segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Romário no Botafogo



Começa a temporada 2010 do futebol brasileiro e os clubes vão anunciando os seus reforços. Esperanças renovadas, torcida dando crédito e todo mundo querendo ver no que vai dar.

O que mais me chamou a atenção nessas contratações foi a repercussão da chegada de “El Loco” Abreu ao Botafogo. O segundo maior artilheiro da seleção uruguaia, de 33 anos, teve calorosa recepção no Rio de Janeiro. No dia seguinte, o clube já vendia camisas promocionais enquanto o atacante posava com o eterno Zagallo, já que vai herdar a camisa 13.

“Não era para isso tudo não. Mas carência é fogo!”, resumiu bem um amigo botafoguense. O escritor Sergio Augusto destacou a mesma coisa em artigo da revista da ESPN. Os ídolos rarearam em General Severiano, e é preciso retomar essa tradição. Até para a sobrevivência: pesquisas apontam o envelhecimento da torcida do Botafogo.

Mas eu vou além: o Botafogo não precisa somente de ídolos, mas de uma pitada de “marra”. A imagem do depressivo Cuca e do “chororô” fizeram mal ao clube, de uma maneira mais profunda que se possa imaginar. Cristalizou-se no inconsciente coletivo a idéia do “Foguinho”, o apequenamento dos sonhos do time em qualquer competição.

A partir daí, as diretorias contribuíram para a sedimentação dessa imagem para dentro de seus domínios. Nunca mais contratou jogadores com personalidade de time grande e vencedor. Todos os que chegavam tinham pés-no-chão até demais. Só almejavam uma boa campanha, nada além disso. É pouco para um dos grandes do Rio, mas ninguém lá pensava assim.

Quando Maicossuel ressuscitou seu empolgante futebol no Botafogo, ali parecia a hora da virada: melhor jogador do Carioca 2009, goleada no Vasco, defesas adversárias assustadas. Mas em maio o meio-campo seguiu para a Alemanha e o clube voltou ao que era antes. E em todos esses momentos a auto-estima da torcida acompanhou o ritmo.

O Botafogo precisa de jogadores com vontade de vencer e ganhar títulos, é certo. Mas também precisa de provocadores, de gente que reanime a gana da torcida. Atletas que não deixem barato as zoações, respondendo dentro e fora de campo. Que não admitam o tal apequenamento. A contratação de “El Loco” foi o primeiro grande passo dado nesse sentido.

Não que o uruguaio seja um fenômeno. Porém pode ser o início da mudança psicológica que o time precisa. Ainda há muito a fazer: contratar mais gente confiável, em breve trocar o técnico – se Estevam Soares der certo em 2010, ótimo. Só que também tem o hábito da murmuração, o tipo de coisa que o Botafogo não pode mais reproduzir.

2 comentários:

André Marques disse...

Pois é, Marcos. O seu amigo botafoguense aqui (rs) concorda. O Botafogo realmente precisa de jogadores com mais raça, que tenham espírito de vencedor e que não gostem de perder.
Hoje o grupo do Botafogo é, em sua maioria, formado por jogadores fracassados, que nunca ganharam nada em lugar nenhum e por isso estão acostumados à derrota. Você lembrou muito bem do Maicosuel. Ele poderia ter marcado uma virada. Porém, sua saída rápida foi ruim, não apenas pela perda do jogador em si, mas também porque marcou o retorno do Lúcio Flávio. O grande símbolo do fracasso. Um jogador que foi reserva durante toda a carreira, mas que no Botafogo é titular inquestionável.
Como eu sempre falo com você em nossas conversas, acho que essa base que vem perdendo desde 2007 já deveria ter sido desfeita. Os caras já estão conformados, perder é normal. Pelo menos o Juninho já foi.
Claro que o problema do Botafogo não é apenas de jogadores, mas sim de todo departamento de futebol. Afinal, Eduardo, um jogador que em 2009 nem no banco ficava, começar 2010 como titular em posição para qual chegaram novos jogadores, indica que tem algo de muito errado aí..

Marcos André Lessa disse...

Fonte identificada!!!! rs