domingo, 12 de dezembro de 2010
A saia justa de Conca
Sabe aquela do marido traído que, ao descobrir a esposa com o amante no sofá, resolve tomar uma atitude pra resolver a questão? Ele tira o sofá da sala e acha que fez o que tinha que fazer. Foi a mesma situação que o argentino Conca provocou ao se destacar como o melhor jogador em atualidade no Brasil, inclusive trazendo resultados, como o título de campeão brasileiro.
Com Paulo Henrique Ganso no estaleiro até 2011, a pergunta que ficou no ar (e que foi respondida pelo atleta portenho) é: quem mais pode ser considerado um autêntico camisa 10 nos gramados tupiniquins?
Outros dois argentinos foram lembrados, como Montillo e D'Alessandro. Mas eles não são aqueles meias-armadores que deixam os atacantes na cara do gol enquanto permanecem no círculo central. Os jogadores de Cruzeiro e Internacional carregam a bola até o ataque, para aí sim dar a assistência final e até mesmo concluir com a bola na rede.
É claro que Conca também aparece na frente e faz seus golzinhos, mas seu estilo de jogo é levantar a cabeça e dar aquele passe milimétrico que deixa qualquer defesa "vendida". O meio-campo tricolor não corre, e nem precisa: faz a bola correr pra onde quer.
Então, depois de ganhar todos os prêmios possíveis e imagináveis pelo seu desempenho em 2010, outra pergunta ficou no ar mas ninguém ousava pronunciar. Até que o próprio Conca resolveu se naturalizar brasileiro. Deixou a imprensa esportiva de saia justa, praticamente obrigando-a, muito a contragosto, a levantar o tema: o argentino tem vaga na Seleção Brasileira atual?
As reações foram como a do marido traído. Teve jornalista que chegou a dizer que há outros melhores que Conca, como Lucas, do São Paulo, ou Bruno César, do Corinthians. Ah, o jornalista era do Estadão...
O constrangimento grassava no ar. Afinal, o Brasil está sem um autêntico camisa 10, com exceção de Ganso. Isso ficou claro para o mundo quando Mano Menezes tentou Ronaldinho Gaúcho e o pobre-coitado Douglas na posição - diante da Argentina, vejam só. O próprio treinador foi mais sincero do que muita gente.
São muitos os motivos que nos trouxeram a essa situação (não ter um camisa 10): falta de trabalho na base, mau aproveitamento dos potenciais armadores quando chegam ao time profissional, êxodo recente.
Mas a resposta que ninguém admite dar é que Conca tem sim, lugar na Seleção, por nada mais, nada menos que atender a uma carência (talvez momentânea). Não é porque ele é argentino que vou deixar de admitir essa verdade escancarada.
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