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Foto: Paulo Fernandes / Vasco.com.br |
É curioso que o título teria significados diferentes conforme o clube. Para o Flamengo, seria fortalecer sua luta político-financeira contra a Federação. O mesmo para o Fluminense, que ainda provaria de forma rápida que há vida além da Unimed. Para o Botafogo, seria um sopro, ou melhor, uma ventania na auto-estima após o desastroso final de 2014. E para o Vasco, a chance de começar a exorcizar o complexo de vice e se reerguer sob nova-velha direção.
E parece que o curso das coisas seguiu esse script. A garotada do Botafogo ia pra cada bola como se ela fosse um prato de comida, e só essa disposição já embalou time, torcida e pegou de surpresa os adversários. Flamengo e Fluminense esqueceram que pra comprar briga com os poderosos extra-campo é preciso jogar muita bola dentro dele. E o Vasco tentando ganhar uma cara, com Doriva precisando criar receitas com o que havia na cozinha.
Com a dupla Fla-Flu falando grosso e reativando a ideia de se fazer uma Liga (ou mesmo sem isso abandonar o torneio no ano que vem, já que o Maracanã estará fechado), cada avanço dos times na competição era uma afronta à Ferj. E os clássicos, sempre eles, nos lembraram por que os estaduais ainda resistem em nossa memória e cotidiano. Afinal, não existe futebol sem zoar (ou ser zoado) numa segunda-feira.
É cinismo negligenciar a força de um torneio que reúne 51 mil pessoas num jogo que valia pouco (Flamengo 2 x 1 Vasco, no dia do dilúvio) e 66 mil na final - e isso porque o novo Maracanã encolheu. Botafogo e Vasco levaram a sério a competição, e o time de São Januário (ainda que com episódios vergonhosos, como os 3 pênaltis na derrota para o Friburguense) conseguiu dar início ao exorcismo. Eurico Miranda, o último dos caricatos vilões de HQs, riu por último.
A qualidade do futebol deixou a desejar, e nenhuma fórmula de campeonato pode resolver isso. Mas talvez ajude. E não precisamos olhar para além do Oceano Atlântico: a Copa do Nordeste conseguiu conciliar estaduais, público, renda e importância esportiva de cada competição. Os clubes que disputaram a "Lampions League" faturaram mais que os grandes do Sudeste.
E aí? Que tal seguir o exemplo pra valorizar campeonatos como o Carioca e criar mais um torneio emocionante?
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