segunda-feira, 3 de junho de 2013

Essa é a nossa Seleção

Foto: Agência Efe
"Ficaremos divididos entre ufanistas e corneteiros?", dizia um tweet durante o Brasil x Inglaterra. De fato, é complicado analisar o futebol da Seleção se a tônica for escolher um desses extremos e dali não arredar pé. O elenco que vai para a Copa das Confederações (e que é base pra Copa do Mundo) é um reflexo do momento do nosso futebol - da comissão técnica ao ponta-esquerda (que não existe mais). Não sou fatalista, vejo esperança mas também riscos nas "enganações de grife" que vestem a amarelinha.


Se passamos por renovação forçada quanto aos jogadores, esse movimento ainda caminha a passos de cágado quanto aos técnicos. Taí o mesmo Felipão de 2002 à frente do escrete canarinho. "Mesmo" é a palavra, pois não dá pra enxergar mudança no modo de ver futebol de Scolari nesses 11 anos. A prova é que todo comentarista tenta explicar como funciona o Brasil de agora dizendo "na cabeça de Felipão fulano é o cicrano de 2002".

(Felipão, Muricy, Abel, Joel Santana já se encontram no canto do cisne. Urge que dêem passagem para Cuca, Caio Júnior, Marcelo Oliveira, Dorival Júnior, Mano Menezes. Tite me parece a transição entre as gerações e modos de ver futebol. E precisamos acabar com a xenofobia e permitir que Jorge Sampaoli, Marcelo Bielsa e outros oxigenem nossas comissões técnicas.)

No primeiro tempo vi dois progressos: o Brasil sabendo jogar contra uma retranca e Neymar mais pelo centro porém liberado para "flanar" e chegar perto do gol. Apareceu como há muito não se via pela Seleção, e quase fez um golaço. Isolado na ponta-esquerda no segundo tempo, voltou a sumir.

Oscar é o futebol de salão em campo, cria jogadas a partir de espaços mínimos. Podia dar umas dicas para Neymar, às voltas com marcação pesada. Paulinho e Hernanes dão mil opções para o time, mas Felipão não vai abrir mão de Fernando a fim de proteger mais a zaga - sem treinos, fica difícil "adestrar" os volantes ofensivos a tempo.

Hulk, cada vez mais Gracyanne Barbosa, pode ser útil pela explosão física, e costuma fazer gols em momentos difíceis. Entendo a preferência popular por Lucas, mas esse ainda não disse a que veio na Seleção e é mais um prejudicado pela falta de treinos. Fred é o matador que precisávamos - tem muito mais faro de gol que Pato. Será bom Leandro Damião ir como reserva pra pegar experiência.

O grande risco é termos tantas "enganações de grife" num setor crítico como a defesa. Júlio César joga num time que foi rebaixado - a própria Inglaterra, na última Copa, sofreu com um goleiro que não era de time grande. Vive do passado pré-2010. A experiência conta, mas sem o reflexo e a acuração necessários para um goleiro, não dá. E Jefferson tendo que assistir tudo isso sem sequer ter chance de mostrar seu valor.

Daniel Alves é o jogador que mais irrita, com marra proporcional ao número de passes errados. Por jogar no Barcelona e servir Messi, se acha o último biscoito do pacote. O pior é que em certo sentido é mesmo, pois parece ter caído um meteoro no planeta dos laterais-direitos. A avenida Daniel Alves aproveita-se disso.

E David Luiz? Esse é a maior enganação de todas. Há quem diga que, se não tivesse aqueles cabelos, nem seria lembrado. Um dia disseram que aquele zagueiro do Benfica merecia estar na Seleção e até hoje essa crença não foi revogada. Marca de longe sempre que o atacante parte pra cima, não se impõe. E como um zagueiro do Chelsea não sabe marcar Rooney? Dante, Réver, Dedé... Qualquer um menos o Sideshow Bob!

Acredito que a Seleção pode melhorar, mesmo se mantiver o elenco que está aí. Numa Copa em casa, a chance do anfitrião fazer uma boa campanha é maior se a torcida abraçar o time, seja ele qual for. Mas nesses tempos em que o alienado do futebol paga 500 pratas pra ver malabarismo, sei não...

Um comentário:

Marcos André Lessa disse...

Nem acho que é jogador de empresário, Ricardinho. A safra tá ruim, mesmo....