.
Atitude, trabalho suado e sério, transparência nos métodos e caráter para alcançar os objetivos. Os três mosqueteiros têm tudo isso, e espero que inspirem os demais.
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