segunda-feira, 4 de março de 2013

O desafio do equilíbrio

Terminei o último post apontando que o time do Flamengo 2013 ainda não havia sido testado estando atrás no placar. E isso foi acontecer logo numa semifinal, em que o aspecto emocional pra ter os nervos no lugar contam muito. Foi um jogo de baixo nível técnico em que o Botafogo mostrou aplicação tática exemplar, embora com violência desnecessária. Agora cabe ao Flamengo ter o equilíbrio de ver o que está ruim e o que está bom e tirar as lições devidas.

Dorival Junior tem méritos ao desenvolver um esquema que compensa as deficiências e potencializa as qualidades do elenco. Com jovens velocistas, armou um time letal no contra-ataque e que volta pra marcar. Porém, quando é preciso reverter um resultado, complica quando o adversário espera o Flamengo, diminuindo os espaços. Guardadas as devidas proporções, o jogo de ontem me lembrou Barcelona x Chelsea na final da Champions League, ou Brasil x Holanda na última Copa.

Júlio César tirou um gol da cartola, surpreendendo até o mais otimista dos botafoguenses, e honrando a tradição de ex-jogadores do Fla marcarem contra o rubro-negro. Foi o que definiu toda a dinâmica da partida.

Falar de arbitragem é um saco. O juiz, como tantos desse Brasil que não prepara árbitros corretamente, é ruim. Alguns marcariam pênalti de Marcelo Mattos, outros não, e duvido que um volante no meio da área seja completamente inocente ao não colocar as mãos pra trás diante de um chute. Mas não foi isso que fez o Botafogo ganhar.

Assusta a lentidão mental e física de Wallace e González. Renato Santos precisa ter novas chances, o que só demonstra que ainda não há soberania na titularidade da zaga. Hernane teve a sua chance de sempre, mas do outro lado estava Jefferson, o goleiro mais injustiçado do Brasil. Não é "da moda", não tem marketing, e tem o azar de jogar num time que não consegue se manter na mídia. Aí não consegue ser convocado pra Seleção.

Rafinha precisa encontrar um jeito de jogar sem espaços. Como tem bons passes e pensa rápido, deve treinar mais isso. E teve que aturar a companhia do "chupa-sangue-que-se-acha" Léo Moura. Carlos Eduardo ainda está muito aquém, e depois da novela da negociação e de receber "a 10 de Zico", vai ter que cortar um triplicado pra vingar. Gabriel entrou muito bem num jogo difícil, poderia começar jogando mais vezes.

Dorival teve uma recaída 2012 ao tirar Elias pra colocar Renato Abreu. Ok, o time estava sem espaços, mas a inteligência pro jogo e a velocidade pra se deslocar (e assim buscar mais espaços) do ex-corintiano era indispensável. Renato não pode entrar só pela esperança de uma falta salvadora, isso não é futebol americano.

Agora, nada me irritou mais do que a presepada final de Felipe (mais uma). O cara quase não jogou devido a um torcicolo e ia tentar fazer um gol de cabeça? Sendo que essa jogada NUNCA deu certo, nem um pouco. Felipe é tão presepeiro, mas tão prespeiro, que permanece na área até a jogada se definir. Além disso, desiste de voltar ao gol e assiste o Flamengo tomar um gol ridículo. Esse tipo de postura é nociva, e destoa do discurso da nova diretoria. Alguma chamada ou punição deveria haver.

É hora de avaliar tudo o que se passou até aqui com a cabeça fria. Por mais que os títulos sejam desejados, não se pode perder de vista que o Campeonato Carioca é um laboratório, quase um raio-x pra ver que peças contratar, e que alternativas táticas desenvolver.

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