sexta-feira, 15 de julho de 2011

Haja paciência!


Oito ou oitenta. Parece que o mundo navega entre esses pólos, seja qual for o assunto. Inseridos na cultura consumista e imediatista, da satisfação pessoal agora e já!, descartamos os processos de maturação pelos quais todos nós passamos.

A Seleção Brasileira atual não está jogando mal como se diz. Como a memória nunca é nosso ponto forte em momentos de paixão impulsiva, lembrem que os eleitos de Dunga já empataram com a Venezuela, os de Felipão perderam pra Honduras, os de Parreira perderam pra Bolívia...

São muitos os exemplos de atuações bem mais vexaminosas e preocupantes da Seleção. E o que isso significou mais pra frente? Nada que fosse consequência direta dessa fase. Felipão levou a Copa, Dunga perdeu. Parreira levou nos pênaltis.

O denominador comum a todos esses momentos acontece também agora: todas essas Seleções Brasileiras foram amadurecendo com o tempo. Por mais que você discorde da filosofia de trabalho de cada treinador, não há dúvida que, com o tempo, os times foram ganhando uma "cara".

Eu me pergunto por que tanta pressa pra Mano Menezes e cia. serem perfeitos. Ok, entendo que é uma grande expectativa diante da qualidade atual dos jogadores. Mas o Brasil de 1958 começou a Copa com Pelé e Garrincha no banco. O de 1970 garantiu a ida ao México num 1 x 0 suado contra o Paraguai, num Maracanã lotado. E vocês acham que a mítica Seleção de 82 se fez da noite pro dia?

Vamos baixar a bola. Pela primeira vez, podemos dizer que há qualidade em TODOS os setores do time. Volantes que não só marcam como tocam bem na bola, versatilidade do meio-campo pra frente... Saudades de Mauro Silva, Felipe Melo, Doriva, Afonso Alves?

Concordo com o capitão Lúcio: apesar disso tudo, é preciso seriedade. E raça. Sem esses dois atributos, não há talento que se sustente. A displicência de Daniel Alves e Robinho não se justifica. Nesse ponto devemos cobrar desde já.

Mesmo que sejamos desclassificados domingo, o trabalho de Mano está em processo. E ainda nesse patamar, dá gosto de ver uma Seleção que não briga com a bola. É muito talento junto, com um técnico que quer investir nesses talentos. Não é isso que pedimos desde sempre?

Aí vem o oito ou oitenta, no quesito paciência. Uma geração mimada que tem tudo à mão não aguenta esperar. É o que nós somos nesse começo de século 21, e projetamos essa personalidade em tudo - até no torcer pela Seleção.

Parece que Ganso e Neymar assinaram um contrato escorchante para jogar o fino durante os 90 minutos de todos os jogos. Na primeira balançada dos dois, já os descartamos. É nossa verve consumista falando alto. #foraneymar nos Trending Topics depois de dois jogos ruins do atacante é dose cavalar.

E pior que as viúvas de Dunga são as noivas de Muricy.

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