terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Desperdício é isso aí


"Não rasgue o bilhete premiado da loteria!"

Assim o ex-craque e hoje comentarista Junior, olhando para a câmera, se dirigia a Jobson. O Globo Esporte tinha acabado de apresentar mais um relato sobre mais uma indisciplina da jovem promessa. O Cronista Esporte já abordou muito bem a questão de como os atletas jogam fora suas carreiras, usando como exemplo o atacante do Botafogo.

Mas queria falar de outro tipo de desperdício, talvez mais imperdoável do que o de Jobson e outros aspirantes a craques. Porque esses ainda têm o atenuante de serem jovens, ficarem mais facilmente deslumbrados, não saberem direito o que está em jogo - o que não os exime da responsabilidade.

Pior é quando um jogador já experiente e talentoso, com chance até de se firmar na Seleção Brasileira, parece fazer pouco caso do dom que recebeu. Por motivos diferentes, também rasgam seus bilhetes premiados.

Felipe, atualmente de volta ao Vasco, é um deles. Dono de um dos melhores passes do Brasil, depois de se destacar no meio-campo do Flamengo, chegou à Seleção. Mas os "chinelinhos", as indisciplinas e a falta de vontade para levar a sério sua profissão o reduziram a um injusto (no que diz respeito ao talento) exílio no Qatar.

Porém ainda há exemplos gritantes, como Adriano e Carlos Alberto. Desde o ocaso de Ronaldo a camisa 9 da Seleção está vaga. Luís Fabiano teve que superar muitas desconfianças para se tornar intocável com a amarelinha. E foi muito ajudado pela displicência do atacante da Roma, de quem sempre foi banco.

O tempo foi passando (e ainda está!), até Grafite foi pra Copa, Alexandre Pato não parece ser o matador característico... E o que faz Adriano? Briga com a Roma, faz molecagem, deixa-se levar pelas possibilidades de retorno aos clubes brasileiros... Se despertasse de uma vez por todas, nunca o "poste" Borrielo seria titular no clube romano. E ainda não surgiu outro centroavante para o Brasil. Até quando Adriano vai ficar brincando com a sorte?

O mesmo para Carlos Alberto. Abstraia a fama que ele criou e sua inconstância. A verdade é que o meio-campo do Vasco sabe armar o jogo, dar passes milimétricos, é difícil tirar a bola dele. Ou seja, sabe jogar. Com a ausência de Ganso, falta um camisa 10 na Seleção. Se Carlos Alberto acordasse, poderia ao menos sonhar com essa possibilidade.

Além disso, é destro. Talvez jogasse até com Ganso, dependendo da situação de jogo. Ou seria um reserva imediato (se até Douglas foi testado...). Mas parece satisfeito em ficar metade do ano sem jogar e com o currículo que acumulou até o momento. Não se vê em Carlos Alberto, ainda com 25 anos, o brilho nos olhos de jogar pela Seleção.

Pra mim, esses são os casos mais emblemáticos dessa malemolência preguiçosa que não permite o despontar de carreiras vitoriosas como poderiam ser. Adriano e Carlos Alberto, se esforçando um pouco, conseguiram trazer títulos nacionais para seus respectivos clubes sendo os principais jogadores. O que não fariam com disposição total?

E você? Lembra de outros casos clássicos de desperdício?

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