quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os opostos, o carisma e o iluminado


Era noite de emoção para as duas maiores torcidas do Brasil. Enquanto o Flamengo contava as horas pra festejar Ronaldinho Gaúcho em campo, o Corinthians seguia com Ronaldo para vencer, antes de tudo, o seu próprio nervosismo para passar pelo Tolima e manter viva a Libertadores.

No Brasil, estádio lotado, mosaico, de novo a Gávea volta a ter um camisa 10 de renome, na teoria e na prática. Mas como seria sua volta aos gramados? Fama de baladeiro, chopinho na quadra do samba, muito oba-oba...

Na Colômbia, estádio cheio (não lotado), gramado ruim, camisa 9 que há mais de um ano vive só da fama, engabelando técnicos e torcida, parceiro do marketing e de um presidente falastrão.

Ronaldinho correu, buscou o jogo, deu carrinho, fez suas jogadas de efeito. O Flamengo, desentrosado e ainda desequilibrado entre ataque e defesa, suava pra não levar um susto do quarto melhor time do Rio neste início de estadual.

Ronaldo não conseguia tirar o zero do placar, pênaltis à vista.

O Flamengo botava o coração na ponta da chuteira pra festa não virar pesadelo, não virar mico. O Corinthians se virava pra driblar a redução de seu elenco pro sonho não virar mico.

O Flamengo martelou, tentou, chutou pra fora, substituiu, pressionou. Ronaldinho caiu bem como capitão, se movimentava, incentivava o time, levantava a torcida num "vamoporra!" clássico. Devido ao cansaço, fixou-se na faixa esquerda do campo, deu passes açucarados para finalizações amargas. Cadê a farra, o chinelinho, que mostrariam um R10 se arrastando em campo?

Talvez estivesse em Ibagué, quando o Timão levou um, depois outro. Assistindo tudo lá da frente da outra meia-lua, talvez.

Mas o iluminado nem sempre é o que está debaixo dos holofotes. Assim foi com Fio Maravilha, Nunes, Cocada, Adriano Gabiru, Bujica, Tupãzinho... e Wanderley.

Fim de jogo, estádio ovacionando, hora certa daquela saidinha rápida do gramado depois de ouvir as babaovices dos microfones.

Antes disso Ronaldinho faz questão de cumprimentar Wanderley, o homem que garantiu a sua festa. Depois, agradece a cada canto do estádio, reverencia de volta, mareja os olhos. Quando os homens-óbvios empunham seus instrumentos captadores, flagram um craque que parece ter reencontrado um motivo para ser feliz em campo.

Foi só um jogo do Carioquinha 2011. Mas pergunte ao corintiano se ele não gostaria de trajar vermelho e preto no Engenho de Dentro hoje.


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