segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

E a entressafra?

Sim, há Neymar. Mas por que a Seleção carece de um centroavante confiável? Por que não temos um camisa 10 há anos? Ou opções para a lateral-direita? Por que nossos goleiros são tão velhos? É fácil constatar que a renovação de talentos no futebol brasileiro passa por uma crise. Será resolvida?

Há quem não se preocupe com isso. Diante do caos que sempre foi o nosso futebol, a geração espontânea de talentos sempre ocorreu. As questões elencadas no primeiro parágrafo são puro alarmismo que em breve se mostrará equivocado. Prefiro estar errado, mas vamos olhar a fotografia de hoje.

Júlio César tem 34 anos e Jefferson, 27. Cogita-se em Vitor ou Diego Cavalieri para a terceira vaga. Que jovem goleiro poderia ser incorporado ao grupo para ganhar experiência? Não há, sob as balizas brasileiras, alguém 100% confiável. Rafael, ex-Santos, nunca mostrou a segurança que a posição pede.

O que dizer da lateral-direita? Desde que Jorginho se machucou na final da Copa de 94 não se pode dizer que temos um camisa 2 completo. Com todo o respeito ao capitão do penta, mas Cafu não sabia cruzar e permaneceu por mais duas Copas como primeira opção (com direito a um improvável Zé Carlos jogando semifinal contra a Holanda!).

Maicon apareceu bem mas sumiu depois de 2010 (será que reassume agora?), e Daniel Alves virou um Cafu com roupas ridículas. Desde Mano Menezes o piorzinho do Barcelona é o principal escalado para a posição. Léo Moura e Alessandro fizeram dinastia em Flamengo e Corinthians. Cadê os novos laterais-direitos, se até o volante Jean foi improvisado em dois times para a função?

E o "camisa 10"? Neymar usa o número, mas não é o meia de ligação que falamos. Nem Oscar, que faz um papel de "arco-e-flecha" de si mesmo. Kaká é o mesmo caso. Ganso ficou meses machucado sem ter a sua titularidade na Seleção ameaçada. Mas olhemos para os clubes brasileiros: quem são os "camisas 10" em atividade dignos de assim serem chamados? O último foi Alex, do Coritiba, que já chegou a seus 35 anos.

Nada é mais evidente do que a falta de um centroavante. Fred (com inúmeras contusões) só virou titular pela falta de concorrência. Se Adriano não tivesse seus problemas pessoais provavelmente daria conta do recado. No país de Ronaldos e Romários, quando é que Jô seria presença certa na Copa? Por que o carismático porém limitado Hernane é o campeão de artilharia?

É hora de levar a sério a formação de novos jogadores. O aumento de vagas para estrangeiros (de 3 para 5) vai contribuir para piorar esse quadro de revelações. Não dá para a Seleção Brasileira, pentacampeã e que já contou com Friendereich, Zizinho, Pelé, Zico e Romário (pra ficar num expoente de cada geração), ter que se contentar com uma opção "meia-boca" para cada posição.

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