quinta-feira, 6 de junho de 2013

Negar é pior

Sim, o Brasil pode ser campeão em casa no ano que vem. Tudo pode acontecer no esporte que teima em desobedecer a lógica quando menos esperamos, ainda mais numa competição de tiro curto como a Copa do Mundo. Mas ganhando ou não, precisamos admitir: o futebol brasileiro vai mal. Sem fatalismos ou eurocentrismos, precisamos aceitar o quanto antes a nossa condição para ir em busca do remédio. E não tentar fingir que está tudo bem andando de muletas e com o supercílio aberto.


Por que não conseguimos vencer uma Seleção de ponta há quatro anos, nem mesmo em amistosos? Quando muito empatamos sôfregamente. Sem ufanismo, analise o que você diria da Itália ou da Alemanha se o mesmo ocorresse com elas. No mínimo, que alguma coisa está errada.

Por que não conseguimos fazer boas campanhas nas categorias de base da Seleção, que no mínimo sempre chegava às finais?

Por que não conseguimos formar novos jogadores enquanto a geração 2006/2010 amadurecia? Por que tivemos que apelar para um garoto de 19 anos, pretenso craque solitário, para COMANDAR uma Seleção Brasileira profissional?

Por que não conseguimos mais formar craques incontestáveis em várias posições? Por que não formamos jogadores com poder de decisão, de chamar a responsabilidade pra si, que se orgulhem de dizer "dá aqui que eu resolvo"?

Por que não temos meias-armadores, cabeças pensantes no meio-campo? Por que o preparo físico virou um fim em si mesmo, e não um apoio vital para o talento, esse sim insubstituível?

Por que nossos técnicos não têm a humildade de estudar futebol, se reciclar, abrir a mente, buscar novos caminhos, serem educados com as pessoas em geral?

Por que técnicos e torcida se conformam em ganhar de 1x0 com pobreza futebolística e vencer títulos que não trazem nenhum brilho, nenhuma memória inesquecível?

Por que o jornalismo esportivo ainda é tão amador, a ponto de repórteres e comentaristas irem trabalhar sem o menor preparo e conhecimento sobre os assuntos, coerência, humildade e respeito pelo seu público?

Por que aceitamos passivamente que o Ministério do Esporte aceite passivamente o que a CBF e as federações (apoiadas pela omissão dos clubes) fazem com o esporte nacional, que representa o país e pode ajudar a reduzir a desigualdade social e a violência juvenil?

Aí você me pergunta: "Ok, e as respostas? E as soluções pra tudo isso?". Bom, tudo começa encarando honestamente as questões acima, na disposição de resolver. A primeira escolha é aceitar ou não a realidade descrita neste post, repito, sem ufanismos ou fatalismos.

ATUALIZAÇÃO - Pelo visto, a fase da negação está forte:

Discurso da Seleção revela dificuldade de admitir mau momento


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