segunda-feira, 8 de junho de 2015

Algum clube quer vencer o Brasileirão?

A pergunta não vale apenas para a edição atual. Dirigentes, jogadores e torcida costumam mencionar a Libertadores, a Copa do Brasil, às vezes até os estaduais ao falarem da expectativa de conquistas para o ano. É raro alguém mencionar o título do campeonato nacional como um objetivo declarado, no máximo arriscam dizer "uma boa campanha no Brasileirão". Por que isso acontece?


Não vou entrar no interminável debate sobre qual o melhor sistema de disputa, se mata-mata ou pontos corridos, muitas vezes temperado pelo gosto de cada um. Considero inquestionável que o formato atual forçou um mínimo planejamento por parte dos clubes, simplesmente pelo fato de exigir alguma regularidade que não seja apenas em função de playoffs eliminatórios.

Mas não vejo nos atores do esporte o entusiasmo e a adrenalina carcaterísticos de uma competição que você sonha vencer. Parece que, em relação ao Campeonato Brasileiro, os objetivos principais são:

1) Vaga direta na Libertadores
2) Vaga na "pré-Libertadores"
3) Conjugar o Brasileirão com outras competições (e não o contrário)
4) Vaga na Copa Sul-americana
5) Não ser rebaixado

É como se o Brasileirão tivesse virado um meio, e não mais um fim. Se você for campeão, beleza, tira onda e aumenta sua sala de troféus. Se não for, beleza também, há vários "prêmios de consolação" que ajudam até a disfarçar sua incompetência ou descaso - com exceção do rebaixamento. Até os erros de arbitragem se diluem no caminho, inclusive no seu aspecto decisivo.

O fato de não termos ao menos uma final que comova as torcidas trazendo aquele peso de responsabilidade, audiência centralizada, atenções de todos os torcedores contribui para o (des)ânimo geral. Fora outros fatores, como rodadas que acontecem durante datas FIFA, desfalcando os clubes; horários de jogos e transmissões para a mesma praça e tantos mais.

É triste constatar que o Brasileirão deixou de ser o que já foi um dia: "o" campeonato do país, cheio de históricas épicas e memórias que atravessam gerações. Agora parece apenas uma obrigação burocrática em meio a outras preocupações mais importantes e urgentes.

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