sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ao torcedor, o que ele merece

De todas as repercussões da publicação do perfil de Ricardo Teixeira na revista Piauí, a que mais me espantou foi o protesto que as torcidas organizadas estão organizando para a próxima rodada do Brasileirão. O espanto se dá em duas frentes: 1) torcidas organizadas unidas por uma causa; 2) a causa ser um protesto político.

Ricardo Teixeira não imaginava que uma revista mensal de classe média, com páginas e mais páginas de texto, pudesse ser tão citada por aí afora. Ser amigo da Globo ajuda em muitas coisas, mas não se pode ignorar a presença das redes sociais espalhando informações. É assim que muitos protestos coletivos começam a surgir - vide o mundo árabe e a Inglaterra. Foi assim que tanta gente ficou sabendo do que ele falou.



Outra peculiaridade é que Teixeira encarna o estereótipo do vilão: assumidamente mau caráter, só pensando em se dar bem, esbanjando dinheiro e se achando intocável. Eurico Miranda também aparecia assim na mídia. Fica mais fácil se revoltar contra uma pessoa asquerosa do que contra toda uma ideologia dissimulada em carinhas simpáticas.

A farra nas obras da Copa, com a dinherama pública e notória sendo mal utilizada, já irrita boa parte dos brasileiros. Mesmo quem estava neutro na questão passou a se posicionar contra. E quem se arvora como "o cara" da Copa, repartindo isso no máximo com o assessor de imprensa da CBF e com sua família? Ricardo Teixeira, com registro na Piauí.

Penso que é preciso começar a refletir sobre algo que o Rica Perrone já levantou faz tempo: Ricardo Teixeira é o problema? Mas quem o reelege há 20 anos? Ver a amizade do dirigente com Patricia Amorim e Andres Sanchez dá uma pista do que é sabido: os presidentes de clubes elegem os presidentes de federações estaduais, que elegem Teixeira.

Se Teixeira cair, talvez entre outro que seja menos vilanesco, porém com a mesma essência. Ou não teria a confiança dos seus eleitores, que têm muito a perder com uma gestão decente do nosso futebol.

Assim, será que as torcidas organizadas cobrariam também dos presidentes dos seus clubes a responsabilidade que lhes cabe? Ou é mais fácil chamar jogadores de mercenários depois de uma derrota?

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