quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Minas há mais

Pode soar masoquista da minha parte retomar o blog depois de ontem, o dia em que a vítima da vez foi o meu Flamengo. Porém, se torço para o meu time, é porque antes disso gosto de futebol. Bom futebol, bem jogado, atualizado, com tesão e vontade de dar alegrias à torcida sem mesquinharia ou pensar pequeno. E é isso que Atlético-MG e Cruzeiro oferecem ao Brasil há dois anos, e com absoluta justiça estão na final da Copa do Brasil.


Eu não tenho mais o que dizer sobre o que tem sido esse Atlético depois do artigo do Fabio Chiorino. Esse elenco (pois já trocou de técnico 3 vezes) entendeu o que é entrar para a história. E não só os torcedores do Galo como os demais - se forem humildes pra reconhecer - podem estar certos de que estão presenciando a história. Daqui a não sei quantos anos minha geração vai falar desse time e de suas epopeias, como hoje se fala do Flamengo de 81, do Vasco de 97, do Palmeiras 93-94, do Santos de Pelé...

O Cruzeiro muitas vezes é tratado como "patinho feio" nesse contexto, mas levar o Brasileirão com o pé nas costas, vencendo estaduais e ainda chegando na reta final da Copa do Brasil por dois anos seguidos não é pra qualquer um. Raras vezes vi um clube montar um elenco de forma tão inteligente, com o troca-troca natural devido a contusões e suspensões não afetar em nada o desempenho.

Os torcedores de Minas não vão gostar disso, mas a verdade é que os dois clubes possuem atualmente muitas coisas em comum. E não à toa têm mandado (de fato e/ou de direito, fisica e/ou moralmente) no nosso futebol no período recente. Duvida?

Ambos jogam pra frente sem que isso signifique um sistema defensivo tresloucado. São poucos os jogos em que o placar é o 1x0 magro, ou mesmo 1x1. E não só do meio pra frente, volantes e zagas também possuem a vocação e o desejo de aparecer lá na frente pra conferir. Não foram poucas as goleadas aplicadas nos adversários. E futebol, meus amigos, é gol. Tite e Parreira que me desculpem.

Ambos possuem um "carrossel tático" adaptado às características de seus atletas. Qual a posição de Luan, Tardelli, Dagoberto ou Everton Ribeiro? Difícil dizer, pois estão em todo lugar, assim como seus companheiros. Leo Silva e Dedé fazem as vezes de centroavante subindo até o terceiro andar, e Marcos Rocha e Egídio são laterais, pontas ou alas? São muitas opções.

Pra completar, ambos possuem goleiros que são mais que paredões, são rochas de confiança. Por serem humanos, continuarão falhando vez por outra, mas a constância de Victor e Fábio é de dar inveja. Imagine o efeito psicológico disso em seus respectivos times.

No banco, um técnico. Qualquer um. Atlético e Cruzeiro ressuscitaram a máxima de que futebol se ganha em campo. É claro que os comandantes têm o seu papel - o de respeitar as características dos jogadores e montar o time em função deles. Além disso, confortáveis em se sentirem coadjuvantes do espetáculo. Com sua importância sim, mas proporcional. Não há estrelismos ou pose de professor em Cuca, Levir Culpi ou Marcelo Oliveira. Por sua vez, os atletas entenderam que a bola está com eles, em todos os sentidos.

E cada diretoria, à sua maneira, vai mantendo o elenco junto por mais de uma temporada, contribuindo para o entrosamento que se azeita a cada conquista. Diante dessa lista de predicados, como se espantar que o Galo e a Raposa dominem a fazenda Brasil? Pra quem gosta do futebol como ele tem que ser, tem mais é que aplaudir. Mesmo se seu time ficar pelo caminho.

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