Nesse início de ano houve uma discussão mais crítica sobre a importância dos Campeonatos Estaduais. Vozes na internet, na TV e em meios impressos, de diferentes matizes, no mínimo concordaram que essas competições têm saturado os clubes grandes.
A partir daí, muitos simplesmente querem a extinção dos estaduais, privilegiando copas regionais como as antigas Nordeste e Sul-Minas e o Torneio Rio-São Paulo. Outros admitem que os estaduais são extensos e inchados (o que se explica pela politicagem das Federações, precisando dos votos dos times pequenos). Mas, em nome da tradição, estes opinadores não acham que o melhor é o fim.
À parte essa discussão, o que se vê hoje é que o Campeonato Estadual, por se tratar de um título a ser conquistado, possui significados diferentes para cada clube e jogadores, a cada temporada.
Olhando o Rio de Janeiro: para o Vasco, é o começo de uma retomada da credibilidade perdida. Com exceção da Série B de 2009 (que muitos torcedores sequer se acham à vontade pra comemorar), são oito anos sem o lugar mais alto do pódio. Pergunte ao Corinthians e ao Botafogo o que é uma fila, e os seus efeitos no moral da torcida.
Para o Botafogo, o Carioca 2010 foi a superação de um desastre anunciado numa goleada histórica. Foi a recuperação da auto-estima, do respeito por ganhar os dois turnos e não dar chance pra ninguém. Sem o título, dificilmente o Glorioso faria a campanha que fez no Brasileirão.
Para o Fluminense, emendar o título brasileiro com mais outro em seguida pode gerar uma empolgação exponencial para a Libertadores, contagiando time, torcida e mídia.
Mesmo o Flamengo, que desde 1999 venceu seis vezes o Carioca, ganhar novamente em 2011 é o sepultamento do fracasso do ano passado. No caso rubro-negro, a importância do torneio se individualiza: para Luxemburgo, é voltar a ser campeão depois de dois anos - período longo de jejum para o que está acostumado. Para Ronaldinho Gaúcho, a certeza que veio pra somar dentro de campo, com graça e também resultados.
E assim, ano após ano, os Estaduais conseguem renovar o seu interesse de público e crítica. No entanto, é ponto pacífico que eles precisam ser mais rentáveis para os clubes grandes e menos extensos. Não faz sentido disputar final de estadual às vésperas de um jogo de oitavas-de-final da Libertadores já em abril.
Assim, acredito que o segredo é criar um calendário que faça os grandes jogarem mais entre si. Ou de maneira mais decisiva. Os clássicos sempre vão render buxixo, audiência, retorno de mídia, patrocínios, motivação no campo e na arquibancada. Essa foi a receita de Mario Filho, há mais de 50 anos, quando o jornalista se reuniu com os dirigentes cariocas para revitalizar o Estadual do Rio.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
A perenidade dos Estaduais
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