terça-feira, 10 de agosto de 2010

Colírio!


É inevitável o pensamento a seguir: que diferença da Seleção anterior, hein? Assumo aqui o compromisso de não me referir mais ao Dunga e seus anões, apenas a Mano e seus maninhos. Há muito, muito tempo eu não via um jogo do Brasil com tanto gosto e tão feliz por ver ofensividade e versatilidade saindo pelo ladrão.

Não imaginava que os jogadores convocados, mesmo os que estreariam pela Seleção, fossem sentir o peso. Muitos deles foram cedo para time titular e para o exterior, já estão acostumados a grandes jogos e camisas idem. Fiquei surpreso foi com o entendimento em campo, mais do que entrosamento - que seria impossível em um dia e meio de treinos de um novo grupo.

Mesmo quando a jogada não tinha o desfecho esperado, você percebia que o raciocínio dos atletas era parecido, quase uma afinidade (com exceção de Daniel Alves). Por exemplo: Pato errou o tempo de alguns passes, mas acertava na intenção planejada por quem dava a assistência.

Parece besteira, mas não é. Se esses jogadores mantiverem tal feeling, as coisas pode acontecer bem mais rápido do que se imaginava.

Também nesse sentido, é bom ver que o recado de Mano Menezes foi compreendido em campo. Deslocamentos, vontade de fazer gols, preenchimento de espaços... Tudo assimilado e bem executado. Com exceção do lance de Donovan no início ainda nervoso do Brasil, e na cochilada do final em que Vitor caprichou no reflexo, em nenhum momento os EUA ameaçaram.

Um time com três atacantes de ofício e dois volantes que saem pro jogo pode se defender com competência? Claro, talento e habilidade só contribuem para a tática, sempre. Robinho e Neymar fechavam os espaços e até roubavam bolas, sem abrir mão da chegada à frente, contando com laterais pra tabelar. Com volantes de bom passe e senso de definição, pouquíssimas bolas sobram pro adversário tendo que ser recuperadas.

Foi só um jogo, e ainda há outros atletas a serem convocados. A camisa 9 ainda parece vaga. A 6 precisa de mais testes. Porém, dentro das condições da escolha do técnico, do tempo para conovcação e da grande expectativa levantada, foi um ótimo começo. Dá confiança e tranquilidade para todos os envolvidos no processo da Copa 2014.

Foi um verdadeiro colírio: bom para os olhos, na beleza e na medicina.

PS: E o que foi o gol de Playstation, hein? Ramires apertando triângulo e Pato apertando R1 direto, no macete, passando pelo goleiro...

Análises individuais:

Vitor - Boa atuação de um bom goleiro que não tem presepada (coisa rara no Brasil) e de ótima reposição de bola com as mãos. A sobriedade sempre faz bem à camisa 1;

Daniel Alves - Destoou. Errou passes fáceis, nervosinho, raciocínio lento. Deveria ter sido substituído por Rafael, pois seria uma alteração de jogo e pra experimentar o garoto;

Thiago Silva - Seguro como sempre, nem precisou aparecer;

David Luiz - Roubou a cena de Thiago Silva. Mostrou personalidade e recursos (chuta com os dois pés, é bom na cobertura);

André Santos - Se deixar os lances violentos no passado, como fez hoje, vai ter uma briga boa com Marcelo. Foi sua melhor atuação pela Seleção, cruzamento perfeito no primeiro gol;

Lucas - Excelente proteção à zaga, sem se tornar um eunuco ofensivo. Tem tudo pra tomar conta da camisa 5;

Ramires - Ninguém duvida de seu talento na sua real posição: segundo volante, como hoje. Lindo passe para o gol de Pato, mas tem chegado atrasado nas jogadas, desde a Copa. Tem categoria pra melhorar isso;

Hernanes - Continuou o bom trabalho de Ramires, ficando mais atrás;

Paulo Henrique Ganso - Pelo que já li e ouvi, tenho a impressão de que o camisa 10 é a nova versão de Didi e Ademir da Guia. Não precisa correr nem aparecer o jogo inteiro pra fazer diferença. Não foi uma grande partida, mas vai crescer com o tempo. Pensa muito, muito rápido;

Ederson - Coitado. Merece outra chance, por misericórdia;

Jucilei - Só deu tempo de sentir o gostinho de jogar pela Seleção;

Carlos Eduardo - Ponto pra versatilidade. Joga no ataque, no meio, na lateral, com velocidade. Mostrou um pouco disso no meio hoje;

Neymar - Acabou com o jogo. Parecia jogar uma pelada, de tão leve em campo. Renovou o contrato do drible na Seleção, partiu pra cima, fez um gol de centroavante, jogou pro time... Imprescindível;

Pato - Bom jogo, embora ainda precise de mais confiança pra assumir a camisa 9. Dois gols (um anulado) de oportunismo, que compensa suas atuais deficiências (falta de ritmo e de explosão, por exemplo);

Robinho - Ótimo jogo. Voltou pra armar, chegou à frente rodando o ataque inteiro, chutou a gol, e não ficou mal de capitão. Será que vira gente grande de uma vez por todas?

André - Ainda duvido que tenha vida fora do Santos e de seus colegas Neymar e Ganso. Mas tem idade olímpica, deve ser mais testado;

Diego Tardelli - Será mesmo que tem nível de Seleção?

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